Com Jackie Silva, COB ensaia aproximação com desafetos de Nuzman
Demétrio Vecchioli e Leo Burlá
Do UOL, no Rio de Janeiro
19/12/2018 04h00
Campeã olímpica no vôlei de praia em Atlanta-96, Jacqueline Silva foi homenageada com o prêmio Adhemar Ferreira da Silva, honraria concedida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) aos maiores nomes do esporte nacional.
Mais do que o reconhecimento a um dos maiores nomes de sua modalidade, a premiação é uma espécie de afago em grandes figuras que, por uma ou outra razão, foram grandes desafetos de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente da entidade.
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Nesta edição do Prêmio Brasil Olímpico, o COB resolveu batizar o troféu concedido ao melhor técnico em esportes coletivos de Bebeto de Freitas, outro inimigo histórico do cartola.
Quem fez a entrega do prêmio a Jackie foi o ex-velejador Lars Grael, cujas relações com Nuzman ficaram estremecidas desde a época em que o dirigente apoiou a candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos de 2004. À época, Grael estava ao lado de São Paulo como sede.
Em seu discurso, a ex-jogadora de vôlei falou da perseguição sofrida desde que protestou em um treino da seleção brasileira. Incomodada pela falta de direitos das mulheres, treinou com a camisa da seleção brasileira do avesso. Escondeu os patrocinadores e arrumou um inimigo para toda a vida.
Ela evitou citar nomes no palco, mas disse que o COB vivia uma nova era. Questionada pelo UOL Esporte se aquele recado era dirigido ao antigo dirigente, ela confirmou que sim e reclamou de boicote.
"Foi um problema pessoal que durou mais de 30 anos e que culminou com a minha não ida à Cerimônia de Abertura da Rio-2016, quando não fui convidada", disse.
Com o troféu na mão, a ex-atleta contou que aquele reconhecimento servia um pouco para diminuir a frustração:
"É quase que a reparação de um erro".
Além da homenagem, ela foi incluída no recém-criado Hall da Fama do COB. Além dela, Sandra Pires, Torben Grael e Vanderlei Cordeiro de Lima foram os outros componentes indicados.