Ela tem 26 anos, mas nem parece. É que é fácil se impressionar com tudo que Isa Scherer fez e faz.

Foi vice-campeã brasileira infantil de natação, mesmo esporte do pai Xuxa (Fernando Scherer), criou canal no YouTube de moda e beleza, estreou na Globo em "Malhação — Viva a Diferença", interpretou o mesmo papel de Grazi Massafera na novela "Bom Sucesso", fundou a marca de roupas Serê e venceu a competição culinária "MasterChef Brasil".

Nesta quinta (9), dá outro passo na carreira como apresentadora do programa "À moda da Isa". A coprodução de Nossa, plataforma de lifestyle do UOL, e MOV, produtora de vídeos da marca, foi desenhada do jeitinho da artista que se considera paulistana embora tenha chegado na maior metrópole do país aos 10 anos.

Na série, a cidade que ela chama de sua é a inspiração para a criação de receitas fáceis e criativas que enchem a boca d'água. "Gosto da diversidade de São Paulo. Dá para encontrar qualquer coisa pela qual sinta curiosidade. A cultura é muito forte".

A cada episódio, Isa vai a um lugar diferente. Um exemplo é quando visita o Copan e a Casa de Francisca, no centro, e se propõe a fazer pastel do zero. O prato que virou queridinho foi o patacón (disco frito de banana amassada) de carne louca, que nasceu após um rolê no Beco do Batman. "Todo mundo vai ter que fazer em casa. É maravilhoso!"

Não perca o primeiro episódio de "À moda da Isa", que vai ao ar nesta quinta-feira (9), às 11 horas, no UOL Play e no YouTube de Nossa, e entenda a relação da apresentadora com a cozinha na matéria abaixo.

UOL

Um petisco do programa

Dê o play e confira um pouco do que vem por aí no À moda da Isa

O hobby da atriz

Entre 2017 e 2018, Isa morou no Rio de Janeiro para gravar "Malhação". Em uma das viagens de ida e volta de São Paulo, levou na bagagem tucupi e peixe congelado. "Comprei no mercado de Pinheiros para cozinhar no Rio, mas o gelo chegou todo derretido e o isopor, fedendo".

Nesse período vivendo longe da família, ela, que manjava dos preparos básicos e se virava bem na necessidade, descobriu nas panelas um passatempo. "Testava receitas nos meus dias de folga. Comecei a me interessar pelas técnicas e a me aventurar pelas mais complicadas".

Sorte a dos colegas de novela! Quando não comia tudo sozinha, Isa levava para o estúdio bolos e tortas. Mas só o que dava certo, é claro! Pois emulsões, como molhos e maioneses, demoraram a sair como deveriam. Igual ao ovo poché, que se despedaçava assim que caia na água fervente. "Levei anos para conseguir".

Companhia à mesa

As referências do que cozinhar e de como cozinhar vieram da família. Isa chegava da natação ainda pequena e não raro encontrava sobre a mesa clássicos franceses, como beef wellington, preparados pela mãe que cursou gastronomia e nunca exerceu a profissão.

Com o pai biológico, criou o hábito de conhecer restaurantes. "Pedíamos vários itens para dividir. O que me marcou foi ir ao Maní, da Helena Rizzo, assim que abriu. Não era fã de pesto, mas o que peguei do prato da amiga do meu pai era bem gostoso".

No auge da pandemia, Isa encostou a barriga no fogão como milhões de pessoas pelo mundo. "Aí sim, passei a cozinhar o dia inteiro e decidi me inscrever no 'MasterChef'. Até então nunca tinha tido coragem".

Três segredos da boa comida

Ser molhadinha

"Um prato de arroz, farofa e bife não faz sentido para mim. Só se for carne ensopada. Eu acho que sempre tem que ter algo cremoso ou líquido para ligar tudo"

Ter acidez

"Seja em forma de limão para temperar, vinho branco para flambar ou vinagre para finalizar, um toque de acidez é essencial na maioria das comidas. Dá brilho"

Tocar a alma

"Não acontece sempre, mas quando uma comida te marca para sempre ou te faz recordar de momentos ou pessoas importantes, é muito bom"

Eric Fiori/UOL

Competidora nata

Os participantes do MasterChef 2021 enfrentaram um desafio extra em comparação às demais edições: ficar trancados por até três meses num quarto individual sem janelas, com direito a circular no prédio apenas uma hora aos fins de semana. Tudo para evitar contaminações pelo coronavírus.

"Eu surtei com o confinamento e queria desistir. Um dia, li e reli o contrato e entendi que não tinha como. A não ser se eu perdesse propositalmente alguma prova, o que eu não ia fazer. Então pensei: agora vou ficar até o final para tudo valer a pena".

Foi aí que a parte da Isa treinada desde criança para competir na piscina e passar em testes de elenco entrou em ação. "Comecei a estudar que nem uma maluca. Saia das provas e já começava a ler. Bebia vinho e rascunhava receitas".

A ideia de levar o troféu para casa se tornou real após emocionar os jurados criando uma versão doce do tacacá, prato típico da região Norte. Como sabia que sobremesa era um de seus pontos fracos (assim como a maioria dos competidores), decorou vinte receitas bases da confeitaria.

"Pedia para o meu namorado fazer chamada oral por telefone. Tipo uma tabuada de receitas. Assim, entendi o raciocínio por trás e me senti livre para brincar com sabores e texturas".

Se durante a preparação o foco era aprender, no momento das disputas a estratégia era se divertir. "Meu diferencial foi levar o MasterChef com leveza. As pessoas se cobravam muito. Eu fui com uma meta simples na cabeça: é só não fazer comida ruim".

Nunca tinha sentido nada que chegasse perto da adrenalina de um bloco de natação. Não gostava de treinar, mas amava competir e ganhar. O MasterChef trouxe essa sensação de volta".

Chefs que inspiram

Will Goldfarb

Chef-confeiteiro de notoriedade internacional, Goldfarb estudou na Le Cordon Bleu e trabalhou com nomes como o espanhol Ferran Adrià, do El Bulli. É autor do livro "Room for Dessert" e dono da doceria homônima em Bali, onde usa ingredientes locais.

Helena Rizzo

A gaúcha deixou a carreira de modelo ao descobrir que poderia unir arte e gastronomia. Pupila de Claude Troisgros e Emmanuel Bassoleil, ganhou notoriedade com a sua casa própria, o Maní, de cozinha autoral e brasileira. É jurada do Masterchef desde 2021.

Onildo Rocha

O chef colocou a Paraíba no prato no restaurante Cozinha Roccia, em João Pessoa, e comanda um complexo no rooftop do Shopping Light, em São Paulo. Acredita na gastronomia que eleva o popular ao erudito e quebra estereótipos da comida nordestina.

1.4 milhão de fãs

A exposição desde criança, nas águas, no YouTube e mais tarde na TV, ajudou Isa a conquistar um grupo fiel de seguidores que acompanham as suas aventuras. Foi só com o reality, no entanto, que ela viu o número ultrapassar um milhão no Instagram e teve uma injeção de ânimo para investir em conteúdos de culinária.

Achei que não iam acreditar que eu sabia o que estava fazendo, que iam falar: 'olha lá a Isabella querendo fazer outra coisa nova'."

Felizmente, a realidade superou — e muito — a expectativa. A cozinheira deixou treze receitas gravadas para soltar ao longo do programa de acordo com o que faria nas provas. Como era impossível prever cada prato e desafio, usou um outro recurso que conhece bem para linkar o episódio com os conteúdos: a roupa. Mais especificamente os lenços que colocava na cabeça.

"Isso acabou dando motivo para me seguirem. Fiquei muito surpresa de como gostaram da Isabella sendo Isabella. Até então, como atriz, eu era a personagem".

Eric Fiori/UOL

"Na cozinha, me sinto realizada"

Da viagem com tucupi na bagagem à véspera da estreia do "À moda da Isa", a cozinha passou de coadjuvante a protagonista na história da nadadora mirim.

Embora alguns planos, como o estágio no restaurante paulistano Maní, precisaram ser adiados com a gravidez dos gêmeos, uma certeza é deixar o lado atriz em stand-by e continuar a ensinar a cozinhar na internet como influencer.

"Se tem uma influência que eu acho que vale exercer, ela é incentivar as pessoas a entender o que comem, conhecer os ingredientes e saber a importância de cada processo. O ato de cozinhar vai muito além da comida".

Pertinho do fogão, Isa se vê mais realizada do que em outras carreiras: