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Cachorro Grande convida Samuel Rosa e Lucas Silveira para ajudar gaúchos

A banda gaúcha Cachorro Grande, que faz show em benefício das vítimas da tragédia no RS Imagem: Divulgação

Thales de Menezes

Colaboração para Splash, em São Paulo

23/05/2024 12h00

Quando a banda Cachorro Grande veio para São Paulo, na virada dos anos 2000, trouxe muito do Rio Grande do Sul na bagagem. Encontrar os integrantes da banda em casas noturnas ou padarias era chance de escutar histórias gaúchas, com o sotaque característico dos pampas. Assim, ver o grupo se reunir para um show paulistano beneficente às vítimas das enchentes no Sul não surpreende.

A noite desta sexta (24) no Cine Joia tem nome longo e explicativo: SOS RS - Cachorro Grande convida Samuel Rosa e Lucas Silveira. A banda sobe ao palco e recebe as conhecidas vozes do Skank e do Fresno para um show de grandes sucessos de uma carreira de uma dezena de álbuns roqueiros. Nesses discos é possível encontrar ótimas referências no som da banda, de Rolling Stones a Oasis.

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Separados e tocando carreiras solo, os integrantes da Cachorro Grande já tinham planos de se reunir nesta semana. Estava programado um show na versão gaúcha do Festival Turá, que também tem edição em São Paulo, mas a tragédia climática eliminou qualquer chance de o evento vingar.

O vocalista Beto Bruno conta que o local onde seria o show está alagado. "Está tudo assim. Um amigo nosso, que é roadie e trabalhou com a gente um tempão, mora em Bairro Mathias Velho, em Canoas, e a coisa ficou feia para a casinha dele. Não quis sair antes, porque tinha muito equipamento, num pequeno estúdio, e a água invadiu completamente. Ele teve que subir no telhado, só com o celular enfiado num saco plástico dentro do bolso, e então sair nadando."

Beto afirma que começou a se sentir mal acompanhando tudo de sua casa em São Paulo. "Você tenta ficar tranquilo, mas é uma tranquilidade azeda, sabe? Vendo o centro de Porto Alegre debaixo de lama, pensei que todo mundo perdeu suas coisas, pobres ou ricos. Mas o rico consegue se levantar. E quantos não vão conseguir?"

Há dez dias, noite de domingo, ele recebeu um telefonema do guitarrista da Cachorro Grande, Marcelo Gross. A proposta foi direta: se eles tinham tudo pronto para um show no Festival Turá, por que não fazer uma noite em São Paulo e mandar grana para a galera do sul? No dia seguinte, o vocalista já estava correndo atrás da produção, e falou com um grande e antigo parceiro, Fabricio Nobre, com longa carreira de selos musicais e festivais e hoje um dos proprietários da casa noturna Cine Joia.

A banda gaúcha Cachorro Grande Imagem: Divulgação

"Temos uma parceria longa", conta Beto. "Lançamos nossos últimos discos lá. Ele foi fantástico ao ouvir a proposta. Havia um show marcado no local para essa noite, mas ele conseguiu transferir, educadamente, e a gente virou toda a produção bem rápido. A equipe da casa vai trabalhar sem receber nada, todo o dinheiro vai para as vítimas do Sul." Os ingressos podem ser trocados por doações que vão de R$ 30 a R$ 100. "Se o Fabricio não tivesse abraçado a causa, não iria rolar. Palmas para ele. E eu estou me sentindo um pouco mais aliviado por ajudar de alguma maneira quem está precisando."

Na definição de Beto, a Cachorro Grande está ajudando com o que sabe fazer: música diante de uma plateia. "É melhor do que ficar aqui em casa chorando. Às vezes chorando de tristeza e às vezes chorando de raiva. A raiva desse negacionismo ambiental. Que absurdo uma coisa dessas! Agora, depois do que aconteceu, temos uma prova de onde isso pode chegar, infelizmente."

Tocar no Turá era um convite antigo, e a banda acabou aceitando porque já estava preparando uma turnê que deve acontecer no segundo semestre. O grupo volta a se reunir para comemorar os 25 anos dos primeiros shows em Porto Alegre. Como o primeiro álbum saiu logo depois dessas apresentações, também é o aniversário do disco de estreia. A banda espera fazer no máximo 25 shows, numa referência aos anos de carreira. Na primeira semana de junho devem ser anunciadas todas as datas e os locais por onde a banda deve passar.

Na turnê e no show desta sexta, quatro dos cinco integrantes da formação "clássica" da Cachorro Grande vão estar no palco. Beto, Marcelo Gross, o tecladista Pedro Pelotas e o baterista Gabriel Azambuja. O quinto integrante mais constante, Rodolfo Krieger, está em Portugal há alguns anos, tocando novos projetos. Quem entra em seu lugar tocando baixo é Eduardo Brandão, que, segundo Beto, é amigo das antigas.

Lucas Silveira e Samuel Rosa se unem à banda Cachorro Grande em show com renda revertida para as vítimas da chuva no RS Imagem: Divulgação

"No começo dos anos 2000, o Eduardo tocava numa banda do Rodolfo, era uma mistura de Cachorro Grande e Júpiter Maçã. Hoje ele participa dos shows da banda do Gross, então está mais do que ambientado com a gente." O vocalista acredita que o show no Cine Joia será uma espécie de início dessa turnê, mas certamente com uma carga emocional muito maior, pelo momento difícil dos gaúchos.

Beto e Pelotas estão em São Paulo, enquanto Gross e Gabriel moram em Porto Alegre. "O Gross teve de sair de seu apartamento e voltar dias depois em um barquinho para recuperar as guitarras. Ele está passando uma noite em cada lugar, em hotel, na casa de amigos, com a namorada..." Os dois devem chegar a São Paulo na quinta-feira (23), véspera do show, a tempo de um ensaio. Eles vão deixar o Sul pela cidade de Caxias.

Beto lamenta a situação das casas de shows em Porto Alegre. Segundo ele, metade delas já tinha fechado definitivamente com a pandemia. Agora, com o novo golpe, será difícil recomeçar. "Eu vi imagens das ruas de Porto Alegre agora que a água está baixando. É muito lixo, tem peixe morto, rato morto, cachorro morto, cheiro de coisa podre. Parece 'Mad Max'!" Mesmo assim, a ideia da banda é incluir na fase final da turnê do segundo semestre pelo menos uma data em Porto Alegre.

SOS RS

Cachorro Grande convida Samuel Rosa e Lucas Silveira
Onde: Cine Joia (praça Carlos Gomes, 82 - Liberdade)
Quando: sexta (24), às 22h
Ingressos: de R$ 30 a R$ 100 - ESGOTADOS

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