"Eu nunca tinha sangrado. Levei uma joelhada na lateral da sobrancelha e comecei a sentir um líquido muito quente escorrendo pelo meu rosto. Minha cabeça estava abaixada. Olhei para o chão e vi sangue. Pensei: 'E agora? É meu ou dela? Menos de um segundo depois, não conseguia mais enxergar de tanto sangue que caía sobre meu olho. Caiu a ficha. 'Vixe. É meu'".
A ex-campeã peso-palha do UFC Jéssica Andrade diz não ter sentido dor quando viveu o episódio relatado acima na luta contra Joana Jedrzejczyk —a adrenalina não deixava. O corte demandou pontos e, assim que ela deixou o hospital, teve certeza de que, no soco seguinte, a ferida abriria novamente. "Dito e feito. Quando lutei de novo, ficou mais feio do que já estava. Pouco depois, fui ao programa da Ana Maria Braga e meti quinhentos esparadrapos em cima. O povo me maquiou muito e a gente conseguiu disfarçar um pouco", ri.
Hematomas e cicatrizes foram acoplados à pele de quem se dedica às artes marciais. Jéssica "Bate-Estaca" conta que, hoje, a relação entre sua autoestima e as marcas adquiridas nas lutas é de muito respeito e pouco incômodo. Mas nem sempre foi tão gentil consigo mesma.
Nesta reportagem, o UOL Esporte traz relatos de cinco atletas do UFC que transformaram os machucados em força. A boa relação com os resquícios de dor é paralela a rituais de beleza que têm como intuito amenizar as marcas: banheira de gelo, cremes que prometem disfarçar cicatrizes e calça sob sol de 40 graus são spoilers do que vem por aí.