Diretor da Fina critica resolução no caso Cielo: "com bom advogado, escapa"
Das agências internacionais
Em Xangai (China)
30/07/2011 13h00
O diretor-executivo da Fina (Federação Internacional de Natação), Cornel Masculescu, ainda não superou a ‘derrota’ da entidade no tribunal no caso de doping de Cesar Cielo. O cartola criticou a política mundial contra o doping e comparou o julgamento do nadador brasileiro a uma corte civil: “com um bom advogado, escapa”.
Cesar Cielo testou positivo para a furosemida, um diurético capaz de mascarar outras substâncias em exame realizado em maio. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) não apontou culpa nem negligência e apenas advertiu o campeão olímpico. A Fina não concordou com a decisão e acionou a CAS (Corte Arbitral do Esporte) e queria uma suspensão de três meses.
No entanto, dois dias antes do início do Mundial de Esportes Aquáticos, a CAS manteve apenas a advertência e Cielo ficou livre para nadar a competição em Xangai. “Hoje o novo código é como ir a um tribunal civil: com um bom advogado, escapa. Se tem um mau advogado, é punição”, disse Marculescu em entrevista a AFP.
Cielo contratou o norte-americano Howard Jacobs, que trabalhou em casos emblemáticos de doping como dos ex-velocistas Marion Jones e Tim Montgomery, do ciclista Floyd Landis e da nadadora Jessica Hardy. E o desfecho foi favorável para o brasileiro. Advertido, ele pôde defender seus títulos mundiais na piscina.
Na primeira prova, o brasileiro subiu ao lugar mais alto do pódio. Mas a medalha nos 50 m borboleta veio acompanhada por vaias e manifestações negativas. “Sim, eu entendo a reação. É normal. A gente se sente frustrado”, falou Marculescu. Cielo ainda terminou em quarto nos 100 m livre e conquistou o bicampeonato mundial nos 50 m livre neste sábado.
A argumentação da defesa de Cielo era baseada na contaminação cruzada na cápsula de cafeína. E a pequena quantidade de furosemida foi determinante para a decisão da CAS. “Não é fácil explicar para as pessoas que o uso da mesma substância pode implicar em punições desde uma simples advertência até dois anos de suspensão”, criticou.
Marculescu acatou a decisão da CAS, mas frequentemente dá opiniões contrárias ao desfecho do caso Cielo. O diretor-executivo também se mostrou descontente com as regras atuais do doping mundial. “Agora é muito complicado. Antes era mais fácil. Tinha substância e não havia desculpas para explicar como tinha chegado em seu corpo. Era problema seu”, relembrou.