O volante foi um dos destaques da seleção durante a Copa e, com 30 anos, ainda tem lenha para queimar. Foi uma das boas notícias durante a campanha no Qatar. Neymar até chamou o companheiro de "o melhor volante do mundo há muito tempo".

Na transição para o próximo ciclo, seu papel tende a ficar mais relevante. Com Dani Alves e Thiago Silva fora de uma projeção para a Copa de 2026, Casemiro é candidato natural para o posto de capitão. Essa lógica também se aplica ao zagueiro Marquinhos, outro líder do grupo.

O ponto é o quanto Casemiro conseguirá manter a longevidade em alto nível. Há seis meses, ele trocou o Real Madrid por um novo projeto na Premier League, defendendo o Manchester United.

"Claro que sempre tem garotada, vivo no melhor momento da carreira, muito feliz no clube que estou", disse ele, depois da derrota nos pênaltis para a Croácia.

Tecnicamente, Casemiro exibiu atributos valiosos nesta Copa tanto na marcação —embora o bote no início do gol croata tenha sido falho— quanto na construção de jogo. O volante fez o gol salvador na vitória por 1 a 0 sobre a Suíça, na fase de grupos.

Outro jogador com características defensivas que tende a ser importante é Éder Militão. Convocado como zagueiro, jogou na lateral direita e resolveu o problema da equipe com a lesão de Danilo e a necessidade de um jogador mais marcador que o reserva Daniel Alves.

Tirando a estreia contra a Sérvia, Militão jogou todas as outras partidas do Brasil na Copa. Como zagueiro, só diante de Camarões. Como lateral, fez os jogos contra Suíça, Coreia do Sul e Croácia. Nas quartas de final, ele pediu para sair no intervalo da prorrogação por causa de cãibras e dores, um cansaço sentido desde o tempo normal do jogo que o fez jogar com meiões agachados por causa do inchaço nos músculos.

Mesmo assim, Militão registrou 11,6 km percorridos contra a Croácia - foi um dos cinco recordistas da seleção nesta estatística, segundo a Fifa.

A certeza dentro da seleção é que Militão vai continuar relevante nas próximas temporadas. Titular do Real Madrid, ele tem 24 anos e é considerado, unanimemente, como o herdeiro de Thiago Silva. Apesar de ter sido um dos melhores do Brasil na Copa, Thiago tem 38 anos e não fará parte do próximo ciclo.

Tite adotou como um dos critérios em suas convocações a versatilidade, como a de Militão. O técnico já convocou jogadores contestados em nome da possibilidade de treiná-los em diferentes posições e funções até achar o sistema de jogo e o elenco que considerasse ideais.

É uma tendência do futebol internacional e a ideia na CBF é manter a filosofia de incentivo à versatilidade nas categorias de base e na seleção principal.

Rodrygo é o símbolo disso. Na seleção, já jogou de segundo volante, meia central e atacante de lado. No Real Madrid, jogou de tudo isso e também como centroavante. Na Copa do Mundo, treinou e atuou na mesma função de Neymar. Foi ali que deu assistência para o gol de Casemiro na vitória por 1 a 0 contra a Suíça na primeira fase.

Ou seja, Rodrygo é candidato a herdeiro do atual camisa 10 do Brasil, que deixou em dúvida sua permanência na seleção brasileira em 2023 e tem atuado numa posição em que não há unanimidades.

Tirando o resultado de campo, a percepção na CBF é que o trabalho na seleção brasileira foi bem feito em termos administrativos. Os processos internos, a divisão do trabalho, as condições para observações de jogadores e a escolha do CT da Juventus são pontos considerados positivos.

Tite sempre teve carta branca na CBF. E não a perdeu quando houve a transição entre Rogério Caboclo e Ednaldo Rodrigues. Nos últimos tempos, o papel do presidente foi manter o navio no curso. O problema é que, na hora da verdade, o projeto naufragou.

Desde o início do ano, a CBF sabia que Tite sairia, o que forçaria uma reformulação. Mas a questão é até que ponto a derrocada no Qatar vai tornar o processo mais profundo ainda. É muito provável que Juninho Paulista também saia.

Em relação ao novo técnico, a CBF tem um olhar abrangente. Ednaldo já disse que até um estrangeiro pode pintar na seleção. A questão é quanta liberdade ele teria para trazer os integrantes da comissão técnica que quisesse. Os próximos meses trarão o cenário concreto.