Roberto Batata morreu no dia 13 de maio de 1976, um dia depois da vitória do Cruzeiro sobre o Alianza Lima por 4 a 0, no Peru. Ao chegar da viagem, ele pegou seu carro em Belo Horizonte para encarar quase 300 quilômetros de estrada até Três Corações, sul de Minas Gerais, onde sua mulher, Denise, e o filho de 11 meses, Leonardo, o esperavam. Ele nunca chegou ao destino: na rodovia Fernão Dias, ele colidiu com dois caminhões e morreu na hora.
"Acho que eu fui o último jogador a ter contato com o Batata. Sentamos juntos no avião, na volta do Peru, e ficamos conversando. Ele não falou que iria para Três Corações quando chegasse em BH", lembra o atacante Joãozinho, que tinha marcado duas vezes na partida - Batata marcou um dos gols e o outro foi de Jairzinho.
"Quem me deu a notícia foi o seu Carmine Furletti, que era o vice-presidente na época. Ele ligou em casa. Quando eu atendi, falei: 'eu vou lá'. Ele pediu para que eu ficasse. Não esqueço disso. Ele me disse: 'Não vai pegar carro, não vai atrás'", conta Eduardo Amorim, atacante do Cruzeiro e um dos melhores amigos de Batata naquele grupo de jogadores: "Eu fiquei no quarto com ele durante toda a Libertadores".
O clima em Belo Horizonte era de comoção quando as rádios começaram a noticiar o acidente. O Campeonato Mineiro teve duas rodadas adiadas e o velório, na sede do Cruzeiro, recebeu milhares de torcedores. Não só do clube celeste, mas também do América-MG e do Atlético-MG. "Eu não voltei para Minas com o time. Fiquei no Rio. Quando soube, no mesmo dia peguei um avião e cheguei em Belo Horizonte. Fui direto pra minha casa. Passei uma noite extremamente ruim, sozinho. No dia seguinte, fui para o velório. Todos os jogadores do Cruzeiro, do Atlético-MG, do América-MG...O Reinaldo estava lá e ele era ídolo do Atlético-MG", lembra o lateral Nelinho.
Após a tragédia, o Cruzeiro voltou a treinar alguns dias depois. "Era como se não tivesse acontecido. A gente demorou a acreditar. Então, até aliviou um pouco a dor quando a coisa começou a seguir, entendeu? Não houve uma comoção de falar: 'nossa, não dá para treinar', mas o futebol, a importância da competição, nada seria maior do que o que aconteceu com o Batata. Nem milhares de Libertadores compensam. Era menos importante, claro, mas pelo menos a gente tinha alguma coisa na frente para pensar", relata o ex-goleiro Raul Plassman.