Perrone: Concordo de novo. O modelo está ultrapassado e, para mim, começa com a estrutura, como os presidentes são eleitos e tal. Falta profissionalismo. Sei que você está ocupado. Então para encerrar: acha que hoje no Brasil tem muito preconceito com técnicos da velha guarda? Por exemplo, eu achava que depois dos 7 a 1 o Felipão não voltaria a trabalhar em alto nível. Fui preconceituoso? Os resultados dele melhoram a forma como a velha guarda é vista?
Dorival: Não acho que preconceituoso. O que vejo é que no Brasil nós taxamos rapidamente toda e qualquer situação em qualquer área de atuação. E isso não é legal. O que acho é que precisamos ter equilíbrio. Equilíbrio no seguinte sentido: temos jovens chegando. Esses grandes treinadores abriram caminho. Caminho esse que nós agora temos a obrigação de sedimentar, melhorar e transformar para a nova geração num campo muito melhor de trabalho, mais digno. Sempre digo isso e repito, o treinador brasileiro não quer reconhecimento. Mas ele gostaria de ver seu trabalho sendo avaliado com alguns parâmetros de lógica, fato esse que não acontece no nosso país. Então, apenas darmos tempo para que as coisas se encaminhem, para que encontremos um novo espaço, para que voltemos a fazer do futebol brasileiro um futebol de destaque no mundo. Perdemos um pouco desse espaço, passamos os últimos 25, 30 anos com alguns erros. O que vejo é que agora precisamos acelerar esse processo. Nós temos que contar com o apoio de todos, todos os segmentos que fazem futebol e que gostam (e muito) desse que talvez seja o maior produto vendável desse país. Minha torcida é para que isso um dia aconteça. Para que nos reunamos, nos aproximemos um pouco mais, troquemos mais ideias e informações, acho que isso tudo será muito importante para o futuro do futebol brasileiro. Estamos trabalhando com muita intensidade, com a Federação Brasileira de Treinadores de Futebol. Tendo agora um pouco do apoio da CBF, contando com apoio de algumas federações, principalmente da Federação Paulista, que faz um trabalho diferenciado já há alguns anos, até porque todos lutamos e buscamos os mesmos objetivos, nós queremos ver o futebol brasileiro melhorando sempre.
Perrone: Sim. Para isso, os dirigentes e analistas precisam evoluir também. Dorival, valeu pela conversa. Foi um grande prazer. Abração.
Dorival: Exatamente. Até acho que os gestores também teriam que ser obrigados a fazer cursos, seria importante. Bom, Ricardo, obrigado, um grande abraço, fica com Deus.