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ANÁLISE

'O Telefone Preto' transforma medo de call center em convite ao terror

"O Telefone Preto" explora alguns dos nossos medos diários Imagem: divulgação / Universal Pictures

Renan Martins Frade

Colaboração para o UOL

21/07/2022 12h00

Esta é a versão online da edição desta quinta-feira (21) da newsletter Na Sua Tela. Nesta semana, destaques para "O Telefone Preto", "Agente Oculto" e outros filmes que chegam aos cinemas e aos streamings, além de uma curadoria do que vale assistir. Inscreva-se para receber a newsletter semanalmente. Assinante UOL ainda tem 10 newsletters exclusivas.

Pode ser sincero: é muito provável que o seu celular esteja no modo silencioso há anos. Resultado, claro, das inúmeras ligações oferecendo algum produto ou, quem sabe, cobrando aquela conta em atraso.

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Isso sem falar de quem pula da cadeira toda vez que escuta o telefone fixo, principalmente se for o mesmo toque daquele seu ramal no trabalho - por onde vinha (ou ainda vem) as ligações do chefe. Causa pesadelos só de lembrar, né?

"O Telefone Preto", que estreia nos cinemas nesta semana, usa justamente esse irritante "piririm, piririm" e os medos que ele causa para criar o seu terror - em um caldeirão com diversos outros elementos, construindo um interessante filme. Leia mais a seguir.

Aproveitando o gancho, esta edição do Na Sua Tela traz outras sugestões de longas-metragens de terror sobrenatural para você curtir nas plataformas de streaming. Não se esqueça de deixar a luz acesa quando for assistir, fechado? E o celular desligado, é claro.

Tem mais: diversos outros títulos também estão sendo lançados nesta semana. Enquanto "Memória" e "Pluft, O Fantasminha" chegam à tela grande, tem "Agente Oculto" (da Netflix) e "O Peso do Talento" no vídeo sob demanda.

Agora só resta escolher se você quer ficar com medo, se emocionar ou chorar de rir. Uma coisa é certa: não falta diversão.

O que tem de novo?

O TELEFONE PRETO

Ethan Hawke é o grande destaque de "O Telefone Preto" Imagem: Divulgação/Universal Pictures
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  • Onde: Nos cinemas - clique para comprar ingressos
  • O que tem de bom: Scott Derrickson (de "Doutor Estranho" e "O Exorcismo de Emily Rose") volta ao terror sobrenatural, novamente ao lado de Ethan Hawke - com quem trabalhou em "A Entidade". Baseado em um conto, "O Telefone Preto" mexe com diversos dos nossos medos, como o dos valentões da escola, do "homem do saco" e até do toque do telefone. Com poucos personagens e fortemente ancorado na atuação de Hawke, o longa consegue assustar o espectador ao mesmo tempo em que brinca com o gênero e traz reflexões mais complexas. Um filme que, daqui alguns anos, certamente virará um novo clássico do terror e do suspense.
  • O que te faz sentir: pavor, medo


AGENTE OCULTO

Ryan Gosling é um dos destaques de "Agente Oculto" Imagem: Divulgação/Netflix

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  • Onde: Amanhã, 22, na Netflix
  • O que tem de bom: A Netflix segue firme e forte na tentativa de criar uma grande franquia de ação. Para esta nova investida, o streaming chamou os irmãos Joe e Anthony Russo (diretores de "Vingadores: Ultimato") e estrelas como Ryan Gosling ("Drive"), Ana de Armas ("Entre Facas e Segredos"), Chris Evans ("Capitão América"), Regé-Jean Page ("Bridgerton"), Billy Bob Thornton ("Na Corda Bamba") e Wagner Moura (que dispensa apresentações) em uma produção com um astrônomo orçamento de US$ 200 milhões. O resultado de tanto investimento é um longa-metragem frenético, que viaja por diversos locais espalhados pelo mundo em uma mistura de "Missão: Impossível" com "James Bond 007" e "La Femme Nikita". Com ótimas cenas de luta e perseguição, "Agente Oculto" fica, infelizmente, devendo no roteiro - principalmente em uma história que envolva o espectador nos desafios enfrentados pelos personagens. Ainda assim, vale pelas explosões.
  • O que te faz sentir: agressividade, aflição
  • Extra direto do Splash: Wagner Moura perdeu quase 20kg para filme da Netflix, diz diretor

O PESO DO TALENTO

Nicolas Cage é uma versão ficcional dele mesmo em "O Peso do Talento" Imagem: Divulgação/Paris Filmes

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  • Onde: Para aluguel ou compra na Apple TV, Google Play, YouTube, Loja Prime Video, Claro tv+ e Vivo Play
  • O que tem de bom: Em "O Peso do Talento", Nicolas Cage é Nick Cage. Isso mesmo, o astro (que alterna ótimas produções, como "Despedida em Las Vegas" e "Pig", com péssimas, como "A Ilha") interpreta ele mesmo em uma comédia de ação metalinguística, na qual acaba se envolvendo em um jogo de gato e rato entre a CIA e um traficante internacional. Incluindo diversas referências à carreira de Cage, o filme faz humor com todos os clichês, acertos e falhas do ator. Se a comédia não for o suficiente, o último terço do longa apresenta uma história de ação um pouco mais tradicional, que também funciona bem. Destaque para a atuação de Pedro Pascal ("The Mandalorian"), que está ótimo em cena.
  • O que te faz sentir: galhofa, admiração


PLUFT. O FANTASMINHA

"Pluft" é uma fofa aventura brasileira Imagem: Divulgação/Downton Filmes

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  • Onde: Nos cinemas
  • O que tem de bom: "Pluft, O Fantasminha" é uma das grandes obras infantis do teatro nacional. Escrita por Maria Clara Machado, conta a história de Maribel - uma menina que, em um casa abandonada, cria uma inesperada amizade com Pluft, um fantasma que tem medo dos vivos. A criança acaba sequestrada pelo pirata Perna de Pau, e cabe ao fantasminha salvar a amiga. A nova versão cinematográfica é dirigida por Rosane Svartman ("Tainá: A Origem"), que usa a criatividade para criar a movimentação dos fantasmas, que foram gravados debaixo d'água para dar a sensação de que flutuam no ar. Uma aventura bonitinha (e com uma bela mensagem) para os pequenos.
  • O que te faz sentir: carinho, animação


MEMÓRIA

Tilda Swinton é o grande destaque de "Memória" Imagem: Divulgação/MUBI/O2

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  • Onde: Nos cinemas; em 5 de agosto na MUBI
  • O que tem de bom: Vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2021, "Memória" traz Tilda Swinton ("Conduta de Risco") como uma escocesa que, durante uma viagem pela Colômbia, passa por uma misteriosa síndrome. A partir disso, ela mergulha no passado e na memória. O resultado é uma alegoria quase psicodélica, que se pinta como mistério aos olhos do espectador. Não há uma narrativa clara, nem uma estrutura tradicional, por isso este não é um filme para todos os gostos - mas certamente irá atrair aqueles que procuram algo para meditar enquanto assistem.
  • O que te faz sentir: confusão, vulnerabilidade

Além desses lançamentos, "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" chega nesta semana para aluguel e compra nas plataformas Apple TV, Google Play e Loja Prime Video, entre outras. O longa-metragem foi assunto na segunda edição do Na Sua Tela, clique aqui para saber mais.

Mergulhando no terror sobrenatural

"O Telefone Preto" já é, com toda a certeza, um dos grandes filmes do chamado terror sobrenatural, um subgênero que procura causar medo a partir de elementos fantasiosos, mágicos e até religiosos. E o que não tem explicação é aquilo que pode causar o maior espanto.

Aproveitando esse gancho, listamos a seguir alguns outros longas nessa mesma linha para você assistir nas plataformas de streaming. Só não se esqueça de, antes de apertar o play, checar se fechou bem a porta de casa e trancou todas as janelas, tá?

O GABINETE DO DR. CALIGARI

Cena de "O Gabinete do Dr. Caligari", que é considerado o primeiro filme de terror da história Imagem: Divulgação/Decla-Bioscop AG
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  • Onde: UOL Play, Telecine, Belas Artes à La Carte
  • O que tem de bom: Considerado por muitos como o primeiro filme de terror da história, "O Gabinete do Dr. Caligari" é uma das obras quintessenciais do cinema, além de ser um expoente do Expressionismo Alemão. É, também, o primeiro terror sobrenatural da sétima arte. Na história, um hipnólogo (Werner Krauss) usa um sonâmbulo (Conrad Veidt, de "O Homem Que Ri") para cometer assassinatos. Trata-se de um filme mudo, lançado em 1920, então certamente não é para todos os gostos. Agora, para quem escolher assistir, encontrará algo realmente assustador, com um clima incrível e as bases de um gênero que move os fãs (e causa sustos) até hoje.
  • O que te faz sentir: medo, ameaça

CORRENTE DO MAL

"Corrente do Mal" faz terror a partir do dia a dia dos jovens Imagem: Divulgação/Califórnia Filmes

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  • Onde: Netflix
  • O que tem de bom: O bom terror é aquele que pega medos bem reais e os transforma em histórias assustadoras, nos fazendo refletir. "Corrente do Mal" é um ótimo exemplo disso. Na história, uma maldição transmitida pelo sexo contamina uma jovem (Maika Monroe), que passa a ser persequida por uma entidade - e a única forma de não morrer é contaminar outra pessoa. Dessa forma, a trama cria uma metáfora sobre nossos medos mais obscuros em relação aos perigos do sexo - seja na forma de ISTs, relações tóxicas ou a necessidade de preencher nossos vazios existenciais por meio de relações líquidas e sem conexão para além do prazer físico.
  • O que te faz sentir: insegurança, vulnerabilidade

INVOCAÇÃO DO MAL

"Invocação do Mal" deu origem a todo um universo do terror Imagem: Divulgação/Warner Bros.

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: Dirigido por James Wan (de "Jogos Mortais"), "Invocação do Mal" é um marco entre as produções de terror, dando origem a um universo de produções do gênero - do qual também fazem parte franquias como "Annabelle" e "A Freira". Aqui somos apresentados a um casal (interpretados por Vera Farmiga e Patrick Wilson) que explora casos sobrenaturais, tudo baseado nos relatos reais dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren. Para os amantes dos efeitos especiais práticos, é um daqueles longas que usa pouca computação gráfica - o que garante ainda essa sensação de terror à moda antiga.
  • O que te faz sentir: ameaça, incerteza

30 DIAS DE NOITE

"30 Dias de Noite" faz terror a partir do pavor da noite Imagem: Divulgação/Sony Pictures

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  • Onde: Para aluguel ou compra na Apple TV, Google Play e YouTube
  • O que tem de bom: Baseado na HQ de mesmo nome, "30 Dias de Noite" usa a interminável noite do inverno do Alaska como pano de fundo para uma história de vampiros famintos por sangue que atacam um vilarejo. Aos vivos, resta a alternativa de aguardar o nascer do Sol - o que levará 30 dias para acontecer. O medo, aqui, vem da brutalidade dos vilões, em um longa-metragem bastante sangrento. Na medida para quem gosta do gore, que é um subgênero do terror com representações gráficas de sangue e violência.
  • O que te faz sentir: impotência, desespero

SOBRENATURAL

Patrick Wilson também estrela "Sobrenatural" Imagem: Divulgação/PlayArte Pictures

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: Outro filme de James Wan, que repete a parceria com Patrick Wilson. Desta vez, o ator é o pai de uma família que acaba de se mudar para uma nova casa - só que o local, sem eles saberem, abriga um espírito maligno que se apodera do corpo de um dos filhos do protagonista. A partir disso, "Sobrenatural" cria um suspense com bases sólidas, que envolve o espectador enquanto foge de certos clichês do gênero. A produção é de Jason Blum, da Blumhouse, o mesmo responsável por "O Telefone Preto".
  • O que te faz sentir: vulnerabilidade, insegurança

Dicas do time do UOL

Toda semana você encontra aqui as indicações de colunistas e personalidades do UOL que conhecem muito de cinema e entretenimento. Não importa se é estreia ou clássico, sempre trazemos uma gama de sugestões de um time de craques.

Sugestão do Roberto Sadovski

VIAGEM INSÓLITA

Cena do filme "Viagem Insólita", a dica do Sadovski da semana Imagem: Divulgação/Warner Bros.
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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: No cinemão do século 21, dificilmente vemos um autor genuíno trabalhando em filmes para grandes estúdios. É compreensível, já que os maiores investimentos são em propriedades intelectuais que não abrem espaço para o risco. Por isso que é revigorante assistir a algo como "Viagem Insólita", que Joe Dante dirigiu em 1987. Depois de cravar seu nome na indústria com "Piranha" e "Grito de Horror", ele encontrou o sucesso em "Gremlins", de 1984, e emplacou aqui seu projeto mais ambicioso.
    Era uma época em que o cinemão era genuinamente conduzido por ideias. Inspirado no clássico da ficção científica "Viagem Fantástica", de 1966, o filme acompanha o piloto militar interpretado por Dennis Quaid no comando de um módulo que, miniaturizado, é inserido na corrente sanguínea de um coelho. Quando forças do mal tentam roubar a invenção, ele é injetado por acidente no balconista hipocondríaco interpretado por Martin Short.
    "Viagem Insólita" é uma comédia de ação e ficção científica leve o suficiente para agradar todos os públicos, mas com inteligência ao equilibrar seus elementos e dar uma leitura sobre como seria ter alguém no comando de seu corpo, uma força invisível com uma voz que você ouve em sua cabeça. São filmes assim, que funcionam em tantos níveis e ainda terminam como um produto atraente, que fazem falta no cinema hoje. Não existia em "Viagem Insólita" um projeto que o expandisse como produto. Nos anos 1980, um filme, na maioria dos casos, era só um filme. Era o suficiente.

Sugestão da Flavia Guerra

ERA UMA VEZ NO OESTE

"Era Uma Vez no Oeste" é um clássico dos faroestes Imagem: Divulgação/Paramount Pictures

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  • Onde: Telecine; para aluguel ou compra na Apple TV, Google Play, YouTube e Loja Prime Video
  • O que tem de bom: Há filmes que, de tão clássicos e geniais, acabam por cair no clichê de serem sempre vistos da mesma forma. Isso no sentido de se perceber o que há de melhor na obra pelo viés mais óbvio, não deixando espaço para que o espectador veja e reveja prestando atenção a detalhes que merecem também atenção. No caso de "Era Uma Vez no Oeste", a genialidade de Sergio Leone é tamanha que é fácil ser seduzido pela trama, pela direção e pelo elenco impecável, encabeçado por nomes como Claudia Cardinale, Charles Bronson, Henry Fonda e Jason Robards.
    Realmente é genial a história da ex-prostituta que, ao descobrir que o homem com quem se casou foi brutalmente assassinado com seus filhos, decide encarar a dura realidade local, em uma época em que a conquista do Oeste norte-americano significava a conquista da modernidade que avançava com a ferrovia pelas terras e atropelava paisagens, indígenas, ética e a moral da época. Ela também ganha a proteção de um misterioso e exímio atirador e a trama, assim, completa-se como em uma engrenagem perfeita.
    Mas perfeita mesmo é a engrenagem criada pelo maestro Ennio Morricone para criar não uma trilha sonora que acompanha a história e sim uma história paralela que complementa e também acrescenta camadas à trajetória de cada personagem. A abertura de "Era Uma Vez no Oeste" é considerada uma das mais geniais da história do cinema. E isso se deve em grande parte à sinfonia concreta que Morricone criou para cada um dos personagens, extraindo sons e ritmo de gotas que caem sobre um chapéu, o barulho do trem, os passos dos cowboys, o rumor do vento. Há uma sinfonia dentro desta e de cada sequência do filme e nem é preciso recorrer à obviedade da genialidade do tema de Jill (Claudia Cardinale) para entender que Morricone, mais que um músico de cinema, foi um autor de cinema e um maestro absoluto. Sem ele, Leone não seria nem de longe o mestre que foi.

* A disponibilidade e as datas de lançamento dos títulos são de responsabilidade de plataformas e distribuidores, podendo ser alteradas sem prévio aviso.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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