Problemas online e atrasos marcam descaso da Nintendo com 3DS no Brasil
Claudio Prandoni
Do UOL, em São Paulo
29/05/2014 16h16
Que o Wii U passa por maus bocados não é novidade alguma. Desde que saiu, em novembro de 2012, o videogame da Nintendo pena para emplacar.
Ao menos, o portátil 3DS ajuda a equilibrar as contas da casa, apresentando vendas consistentes de aparelhos e jogos e novidades constantes. Quer dizer, isso lá fora: aqui no Brasil, até o pequeno videogame começa a sofrer com o descaso e falta de ação da Nintendo no mercado brasileiro.
Há pouco mais de oito meses é impossível para muitas pessoas comprar conteúdo na loja online eShop. Isso porque a Nintendo não se adequou à regulamentação bancária que impede que cartões de crédito de certos bancos, como Bradesco, Itaú e Santander efetuem operações em lojas online que apresentam preços em reais, mas cobram em dólares.
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Problema este que Microsoft e Sony resolveram em menos de dois meses, mas a Nintendo até agora não conseguiu contornar. Em mais de uma ocasião perguntamos à empresa por que ainda não conseguiu solucionar a questão, mas em todas as vezes ela preferiu não responder.
Atrasos de jogos em cartucho passaram a ser outro problema recorrente. Até o início deste ano, o 3DS gozava de muitos lançamentos simultâneos às datas americanas, como aconteceu com "Pokémon X" e "Y", por exemplo.
Porém, de lá pra cá isso deixou de acontecer e, pior ainda, sem qualquer tipo de notificação por parte da Nintendo. Jogos atrasam sem motivo e aviso, aparecendo 'de repente' nas lojas. Algumas 'vítimas' recentes disso são "Bravely Default", "Yoshi's New Island" e "Kirby Triple Deluxe".
Baseball > Futebol?
Por fim, há certas decisões da Nintendo em relação ao mercado brasileiro que colocam em dúvida as afirmações da empresa de que os fãs brasileiros "são muito importantes" e de que querem "agradar os fãs no Brasil e colocar um sorriso em seus rostos".
Em julho de 2012 a Nintendo lançou no Japão o game "Pocket Soccer League: Calciobit", um gerenciador de time de futebol com gráficos retrô.
Relançado em formato digital, via download, chegou em abril deste ano à Europa, com o nome de "Nintendo Pocket Football Club". Contudo, para países da América, como Estados Unidos e Brasil, não há previsão de lançamento.
Por outro lado, saiu há pouco tempo também "Rusty's Real Deal Baseball", um dos primeiros títulos free-to-play da Nintendo que foca em minigames temáticos de baseball. No mesmo dia de lançamento nos EUA, o game apareceu também no eShop do 3DS no Brasil.
A situação é estranha o bastante para levantar a dúvida: por que lançar tão rápido um jogo de baseball no Brasil, país notório por sua paixão pelo futebol e que, veja só, sediará a próxima Copa do Mundo, e sequer dizer se planeja ou não lançar um jogo de futebol - que está pronto e inclusive traduzido para português, já que saiu em Portugal.
Pode parecer implicação, ainda mais por um game tão simples, mas é um tipo de detalhe que não passa batido pelos fãs da empresa e, convenhamos, soa estranho em pleno ano de Copa do Mundo.
Claro, perguntamos à Nintendo por que lançar aqui "Rusty's Real Deal Baseball" e não "Nintendo Pocket Football Club", mas a fabricante preferiu não responder.