Daynara: vaga no Mundial após seis meses de suspensão por doping
Guilherme Coimbra
No Rio de Janeiro
06/05/2011 07h01
Daynara de Paula era toda sorriso na piscina do Júlio Delamare. Nesta quinta, a atleta do Minas venceu a prova dos 100m borboleta com o tempo de 58s78, apenas dois décimos do índice para o Mundial do Xangai, que ela já tinha alcançado há três semanas, na Tentativa organizada pela CBDA.
As duas conquistas fizeram a nadadora de 21 anos esquecer o gosto amargo que experimentou no ano passado. “Estou sentindo o melhor sabor do mundo”, desabafou. “É como juntar tudo o que eu mais gosto num mesmo sabor.”
Daynara foi suspensa por seis meses em 2010. Uma semana antes do Troféu Maria Lenk do ano passado, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) divulgou que a nadadora tinha apresentado resultado adverso num controle de dopagem dos Jogos Sul-americanos de Medellín, disputado em março. O exame acusou furosemida, diurético proibido por poder mascarar a presença de substâncias dopantes.
A atleta do Minas poderia ter pego até dois anos de suspensão, o que a tiraria da Olimpíada de Londres. O julgamento ocorreu em agosto de 2010, em Lausanne, sede da Federação Internacional de Natação (Fina). A estratégia do advogado Cristiano Caús, especialista em casos como esse, foi sustentar que uma farmácia de Belo Horizonte havia incluído a substância em uma fórmula que deveria conter apenas cafeína, chá verde, guaraná e taurina.
A alegação foi aceita. A Fina poderia ter anulado a pena de Daynara, mas decidiu reduzi-la a seis meses, porque considerou que a atleta fora negligente. A duração da punição, porém, ficou no limite para que a atleta pudesse disputar os Jogos Olímpicos de Londres. Um dia a mais e ela cairia na “Regra Osaka” do COI, que proíbe que qualquer atleta suspenso por doping por mais de seis meses dispute a edição dos Jogos Olímpicos que segue à punição.
“Aprendi muito durante a suspensão”, conta Daynara. “Eu já dava valor ao meu clube e aos meus familiares e agora dou muito mais. Sei em quem confiar. Acho que amadureci bastante nesse processo. Como não podia competir, eu me dediquei exclusivamente a treinar e consegui melhorar bastante os meus tempos.”
Daynara destacou o apoio dos patrocinadores, que jamais a abandonaram durante a suspensão “Todos me apoiaram muito”, contou. “O Minas foi exemplar comigo, assim como todos os meus patrocinadores individuais. Hoje é como se fossem a minha família.”
Ao sair da piscina, a Daynara ressaltou que o trabalho não pode parar depois da conquista do índice. “Nesta final, dei algumas vaciladas, mas consegui o resultado”, admitiu. “Ainda preciso melhorar o meu tempo para Xangai.”
Há dois anos, no Mundial de Roma, Daynara de Paula conquistou o resultado mais expressivo da sua carreira, ao chegar à final dos 50m borboleta e terminar a prova em oitavo.
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- Fotos de Satiro Sodré/CBDA, Facebook/CBDA e Júlio César Guimarães/UOL