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Quatro dias, duas rodas: viagem inusitada percorre Floripa de bicicleta

Eduardo Vessoni

Do UOL, em Florianópolis*

05/02/2015 16h38

Na capital de Santa Catarina existe uma praia para cada perfil de viajante: o que quer ver e ser visto, quem quer pegar ondas, se sentir em uma balada ou ainda ir com a família. Tem também praias urbanas, históricas e escondidas entre colinas.

Para chegar em cada um delas, duas rodas e disposição são suficientes. Sai o turismo das baladas pé na areia e entra a geografia cênica de um dos mais cobiçados destinos do litoral sul do Brasil.

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Criado há dois anos, o Volta à Ilha é um roteiro ciclístico guiado de quatro dias e 177 km de extensão, que circunda Florianópolis pelas atrações naturais do destino.

Em cada dia de travessia um lado dessa ilha catarinense – que tem pouco mais de 420 km² - é visitado. Tudo isso com vento na cara e tempo para fazer paradas mais longas em cada uma das atrações.

“A ideia deste roteiro é fazer passeios em Florianópolis que fugissem do óbvio”, descreve Jonatha Jünge, um dos proprietários da empresa responsável pela experiência.

No primeiro dia o viajante cruza a costa leste da ilha, endereço famoso de esportes de aventura e da badalação noturna.

Este é o dia de conhecer points de surfe como as praias Mole e da Joaquina, rodear a Lagoa da Conceição no mesmo ritmo do Stand Up Paddle que desliza sobre aquelas águas mansas, debruçar-se sobre mirantes com vista panorâmica, fazer um off road por trilhas selvagens do Parque Estadual do Rio Vermelho e terminar entre inscrições rupestres da Praia do Santinho.

Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

Florianópolis se mostra aos poucos
Para cada sinal de cansaço, sempre tem uma porção de água para acalmar o corpo.

Mais do que passar por praias, o roteiro contempla paradas em endereços como o Canal da Lagoa que corre para o mar (dá até para dar um mergulho naquela via estreita de águas transparentes enquanto o pedido do restaurante não chega à mesa) e o Terminal Lacustre do Rio Vermelho que, não só dá acesso à tradicional Costa da Lagoa, mas também convida forasteiros suados a nadarem em praias de águas claras e de pouca profundidade.

No dia seguinte, a parada da expedição a bordo da magrela é no norte da ilha, a região mais fervida (em todos os sentidos da expressão) de Floripa durante os meses da alta temporada.

Enquanto o congestionamento de carros entope as vias estreitas de acesso às praias do norte, como Ponta das Canas e Canasvieiras, ciclistas desviam entre carros para chegar (primeiro) a endereços como a Praia Brava e o simpático Passeio dos Namorados, boulevard arborizado de Jurerê Internacional, com dois quilômetros de extensão paralelos à praia.

Muito além das praias exibidas
Após uma passagem nostálgica pelo interior da ilha, cujo casario de madeira do Canto do Lamim leva os ciclistas para a época da colonização europeia no sul do Brasil, o roteiro fecha o segundo dia com uma parada preguiçosa em Santo Antônio de Lisboa, distrito que ainda guarda, orgulhoso, seu passado açoriano em forma de renda de bilro, cerâmica e casas históricas feitas pelos portugueses das Ilhas dos Açores, que começaram a desembarcar por ali na primeira metade do século 18.

A vontade é encostar a magrela em qualquer canto e ficar largado no calçadão de frente para o mar, para ver o pôr do sol tingir a areia de dourado.

O terceiro dia da travessia é o mais urbano de toda a viagem, um pedal fluido que segue por rodovias movimentadas e avenidas planas do oeste de Florianópolis. Para evitar certos trechos da SC-401 e da SC-405, atalhos são feitos a bordo do carro de apoio que segue o grupo de ciclistas durante todo o trajeto.

Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

Mas o que a gente não faz nenhuma questão de pular é a passagem pelo simpático Ribeirão da Ilha, uma das vilas mais antigas de Floripa, cuja arquitetura de casinhas geminadas leva o visitante aos séculos 18 e 19.

Considerado um dos maiores produtores de ostras do Brasil, este distrito de influência açoriana entrou na rota gastronômica nacional com a fama do Ostradamus, um restaurante que avança sobre um píer instalado no mar, onde são servidos pratos preparados com a exclusiva ostra depurada como ceviches e a versão gratinada com queijo.

“Nosso restaurante teve boa aceitação porque surgiu em uma época em que não havia nada em Ribeirão. O turista vinha conhecer a arquitetura local e ia embora”, relembra o proprietário Jaime Barcelos, morador local que deixou a vida de mecânico e vendedor de cachorro-quente para criar o império das ostras na região, em 1998.

No último dia de viagem, a geografia é protagonista daquele que é o trecho litorâneo mais impressionante da ilha. É no sul de Florianópolis, conhecido por seu espírito alternativo, que o ciclista chega a faixas de areia como a do Campeche, Armação e Pântano do Sul.

E se o mar foi protagonista até agora, no Parque Municipal a Lagoa do Peri abriga a atração mais inusitada da volta à ilha. Localizada a 24 km do centro de Floripa, essa área preservada de 20 km² abriga a maiorlagoa de água doce da costa do estado. Nos dias de calor, seu espelho d’água se transforma em uma concorrida opção de praia. O corpo, já cansado, agradece e os viajantes de alma ciclista, também.

*O jornalista viajou a Florianópolis com o apoio do Caminhos do Sertão Cicloturismo e da Pousada Natur Campeche

SERVIÇO
Caminhos do Sertão Cicloturismo
Além da volta à ilha, a empresa conta com saídas mensais para diversos roteiros em Santa Catarina como Urubici, Vale Europeu, Rota das Baleias e Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha.
www.caminhosdosertao.com.br

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