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Vaivém Olímpico: Covid-19 ou terror, tensão faz parte do ambiente olímpico

Mísseis Patriot em Atenas 2004: segurança aérea para a Olimpíada Imagem: Ian Waldie/Getty Images

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

21/07/2021 19h52

Se o Comitê Olímpico Internacional (COI) diz que valoriza igualdade de chances nas competições e o congraçamento dos países, estes Jogos de Tóquio 2020 há muito já saíram da casinha.

Olimpíada da pandemia, Olimpíada silenciosa, Olimpíada fria, Olimpíada em meio ao quarto Estado de Emergência, pronta para a quinta onda, espera pela cepa olímpica, pela cepa Godzilla. Máscaras, distanciamento, pouca conversa, palmas proibidas, todo cuidado em restaurantes... Perto de 80% da população japonesa contrária.

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Muitas restrições e nenhuma certeza, com casos pipocando ainda antes do início das competições, já devem deixar um rótulo grudado para a história: Tóquio 2020 - a Olimpíada do medo.

O medo de ataques terroristas havia aterrissado em Munique 1972, com a organização palestina Setembro Negro entrando em dois apartamentos ocupados por israelenses na Vila Olímpica. O saldo do chamado massacre, já no aeroporto de onde se preparava a fuga, foram cinco terroristas mortos, mais três capturados, onze reféns e um policial também mortos.

Tensão a cada revista

Normalmente se sente o ambiente tenso em Olimpíadas, de ameaças terroristas que ficam pelo ar - e que se começa a perceber já no desembarque em uma cidade-sede, com policiais e cães farejadores circulando. Durante os Jogos, essa tensão se renova a cada revista, a cada entrada em locais de competição, a cada escaneamento de mochilas e equipamentos.

Em Seul 1988 temia-se por um ataque-surpresa da Coreia do Norte. Houve susto e até desespero com sirenes estridentes para simulação de bombardeios aéreos. As marginais do rio Han - com oito pistas —, bem mais largas que as marginais do rio Tietê, de São Paulo, serviriam para pouso de aviões, se fosse o caso (soube-se depois...).

Em Londres 2012, o "corredor polonês" se compunha de soldados em uniformes camuflados para areia, desembarcados diretamente do Afeganistão. No Rio 2016, eram os da Guarda Nacional que equilibravam bandejões no almoço portando assustadoras armas penduradas em um dos ombros, ou a tiracolo.

Armamento de guerra

Mas nada se compara a Atenas 2004. Primeira Olimpíada pós-11 de Setembro de 2001, o orçamento de segurança do Comitê Organizador explodiu em relação ao inicial. Na época, divulgou-se que esse setor levou pelo menos US$ 1 bilhão para tentar evitar ações de fanáticos, com seguro praticamente dobrado. Com envolvimento de especialistas de Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Espanha e Israel.

No píer de cimento branco resplandecente, onde jornalistas aguardavam as competições de vela terminarem debaixo de nada a não ser o sol grego por horas e horas, não era permitido nem uma árvore, nem uma tenda. Para não atrapalhar a vigilância aérea. Cérebros derretendo. E verdadeiros monstros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) carregando obuses apontados para o céu fizeram parte da paisagem naqueles dias.

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