Cosplayer brasileiro cria armadura arrojada com ajuda de impressora 3D
Pablo Raphael
Do UOL, em São Paulo
27/01/2016 16h32
Impressoras 3D não são nada baratas, mas aos poucos vêm ganhando entusiastas, que as utilizam para produzir estátuas de seus personagens favoritos e outros objetos decorativos. É o caso de Eduardo Pimentel (30), servidor público de Brasília (DF), que decidiu imprimir um cosplay para participar da CCXP no final de 2015.
Usando sua impressora 3D, Eduardo produziu o traje de Arthas, o Lich King, popular personagem do game "World of Warcraft".
O processo levou cerca de oito meses. "Fiz desde a edição do modelo para a impressão 3D, até a finalização com pintura automotiva e os detalhes em tecido e couro", conta Eduardo ao UOL Jogos. "O prazo foi grande porque eu trabalhava em projetos paralelos. Hoje eu conseguiria fazer a armadura na metade do tempo".
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O processo de impressão das peças é a parte mais trabalhosa, tanto pelo conhecimento técnico necessário quanto pela infraestrutura que um projeto deste porte exige. A armadura de Lich King construída por Eduardo conta com mais de 100 partes, fundidas para funcionar como um traje completo. Só a espada, uma réplica da Frostmourne de "Warcraft", é formada por 12 partes diferentes.
Depois da impressão, Eduardo ainda cobriu a armadura com massa automotiva e lixou tudo várias vezes, para remover as marcas da impressão. "É quase o mesmo processo utilizado na restauração de carros", explica. A semelhança com a restauração automotiva é notável também na hora de pintar o traje. "Eu uso poliuretano automotivo pela gama de cores e tons metálicos".
"Minha armadura foi pintada duas vezes. Uma com os tons do jogo, mas já em cima da hora para a CCXP, eu decidi alterar as cores para o Action Figure da DC Unlimited, pois parecia mais real o tom de metal, dai que repintei o fundo e consegui fazer um efeito de metal 'bem surrado'. Ficou bem real".
A brincadeira não foi nada barata: além da impressora 3D (que custou cerca de R$ 4 mil), Eduardo estima ter gasto cerca de R$ 3 mil com os insumos, como os filamentos, tintas, primers, vernizes e energia.
Mesmo assim, ele já está animado para o próximo cosplay: "Vou seguir novamente a linha de games e a próxima armadura saiu diretamente do jogo 'Destiny' da Bungie. Farei o Titã com seu conjunto de Osíris e algumas armas exóticas e lendárias".
A previsão de Eduardo é finalizar a nova armadura em junho. "Quero ir com ela na BGS e CCXP 2016".
Encarando a Comic-Con Experience de armadura
O Lich King foi a primeira experiência de Eduardo como cosplayer e não foi pouca coisa: ele não só esteve na CCXP, mas também participou do concurso de cosplay promovido durante o evento em São Paulo. Sozinho e com uma armadura que pesava 12 Kg, o brasiliense precisou praticar bastante para entrar e sair do traje por conta própria.
"Cheguei de táxi no São Paulo Expo, já usando a armadura, e tive que andar uma légua para achar a entrada certa", conta Eduardo. "Mas quando cheguei nas filas e as pessoas começaram a apontar e gritar: 'Caraca, é o Arthas!' eu quase morri de vergonha. Mas aí decidi aproveitar, a vergonha passou e encarnei o personagem. Fiz questão de tirar fotos com todos que pediram".
Cosmaker 3D
Entusiasta da impressão 3D, Eduardo produz acessórios sob encomenda, com réplicas de itens de jogos como "Destiny", "Fallout" e "Halo", assim como do seriado "The Walking Dead" e do anime "Cavaleiros do Zodíaco".
O preço varia conforme a peça e o tipo de pintura e Eduardo não fala em valores, mas admite que o hobbie pode ser lucrativo. "Também faço vários acessórios para cosplay, mas ainda não tive nenhuma encomenda de armadura completa, só a minha mesmo. Eu fiz o caminho inverso da maioria, virei cosmaker [pessoa que fabrica os trajes e acessórios] antes de ser cosplayer".