O Brasil já conquistou cinco medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Duas delas, de atletas militares. O judoca Daniel Cargnin, bronze na categoria até 63kg, é 3º sargento da Marinha. E o nadador Fernando Scheffer, bronze nos 200m livre, é 3º sargento do Exército. A dupla não prestou continência ao subir ao pódio, como aconteceu várias vezes no Rio de Janeiro, há quatro anos (como você vê nas fotos dessa matéra), mas são prova da força de um projeto das Forças Armadas que é muito importante para o esporte olímpico do país. E que começou com a iniciativa de um "comunista".
A ideia surgiu em 2007. Djan Madruga, nadador com cinco finais olímpicas (Montreal-1976, Moscou-1980, Los Angeles-1984) e medalhista de bronze nos 4x200m livre em 1980, havia assumido o cargo de secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte —na época, a pasta era comandada pelo PCdoB e Djan, posteriormente, se filiaria ao partido, daí o "comunista". Em conversa com o Brigadeiro Luis Pinto Machado, então presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB), surgiu a ideia de apoio militar aos atletas de elite.
Os dois estavam no Brasileiro de Judô das Forças Armadas quando o ex-nadador comentou que, em sua época de atleta, nos anos 1970, muitos adversários europeus eram de Forças Armadas de seus países. Machado ouviu, gostou, e os dois combinaram de levar a ideia para frente, pelos Ministérios do Esporte e da Defesa.
Hoje, o Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) tem 540 esportistas, segundo dados da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, com um investimento anual de R$ 38 milhões. Em Tóquio, há 92 desses atletas, de 21 modalidades. São 44 atletas da Marinha do Brasil, 26 do Exército Brasileiro e 21 da Força Aérea. Os benefícios são similares a um contrato de trabalho CLT: tem salário, 13º e assistência médica —o que contribui para que os atletas se dediquem exclusivamente ao esporte.