'É Fantástico': de quem é a voz por trás da vinheta do programa da Globo?

"Nem sei dizer qual é a sensação hoje. Começou com a estranheza. 'Meu Deus'. Você passar pela sala, a vinheta está rolando e seus pais estão assistindo. Dá aquela estranheza, né? Acho que sinto até hoje."

Para entender como Bruno chegou à abertura do Fantástico, que existe desde a década de 1980, é preciso voltar a 2012: quando ele cantava como backing vocal da Xuxa. Ele fez parte da banda de apoio do programa TV Xuxa após convite do guitarrista, Leandro Barros.

"Foi muito legal, porque a minha mãe me levava (quando era criança) ao programa da Xuxa. No final da gravação, ela tirava foto com as crianças, botando o queixo na cabeça delas. Lembro que na minha foto, eu saí olhando pra cima tentando enxergá-la. Anos depois, o que a música promove na vida da gente? Estava eu ali de backing vocal ao lado dela."

Essa foi a porta de entrada para a Globo e onde conheceu o produtor musical do Fantástico, Ricardo Leão. Desde então, rodou por diversas atrações, como o Criança Esperança e The Voice Brasil, fez trilhas institucionais e cantou no show de 50 anos da emissora em 2015.

Ele conta que a abertura do Fantástico passa por pequenas reformulações periodicamente. A última versão foi gravada no ano passado e Bruno dividiu voz com a cantora Juliana Viana. "Às vezes, a vinheta fica mais eletrônica, mais robótica, mas a desse ano está mais orgânica."

Em fevereiro deste ano, ela sofreu uma alteração pontual para homenagear Gloria Maria, que morreu após lutar contra câncer no pulmão. "A gente voltou ao estúdio para fazer uma vinheta especial, o 'É Fantástica'. Essa troca sutil foi uma bonita homenagem. Muito emocionante".

Não é só na Globo

Além de cantar em programas e eventos da Globo, Bruno também se destaca como dublador. Ele conta que chegou por acaso no mundo da dublagem. Ele estava em um bar na região serrana do Rio, no intervalo de um trabalho, quando uma amiga o ligou pedindo para enviar um áudio, pois a Disney precisava encontrar uma pessoa que se encaixasse na voz de um personagem. Sem estrutura no local, ele recorreu à acústica do banheiro.

"Pedi uma caneta ao garçom, peguei guardanapo e anotei o que entendi do inglês do videozinho que ela me mandou. Entrei no banheiro do boteco e gravei pelo celular. 'I have a dream, I hold you'. Falei: 'Seja o que Deus quiser'. Não dei nada. 15 minutos depois, me ligaram e falaram 'é você'.

O personagem, em questão, era o protagonista de "Lava" (2015), um curta-metragem da Pixar, que pertence à Disney desde 2006. "Lembro que levei meus pais ao cinema, botei óculos 3D nos meus velhinhos, e foi mó barato. Minha vida na dublagem começou dessa forma inusitada... Às vezes, a oportunidade vem assim, e a gente tem que estar pronto pra agarrar."

Carreira solo

Bruno diz ser um "carioca que deu errado". Natural do Rio, ele tem uma família majoritariamente mineira, o que influenciou em seus gostos pessoais. Não é à toa que ele começou a cantar sertanejo em uma época que o estilo musical ainda não estourava no Rio de Janeiro, no início da década passada. A cidade sempre teve maior ligação ao pagode e funk.

"Já cantei pagode, pop, rock, R&B, me apresentei no Superstar, da Globo, com banda de baile, a banda Rádio Ritz. Já cantei no Roupa Nova, substituindo o Serginho. Já fiz de tudo. O artista tem que ser eclético, mas tem sempre uma coisa que toca mais a alma. O sertanejo traz, para mim, a essência da família, é um resgate de infância, dos parentes, de estar sentado no sofá com meu pai, assistindo Sabadão Sertanejo".

Seu último trabalho é o single "O Mundo Dá Suas Voltas", faixa que flerta com o pop. A composição parte da premissa: "Hoje você pode estar bem, amanhã você pode estar por baixo e até precisando daquela pessoa que, eventualmente, você pode ter destratado. A música fala de relacionamento, até de uma forma meio de brincadeira. Hoje eu tô bebendo por você, tô sofrendo o que te fez sofrer. Parte dssa premissa da vida: então, toma cuidado com as pessoas, como você trata o coração das outras pessoas."