Seja por meio do Pix, do cartão de crédito ou do pagamento por aproximação do celular, a digitalização do dinheiro já é uma realidade do nosso dia a dia. Mas, o mercado financeiro não para de inovar e a bola da vez são as criptomoedas, esse dinheiro digital, sem autoridade central de emissão ou regulação e que usa a a criptografia para garantir a realização de transações. Segundo Letícia Piccolotto, colunista de Tilt, o Brasil está entre os cinco países do mundo com maior número de investidores em criptomoedas. São mais de 10 milhões de brasileiros, algo em torno de 5% da população, número que deixa o país atrás apenas de Índia, EUA, Rússia e Nigéria. Para se ter uma ideia, o número de investidores brasileiros em criptomoedas supera o mercado de ações brasileiro, que possui cerca de 4 milhões de participantes na B3. Mesmo assim, em termos financeiros, o Brasil ainda representa uma pequena participação, de cerca de 2% do mercado mundial, que foi de US$ 3 trilhões, em 2021, segundo o Coinmarketcap, principal monitor global. Por aqui, a captação, segundo o site CoinTrader Monitor, foi de R$ 103,5 bilhões, um crescimento de 400% frente ao ano anterior. E vários sinais apontam que o ritmo de crescimento deve continuar acelerado em 2022. O Projeto de Lei 2.303/15, que regula o setor de criptomoedas no Brasil, avançou na Câmara e está agora no Senado como Projeto de Lei 3825/19. Com a aprovação, acredita-se que os investidores terão mais segurança e maior controle sobre os prestadores de serviços de cripto. Piccolotto conta que outra tendência é a das stablecoins. Esse tipo de moeda digital, emitida pelas autoridades monetárias de cada país, se iguala às moedas fiduciárias porque tem lastros em ativos mais estáveis — como ouro, dólar ou euro — reduzindo assim a volatilidade de ativos digitais no mercado de criptomoedas. No Brasil, o Banco Central vem acompanhando o tema e, em agosto de 2020, organizou um grupo de trabalho para a realização de estudos sobre a emissão de uma moeda digital pela instituição. O Real Digital deve ter um piloto no segundo semestre deste ano e já tem uma estrutura de como será montado. Na China, as stablecoin já são realidade. O país passou de maior polo de mineração de bitcoin do mundo para a total proibição da atividade e de qualquer outra transação com criptoativos. Em paralelo a essa estratégia de banimento de ativos descentralizados, o governo chinês faz testes com o yuan digital, uma moeda centralizada disponibilizada à população em caráter de teste. A moeda digital já foi testada em várias cidades chinesas e foi usada em transações que totalizam mais de US$ 8 bilhões no segundo semestre de 2021. Para Piccolotto, no futuro, criptomoedas, NFTs e CBDCs devem coexistir de forma fluida e ainda mais integrada, uma podendo ser convertida em outra com poucos cliques. A previsão é que haja um grande ecossistema que reunirá instituições financeiras tradicionais, bancos centrais, varejo e usuários, normalizando e proporcionando carteiras digitais capazes de armazenar diversos tokens. "Os desafios para a implementação e segurança das criptomoedas ainda são persistentes, mas já não há dúvidas: precisamos nos preparar para um futuro no qual o dinheiro, também, será digital" |