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Por que o Pan importa para Scola e você não pode convencê-lo do contrário

Luis Scola na partida entre Argentina e República Dominicana no Pan Imagem: PILAR OLIVARES/REUTERS

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

02/08/2019 04h00

Nunca ninguém poderá dizer que Luis Scola não deu o máximo que podia pela seleção da Argentina. Por isso, é surpreendente olhar seu histórico e notar que esta é a primeira vez que o pivô de 39 anos está jogando os Jogos Pan-Americanos. Num torneio esvaziado, porém, sua equipe nacional se apresenta com força máxima, e o interminável craque ainda pertence a esse contexto.

"Das outras vezes a Argentina optou por jogar sem o seu time principal, e por isso eu não vim. Agora a decisão foi por utilizar a equipe titular e então, é claro, que eu deveria vir", disse ele ao UOL Esporte depois de uma vitória apertada da Argentina sobre a República Dominicana, na prorrogação, pela segunda rodada da fase de grupos.

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Mas é tão "claro" assim, mesmo, para que ele participasse dessa competição? Se formos observar os elencos das demais seleções que competem pelo Pan - e, não, o Brasil não faz parte desse grupo -, vai reparar que só a Venezuela se inscreveu com o que tem de melhor. Aos 39, Scola poderia muito bem ser preservado dessa empreitada. Mas isso simplesmente não combina com seu estilo.

Desde a conquista histórica do ouro olímpico em Atenas-2004, foram várias as ocasiões em que o pivô se apresentou para jogar pela Argentina, enquanto ouras estrelas como Emanuel Ginóbili e Andrés Nocioni, já aposentadas, descansavam. Não importava que todos eles já estivessem contratados por clubes da NBA. Scola sempre deu um jeito para se apresentar quando chamado. Tal como na Copa América/Pré-Olímpico de Las Vegas-2007, quando, assessorado pelo ala Carlos Delfino e pelo armador Pablo Prigioni, destroçou os sonhos da seleção brasileira.

Scola enterra e esteja conquista histórica para a Argentina em Atenas-2004 Imagem: AFP PHOTO/TIMOTHY CLARY

Agora, para uma seleção com ambições consideráveis, o Pan quase sempre ficava em segundo plano - os tempos em que um Michael Jordan poderia surgir em quadras pan-americanas ficaram bem para trás. Para Lima-2019, porém, houve essa mudança de planos. A federação argentina entende que a competição, esvaziada, pode servir como boa etapa preparatória para a Copa do Mundo da China, que será disputada a partir de 31 de agosto.

Então, não só essa é a primeira, esta também é deve ser a última vez que Scola disputa um Pan. Ao que tudo indica, o pivô deve encerrar a carreira neste ano ou, no máximo, no próximo. Tudo vai depender de como a Argentina se sairá no Mundial, competição que ele faz questão de jogar. "Vir a Lima é a uma parte da preparação para o Mundial, que é o nosso foco", explicou.

Antes de viajar ao Peru, em entrevista mais detalhada ao jornal El Clarin, o veterano, que também foi medalhista de Bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, explicou que vai ao Mundial da China sem saber se aquele será seu último torneio. "Se eu te disser que quero jogar em Tóquio, está ligado a um resultado, porque temos que nos classificar. Se te digo que me aposento depois do Japão, também. O que acontecer (no China) vai fazer decidir o próximo passo. Aí entram o resultado, e ambém como eu fui, como me senti, se joguei bem, etc. Mas meu compromisso é até o final do Mundial", ressaltou ao diário argentino.

Scola agora também é mentor de uma promissora seleção argentina Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

Na seleção argentina desde 2001, Scola é o último dos jogadores campeões olímpicos de 2004 a continuar defendendo a equipe nacional. Nas duas primeiras partidas do Pan, deixou claro que não tem condições físicas de jogar a maior parte do tempo, mas que a equipe pode contar com ele nos momentos mais decisivos. Em vitória humilhante sobre o Uruguai (102 a 65), somou 16 ontos e oito rebotes em 20 minutos, acertando sete dos 11 arremessos de quadra. Pela segunda rodada, em triunfo sobre a República Dominicana decidido apenas na prorrogação (102 a 97), foi bem menos eficaz, com cinco pontos, três rebotes e dois chutes convertidos de nove tentados em 19 minutos.

Jogando na China desde 2017 - quando enfim a NBA lhe fechou as portas -, o argentino já não tem mais contrato com o Shanghai Sharks e já indicou que não pretende continuar no basquete chinês caso decida seguir em frente com sua carreira. Sua doação ao basquete argentino sempre sugeriu que o fim de sua carreira seria de volta para casa, mas até agora não existe nenhum rumor forte neste sentido.

A esposa e os quatro filhos estão morando em Buenos Aires. Durante os Jogos Pan-Americanos, os cinco estão em Lima para acompanhar o pivô argentino, que deu um beijo em cada uma das crianças depois da vitória sobre os dominicanos. Parece que uma festa de despedida está preparada. Só precisam combinar isso com o próprio Scola.

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