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A vigarista que enganou a elite de Nova York: a história de Anna Delvey

Laysa Zanetti

De Splash, em São Paulo

24/11/2021 10h00

Em 2013, a russa Anna Vadimovna Sorokina se mudou para Nova York e assumiu a identidade de Anna Delvey. Hoje encarcerada, ela ficou famosa por ter enganado toda a elite da cidade americana fingindo ser uma herdeira alemã.

Agora, ela é tema de uma nova série da Netflix, "Inventando Anna", primeira assinada por Shonda Rhimes ("Grey's Anatomy") para a plataforma, e que estreia no dia 11 de fevereiro de 2022.

Quem é Anna?

Nascida em uma cidade satélite de Moscou, Anna é filha de um motorista de caminhão e uma dona de pequena loja de conveniência. A família, simples, se mudou para a Alemanha em 2007, quando Anna tinha 16 anos.

Anos depois, os colegas de classe de Anna na Rússia a descreveriam como uma excelente aluna, com personalidade forte mas um temperamento esquentado. Já na Alemanha, os amigos diziam que ela tinha muitas dificuldades com a língua.

A mudança para Nova York

Antes de se mudar para NY, Anna passou um tempo em Londres e depois foi a Paris, onde trabalhou como estagiária de uma revista de moda. Na época, adotou o sobrenome Delvey, que usaria nos Estados Unidos.

Julia Garner vive a golpista Anna Sorokin, ou Anna Delvey, na série "Inventando Anna" Imagem: Aaron Epstein/Netflix

Ela conheceu a cidade no verão de 2013, durante a semana de moda, e notou que tinha mais facilidades para fazer amigos em Nova York do que na capital francesa. Anna, então, pediu para ser transferida para a filial estadunidense da revista Purple. Foi aí que tudo começou.

Anna Delvey Foundation

Algum tempo depois de sair do seu trabalho na revista, ela tentou criar a Anna Delvey Foundation, uma espécie de clube privado para pessoas da elite novaiorquina, voltado para a divulgação de artes e manutenção da vida social.

Na ocasião, já se infiltrando no meio da alta classe, ela propôs participação para vários membros da elite. Foi assim que ela começou a circular como igual entre os ricos. Entre as propostas de sua fundação estava utilizar um edifício histórico em Manhattan, a "Church Missions House", como locação de eventos e estúdio de arte.

Ela fez amizade com vários membros da elite, e circulando entre tais pessoas, conseguia que outros pagassem suas estadias em hotéis e refeições caras, prometendo que devolveria o dinheiro depois —o que ela "esquecia" de fazer.

Em janeiro de 2016, por exemplo, Sorokin comemorou seu aniversário em um restaurante da rede Sadelle, mas agendou o pagamento com um cartão de crédito inválido e deu falsas informações de contato. Foi a partir de então que alguns começaram a desconfiar que ela não era a herdeira que dizia ser.

De onde vinha o dinheiro?

Cartões falsos e cheques fraudados: "Inventando Anna" conta a história da mulher que deu golpe na elite de Nova York Imagem: Aaron Epstein/Netflix

Sem conseguir abrir a fundação, Sorokin criou falsos extratos bancários afirmando que ela tinha acesso a contas milionárias na Suíça. Com isso, conseguiu fazer empréstimos, mas logo levantou suspeitas porque apresentou documentos contraditórios. Na época, as desconfianças de que ela estava aplicando golpes já se intensificavam.

Mesmo assim, ela seguia circulando em meio à elite, sobretudo utilizando cartões de crédito falsos, compensando cheques fraudados e acumulando dívidas milionárias em hotéis, restaurantes e bancos.

"Depois eu te pago"

Em mais de uma ocasião, Anna aplicou o golpe do "depois eu te pago". Em maio de 2017, por exemplo, ela convidou três amigos para uma viagem com tudo pago para o Marrocos. Alguns dias depois de terem chegado ao hotel, a equipe disse que o cartão havia sido recusado e exigiu outra forma de pagamento.

Anna, então, convenceu uma das amigas que havia convidado a pagar a conta, de US$ 62 mil (cerca de R$ 350 mil), sob a promessa de transferir o dinheiro logo em seguida. Uma promessa, é claro, que nunca foi cumprida.

Condenação e prisão

Julgamento de Anna Sorokin, em 2017 Imagem: Reuters/Divulgação

Em agosto de 2017, Anna enfrentou julgamento pelas acusações de fraude, furto de altas quantias e roubo. Os processos foram movidos por bancos, hotéis e restaurantes que sofreram calote, além dos próprios "amigos" que ficaram eternamente com a promessa de que seriam pagos e não foram. O total das dívidas chegou a cerca de US$ 270 mil (R$ 1,5 milhão).

Ela foi presa em outubro do mesmo ano, em uma operação arquitetada pela polícia. Na época, Anna estava internada em uma clínica para tratamento de vícios na California. Em uma emboscada, uma antiga amiga de Anna a convidou para almoçar em um restaurante próximo à instituição. Assim que ela saiu, teve o encarceramento decretado.

Em 2019, Anna Sorokin recebeu uma sentença de 4 a 12 anos de prisão. Posteriormente poderá ser deportada para a Alemanha, mas precisará pagar suas dívidas.

Adaptação

Assim que a história de Anna ganhou a imprensa, produtores de televisão começaram a se interessar em uma possível adaptação. A minissérie da Netflix é baseada na reportagem investigativa de Jessica Pressler, da revista New Yorker, publicada em 2019. A repórter será interpretada por Anna Chlumsky na atração.

Para garantir os direitos, a Netflix teria desembolsado US$ 320 mil (R$ 1,8 milhão) segundo reportagem do portal Insider. Anna teria usado este dinheiro para pagar seus credores.

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