Arqueira de 16 anos que disputará Pan é escritora e já publicou dois livros
Rubens Lisboa
Colaboração para o UOL, em São Paulo
24/06/2019 04h00
Aos 10 anos, Ana Luiza Caetano publicou seu primeiro livro. Falava sobre o amor por velejar. Quatro anos depois, lançou o segundo. E ainda se classificou para representar o Brasil na Olimpíada de Matemática. Mas aos 16 anos, seu alvo é outro. No tiro com arco, competirá nos Jogos Pan-Americanos de Lima, de 26 de julho a 11 de agosto.
Ana Luiza começou na vela cedo, depois de ver o irmão mais velho começar a velejar e pedir aos pais para também ser velejadora. Só foi possível quando completou 7 anos, idade mínima para as aulas.
O esporte a levou à seleção brasileira, da qual fez parte durante dois anos, e a fez querer escrever um diário, que se tornaria o livro "Bons Ventos: Diário de Aventuras Iradas", que ela publicou em 2013 - as ilustrações são de João, seu irmão mais velho.
"Por ser em outra cidade e uma rotina muito intensa, acabava perdendo as festas de família, encontro com os amigos e eu queria alguma forma de explicar à minha família o meu amor pela vela. Eu escrevi como um diário para entregar a eles, mas meu avô conhecia uma editora, mostrei o livro para ela, que se apaixonou e quis lançar", conta Ana Luiza.
A primeira publicação rendeu convites para palestras visando incentivar outras crianças. E nisso surgiu a sugestão de um livro paradidático. Surgiu "Eureka", publicado em 2017, que abordou não só a vela, mas também a preservação do meio ambiente e o folclore brasileiro. Neste, o prefácio foi escrito pelo medalhista olímpico Lars Grael.
"Eu sempre velejei no mesmo clube do Lars e sempre foi um ídolo para mim, não só como atleta, mas como pessoa. Ele é uma pessoa maravilhosa, acessível e eu pedi para ele ler o meu livro. Ele leu e falou que podia fazer o prefácio. Foi um sonho para mim", afirma a arqueira.
O tiro com arco começou tarde na vida dela. Como o irmão estourou a idade para a classe em que velejava, decidiu procurar outro esporte e descobriu que em Maricá, no Rio de Janeiro, havia um centro de tiro com arco.
"A gente não entendia nada do esporte e pesquisando na internet ele descobriu que o melhor campo de tiro com arco do Brasil era na nossa cidade. Fui um dia ver ele treinando e me apaixonei", lembra.
"Classificar para um campeonato tão importante, duas categorias acima da minha, e saber que vou fazer equipe com pessoas que há pouco tempo eram meus ídolos é meio surreal ainda", completa a arqueira. Conciliar os dois esportes com os estudos a fez optar pelo tiro com arco, em que tem melhores resultados e ter a vela como hobby.
E lembra da Olimpíada de Matemática? Com, ela chegou a se classificar para ir à Olimpíada de Matemática, mas não disputou. "Na Olimpíada de Matemática sem fronteiras eu me classifiquei para representar o Brasil na Tailândia e foi um resultado inédito para a escola, mas eu não fui porque era véspera do Mundial de tiro com arco", explica.