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Ex-jogadora da seleção de vôlei revela que correu risco de morte após trombose mal tratada

Érika durante sua passagem pelo Igtisadchi, do Azerbaijão, de onde foi dispensada Imagem: Arquivo Pessoal/Divulgação

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

16/02/2012 11h06

Uma pancada "sem querer" com uma companheira de equipe colocou em risco a vida da jogadora Érika Coimbra, ex-seleção brasileira. Durante um treino no Igtisadchi, do Azerbaijão, time em que atuou até janeiro, ela sofreu uma pancada na canela direita. Com dores, foi atendida pelo médico da equipe, que afirmou não ser nada grave e a liberou para uma viagem com duração de cinco horas até a Itália, onde a equipe jogaria pela Champions League.

Na chegada a Milão, a perna direita estava bastante inchada. Com a ajuda de Maicon, lateral-direito da seleção e da Inter de Milão e amigo pessoal de Érika, ela foi examinada por Franco Combi, médico do time italiano. O diagnóstico foi grave: um início de trombose na região. "Não achei que uma pancada pequena fosse ser uma coisa tão grave. Fiquei assustada, com medo. Com certeza foi o pior momento da minha carreira. Nunca me machuquei assim. Foi muito sério. Eu corri risco de morte", afirmou ao UOL Esporte a jogadora.

A história tem traços de dramaticidade. O médico do time, na verdade, era um enfermeiro, que, segundo Érika, "não sabia nem fazer um curativo no dedo". De acordo com dois médicos ouvidos pela reportagem, a jogadora não poderia ter encarado a viagem entre o Azerbaijão e a Itália. No avião, com a perna para baixo, a lesão piorou e o local inchou. Em Milão, Franco Combi determinou que a ponteira realizasse uma cirurgia imediatamente, ou o problema seria maior. No entanto, o presidente do Igtisadchi, Peter Hilko, não queria pagar o procedimento, estimado em 9 mil euros (aproximadamente R$ 20,2 mil).

Com as contas acertadas, Érika operou no dia 11 de janeiro e ficou cerca de 15 dias no  hospital em Milão sem receber nenhum auxílio dos membros da diretoria de sua equipe. Indignada, retornou a Baku, capital do país, onde encontrou-se com o presidente. Na conversa, a surpresa. Hilko "culpou" a brasileira pela eliminação da equipe na Champions League e a dispensou sem pagar 40% do salário a que tinha direito. Érika despediu-se das companheiras e retornou ao Brasil. Agora, está no Rio de Janeiro em fase final de recuperação da cirurgia. A previsão é de que ela possa voltar a atuar já na próxima semana. 

Porém, como as inscrições na Superliga já se encerraram, a ponteira pode atuar nos playoffs da Itália ou de Porto Rico, para depois voltar de vez ao Brasil e ficar por aqui. Enquanto isso, seu empresário, Jorge Assef, trabalha para resolver a questão  jurídica com o Igtisadchi. De acordo com Érika, a dificuldade está sendo encontrar um advogado que aceite defendê-la em um processo "tão distante".  

"O presidente não foi humano. Ele é um babaca. Minha perna está roxa até hoje, a lesão foi grave, corri riscos. Mas eu não esperava que eles fizessem algo diferente. Lá, eles acham que estrangeiro só serve para trabalhar mesmo. Agora eu só quero os meus direitos. E que o meu caso seja um exemplo para outras meninas, e que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) passe a vetar transferências de atletas daqui para esse time", declarou Érika, que é a maior pontuadora da história da Superliga feminina.

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