Solidão da mulher negra: entenda o termo usado após choro de Natália no BBB
Colaboração para Splash, em São Paulo
27/01/2022 21h55Atualizada em 27/01/2022 21h55
A crise de choro que Natália teve ontem após ver Lucas beijando Eslovênia na festa do "BBB 22" (TV Globo) elucidou um assunto recorrente nas relações amorosas de mulheres negras. As ex-BBBs Gleici Damasceno e Thelma Assis se solidarizaram com a sister nas redes sociais e se posicionaram sobre a "solidão da mulher negra".
"Muito triste isso que acontece com a Natália, mas o mais triste é que as pessoas vão resumir a mimimi. A solidão da mulher negra é uma realidade, e assistir aciona gatilhos terríveis", escreveu a campeã do "BBB 18" (TV Globo).
A campeã do "BBB 20" (TV Globo) também falou sobre os gatilhos que a cena despertou nela. Nos Stories, Thelminha disse: "Eu ficava tentando me mudar o tempo todo. Me achava horrorosa e que só as meninas brancas e dentro dos padrões eram bonitas. E ontem bateu um gatilho muito grande, porque o Lucas estuda Medicina".
O que é a solidão da mulher negra?
No livro "Vivendo de Amor", a autora Bell Hooks explica que: "Muitas mulheres negras sentem que em suas vidas existe pouco ou nenhum amor. Essa é uma de nossas verdades privadas que raramente é discutida em público. Essa realidade é tão dolorosa que as mulheres negras raramente falam abertamente sobre isso".
Dados do IBGE mostram que 74,5% dos casamentos entre pessoas de mesma cor ocorre entre pessoas brancas. Além disso, a maioria das mães solo no Brasil são negras (61%).
Essa solidão está relacionada a sexualização de mulheres negras que, em suas relações afetivas, dificilmente são assumidas em relacionamentos. No Instagram, a escritora e ativista Carla Akotirene Santos explicou que "falar de preterimento não se resume ao fato de ter alguém ou não para transar".
"Estar sozinha é não receber visita na prisão, é ter que sabotar a vida intelectual pra corresponder ao calor de um relacionamento, é apanhar hoje e receber flores amanhã. Ser sozinha é não ser escolhida pra o amor! E ter de encher a sua própria quartinha", afirmou.
Essa sexualização também é mencionada por Thelma que, em seu desabafo, compartilhou: "Tem muita gente que quer 'tirar casquinha' da mulher preta, mas na hora de pegar na mão e assumir um relacionamento, assume não. E tenho certeza que isso despertou gatilho em muita gente".