A vez que a Atari demitiu Bill Gates
Victor Campos Ferreira
Do Gamehall, em São Paulo
15/07/2017 11h47
Apesar de seu estado atual, a Atari foi uma das empresas mais influentes e importantes da segunda metade do século XX, sendo uma precursora do que viria a ser o grande polo tecnológico do Vale do Silício.
A companhia também é conhecida por empregar várias pessoas que se tornariam grandes nomes dentro da indústria tecnológica. Um dos exemplos mais famosos é o do jovem Steve Jobs, cujo tempo na empresa ficou marcado por histórias bizarras, desde seu hábito de não tomar banho até mentir para seu amigo Steve Wozniack sobre o pagamento para o game "Breakout", que basicamente desenvolveram juntos.
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Mas outra figura importante do mundo tecnológico também fez (brevemente) parte da história da Atari: Bill Gates.
Reza a lenda, Gates e sua pequena empresa de programação, a Microsoft, foram contratados em meados de 1978 para trazer sua versão da linguagem de programação BASIC ao computador Atari 800.
(Acredite ou não, a Atari não produzia apenas videogames e fliperamas, embora este fosse seu foco principal)
Após cerca de um ano no projeto, ficou claro que a Microsoft não estava conseguindo portar sua versão de BASIC para a estrutura do computador. Alan Miller, um dos principais designers e programadores da Atari, decidiu por demitir Gates e sua empresa e trocá-la por outra pessoa - possivelmente a única pessoa na história a fazer isso.
David Crane, outro programador da companhia de games, criou sua própria teoria sobre o caso.
"Então, embora Al seja a única pessoa que eu conheça a ter demitido Bill Gates, suspeito que ao invés de trabalhar na Atari BASIC, ele tenha investido este tempo no DOS para a IBM", disse Crane em uma história oral da empresa feita pelo site Gamasutra. "Provavelmente não foi uma má escolha por parte dele, você não acha?"
Miller, que anos mais tarde fundou a Activision junto com Crane e outros designers e programadores, chegou até a dizer que o sistema operacional criado para o Atari 800 era significativamente melhor do que o DOS.
"Era parecido em termos de complexidade com o QDOS - o sistema operacional que a Microsoft licenciou alguns anos depois do Seattle Computer Products e renomeu MS-DOS para os computadores pessoais da IBM", disse. "Por outro lado, o Atari OS era muito melhor desenvolvido em termos de 'user friendliness' e tinha um subsistema de gráficos muito, muito mais rico e com menos bugs."
Como você pode imaginar, a Microsoft teve muito mais sucesso no mundo de sistemas operacionais do que a Atari. Ainda assim, Miller pode ao menos dizer às pessoas que ele já botou o futuro homem mais rico do mundo no olho da rua.