36 horas na mexicana Oaxaca - Mercados agitados, artesanato colorido e os sete moles
BETH GREENFIELD<br><br>New York Times Syndicate<br>
06/12/2007 18h30
Oaxaca, a cidade no sul do México com raízes indígenas zapotecas e um brilho colonial espanhol, vibra com espírito passional. Apesar de ser conhecida como ninho para comícios em prol de justiça social (incluindo uma greve dos professores de grande escala, em 2006), o ânimo contagiante da cidade vai além da política, se espalhando por todos seus interesses. Você o sentirá nos mercados agitados, na riqueza do artesanato colorido, no sabor de sua especialidade culinária: o mole (molho a base de cacau e chili). Venha durante um dos muitos festivais de Oaxaca, como a semana do Natal ou o Festival dos Rabanetes, e você experimentará a cidade em sua plena glória. Mas festas podem ser encontradas a qualquer hora. Andale!
Sexta-feira
15h - Praça doce e aromática
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Gafanhotos fritos condimentados vendidos no Mercado Juárez |
O caminho para o coração de Oaxaca passa por sua zocalo -a praça central arborizada, margeada por cafés, onde você encontrará casais namorando, engraxates, manifestantes ocasionais, palhaços de rua, tocadores de xilofone e mascates persistentes vendendo pentes e redes artesanais. Saboreie o clima tomando uma xícara de chocolate quente ao estilo oaxacano, uma bebida doce e aromática servida com pão fofo para embeber. Caminhe pela Alcala, uma rua pavimentada com pedras arredondadas margeada por fachadas coloniais em tons vivos, e então prossiga até o compacto e movimentado Mercado Juárez, o lugar perfeito para experimentar o alimento de rua favorito dos moradores locais: os chapulines, gafanhotos fritos condimentados.
17h - Invasores de tumba
Para algum ponto de vista cultural, vá ao Museu de Culturas Oaxacanas (esquina das ruas Macedonio Alcalá e Adolfo Gurrión; 951-516-2991). Ele fica em frente ao Jardim Etnobotânico repleto de cactos e fica abrigado em um suntuoso ex-convento da Igreja de São Domingo, uma estrutura barroca do século 16 cheia de detalhes dourados. As galerias do museu, organizadas por áreas de interesse como música e culinária, contam as coloridas histórias das culturas indígenas. Particularmente impressionante são os tesouros de prata, ouro e cristal encontrados em Monte Albán, a antiga cidade no topo da montanha onde nasceu a cultura oaxacana.
20h - Ravióli oaxacano
A culinária é mais conhecida por ingredientes fartos -chilis com recheio gordo, queijo branco oaxacano fibroso, moles espessos e condimentados- do que pelo estilo, mas o restaurante Los Danzantes (Macedonio Alcalá, 403-404; 951-501-1184; www.losdanzantes.com) com consciência de butique serve ambos com requinte. A cozinha oaxacana-mexicana contemporânea é servida em um pátio ao ar livre aquecido pelos altos muros de terracota e lagos reluzentes. Entre os destaques estão o chili relleno com pato e banhado em mole, ravióli com huitlacoche com molho de creme de abobrinha e uma refrescante salada de maçã e abacate. O jantar para dois custa cerca de 500 pesos, ou US$ 46 com o dólar a 11,07 pesos.
22h - Ritmo da nação
A vida noturna está longe de ser explosiva nesta metrópole tranqüila, mas não diga isto ao público jovem e entusiástico do Candela (Murguia, 413; 951-514-2010). As bandas de salsa que se apresentam ao vivo no clube noturno inspiram dança a noite toda. As mesas que se estendem ao longo do pátio elegante fornecem um descanso para aqueles não escolados em passos de dança.
Sábado
9h30 - Imersão culinária
Conheça melhor a comida oaxacana. Se você é uma pessoa que se sente à vontade de avental, inscreva-se em um dos muitos cursos em inglês de culinária, com quatro horas de duração, dados ao redor da cidade. Você encontrará um excelente na pequena pensão Casa de los Sabores (Libres, 205; 951-516-5704; www.laolla.com.mx/Oaxaca/sabores1.htm), lecionado pela afável e talentosa Pilar Cabrera, por 600 pesos. Ela leva seus alunos para comprar gêneros alimentícios em um mercado antes que qualquer um comece a preparar o delicioso almoço de quatro pratos. Ou passe toda a manhã no Mercado del Abastos, um frenético banquete para os sentidos onde há uma agitação de moradores locais e os turistas são poucos. A visão e cheiros de maços de coentro, cana-de-açúcar cortada, queijos caseiros, montanhas de chilis e cacau recém-moído são intoxicantes.
Meio-dia - Montanha mais alta
Monte Albán, que está 400 metros acima da já alta Oaxaca |
Apesar de Oaxaca ter 1.500 metros de altitude, Monte Albán, que está 400 metros adicionais acima da cidade, é o local onde você pode realmente apreciar a altitude. É a localização no topo da montanha da antiga capital zapoteca, onde você encontrará atualmente uma coleção impecavelmente mantida de praças gramadas, templos de pedra e escadarias íngremes, além de um pequeno museu. Para chegar lá, tome o ônibus de turismo que sai de hora em hora do hotel Rivera del Angel (F.J. Mina, 518; a passagem de ida e volta custa 38 pesos). Ipoméias com flores brancas perfumam o ar e dão nome ao platô, cuja tradução é "montanha branca".
15h - Telas oníricas
Um realismo mágico emana da vibrante arte visual de Oaxaca. A cena cheia de vida das galerias pode ser encontrada logo ao norte da praça principal, em lugares como o Arte de Oaxaca (Murguía, 105; 951-514-0910; www.artedeoaxaca.com), que foi co-fundado por Rodolfo Morales, o artista que recebe crédito por ter ajudado a tornar Oaxaca um centro de arte contemporânea. Também vale a pena checar a galeria Quetzalli (Constitucion, 104; 951-514-2606; www.quetzalli.com), que mostra o trabalho do pintor e escultor Fracisco Toledo. Se quiser ainda mais paredes brancas, veja as exposições de vanguarda no Museu de Arte Contemporânea (Alcalá, 202; 951-514-2228; www.museomaco.com).
18h - Outlets criativos
Esta pode ser a capital de arte folclórica do México, graças à mixteca, zapoteca e outras culturas indígenas das aldeias do Vale Oaxaca. A Casa de las Artesanías de Oaxaca (Matamoros, 105; 951-516-5062) é uma galeria que tem tudo, incluindo cerâmica vitrificada verde da aldeia Atzompa, tecelagens tingidas à mão de Teotitlán e figuras de madeira com cores vivas de San Martín Tilcajete.
20h - Ao molho
Esta é a terra dos sete moles. O pátio romântico do restaurante El Naranjo (Valerio Trujano, 203; 951-514-1878; www.elnaranjo.com.mx) serve uma série de rellenos assim como um mole diferente -incluindo amarelo, vermelho, vermelhão e verde- para cada dia da semana. O jantar para dois custa cerca de 600 pesos.
22h - Hora da celebração
Volte à zocalo para a magnífica Catedral de Oaxaca, que atrai devotos (e curiosos) noite adentro. É quase certo que você se deparará com alguma celebração popular. Uma estadia recente de cinco dias cruzou com uma procissão de santo, uma queima de fogos, uma animada banda marcial e uma dúzia de apresentações musicais, freqüentemente se apresentando simultaneamente em cantos opostos da praça.
23h - Bons espíritos
Tome a saideira no levemente iluminado La Cucaracha (Porfirio Díaz, 310, 951-501-1636), onde é possível escolher entre uma longa lista de tipos de mescal, a bebida semelhante à tequila. Ou bata o pé no intimista El Nuevo Babel (Porfirio Díaz, 224, 1521-951-142-9583) ao som de jazz e música folclórica regional ao vivo. Se ficar novamente com fome, siga a multidão ao Cenaduría Tlayudas Libres (Libres, 212), um mercado de fim de noite onde os vendedores oferecem imensas e baratas tlayudas -tortilhas enormes recheadas com queijo, feijão e salsa, dobradas ao meio e grelhadas (cerca de 30 pesos).
Domingo
9h - Galpão de cerâmica
Potes de cerâmica preta vendidos na aldeia de San Bartolo Coyotepec |
Faça uma última parada para compras. Pegue um táxi até a aldeia sonolenta de San Bartolo Coyotepec, a 13 quilômetros de Oaxaca, conhecida por sua característica cerâmica preta. Uma moradora local, Dona Rosa, desenvolveu uma técnica peculiar de polimento que dá à argila, que se torna preta quando queimada, um brilho metálico. Atualmente há imitadores por toda a aldeia, mas a maior oficina é a da falecida Dona Rosa, atualmente aos cuidados do filho dela (Benito Juarez, 24, 951-551-0011). Há demonstrações diárias e uma loja rústica onde é possível comprar máscaras, imagens de tatus e vasos com recortes como laços (de 200 a 3.000 pesos).
Informações básicas
Táxis coletivos (a única opção) saídos do aeroporto de Oaxaca custam 35 pesos, ou US$ 3,20 com o dólar a 11,07 pesos, por pessoa. Há abundância de táxis na cidade e custam o equivalente a US$ 2 a US$ 3 independente do destino.
O hotel La Provincia (Porfirio Díaz 108; 951-514-0999; www.hotellaprovincia.com.mx) conta com 14 quartos com estilo austero, situados ao redor do pátio de uma antiga casa colonial, e fica a apenas poucas quadras da zocalo. As diárias começam em US$ 140 e incluem café da manhã completo e um potente coquetel de boas-vindas.
O Camino Real Oaxaca (5 de Mayo, 300; 951-501-6100; www.camino-real-oaxaca.com) é um grande ex-convento do século 16 com 91 quartos, pátios internos deslumbrantes, piscina coberta aquecida e um restaurante elegante. É o local mais chique da cidade, com diárias a partir de 3.450 pesos.
A Casa de Las Bugambilias (Reforma, 402; 866-829-6778; www.lasbugambilias.com) é uma pensão de propriedade familiar com nove quartos pitorescos aconchegantes e situada em um canto tranqüilo da cidade. Os quartos duplos saem a partir de US$ 65 e incluem café da manhã.
Tradução: George El Khouri Andolfato