Brasileiro sensação já foi rejeitado no TUF; agora estreia com moral no UFC
Guilherme Dorini
Do UOL, em São Paulo (SP)
31/05/2017 04h00
Você acha possível um lutador de MMA ser considerado um dos melhores do mundo mesmo sem sequer ter feito uma luta pelo UFC? Se respondeu não, é melhor rever seus conceitos. Marlon Moraes, 29 anos, conseguiu extrapolar a barreira do octógono e ganhou (muito) reconhecimento mesmo em um evento muito menor do que o comandado por Dana White. Depois de ser rejeitado em uma edição do reality show The Ultimate Fighter, o brasileiro deu a volta por cima e fará sua tão sonhada estreia na organização em grande estilo: acontecerá no próximo sábado (3), no UFC 212, no Rio de Janeiro.
Natural de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, Marlon começou a carreira no Thai Boxing com apenas sete anos de idade. Depois, com o passar dos anos, migrou para as artes marciais mistas, gostou e nunca mais largou. Sua estreia profissional aconteceu há dez anos, por um evento chamado Brazil Fight Center, onde saiu vitorioso após finalizar Bruno Santana.
Na sequência, rodou por eventos nacionais e internacionais, como Shooto, RMMA, Ring of Combat e XFC, até despertar o interesse do World Series of Fighting (WSOF), organização reconhecida nos Estados Unidos. Por lá, só não fez chover. Embalou quatro vitórias seguidas até ter a oportunidade de disputar o cinturão inaugural dos galos (até 61,2 kg). Conquistou o título em uma decisão unânime e defendeu com sucesso quatro vezes sua cinta, sendo dois nocautes, uma finalização e uma decisão.
Seu desempenho, já comentado no mundo inteiro, despertou o interesse de Dana White, que aproveitou o final de contrato do brasileiro com o WSOF para fisgá-lo ao UFC. "Estou muito feliz. Trabalhei muito para isso, era meu sonho e estou vivendo ele agora. Quero tirar o máximo e mostrar que eu realmente mereço estar lá", disse Marlon em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O que pouca gente sabe, é que, antes de estrear pelo WSOF, Marlon já havia sido rejeitado em uma edição do TUF, um reality show para lutadores entrarem no UFC. E não foi recusado por suas habilidades (ou a falta delas). O brasileiro foi barrado na parte da entrevista. Hoje, o episódio que já foi tratado com muita tristeza pelo brasileiro é visto como um aprendizado.
"Tive a oportunidade de tentar entrar no TUF em 2012, mas não passei na entrevista. Fiquei triste por não ter conseguido, era um sonho", lembrou, antes de explicar como funciona o processo. "Eles nos colocam para fazer grappling, manopla e tudo mais. Passei em todos, mas depois eles te entrevistam em uma sala. Para o evento, eles querem o show. Falaram que eu não me enquadrava no perfil. Mas falei que um dia chegaria. Então, fui para o WSOF, aprendi muito e hoje estou muito melhor. Hoje tenho certeza de que essa é a hora certa".
Marlon é visto como um lutador que pode dar trabalho a Cody Garbrandt, Dominick Cruz e TJ Dillashaw, tops do peso-galo. Para a estreia, o UFC mostrou que confia no potencial do brasileiro e colocou em seu caminho o compatriota Raphael Assunção, número três do ranking – um desafio e tanto ao ex-campeão do WSOF.
Apesar da moral, Moraes nega chegar já pressionado na estreia pelo UFC. “Não tenho nenhum tipo de pressão. A pressão era para chegar ao UFC, todo mundo querendo tirar meu cinturão... Agora sou franco-atirador. Tenho que apenas ir lá e dar o meu melhor”, analisou.
Segundo Marlon, a luta já com um top 3 não foi uma exigência sua ou de seu estafe. “Falei com meu empresário e não devia vir de mim escolher adversário. Foi eles (UFC) que ofereceram. Antes desta luta, até falaram sobre Jimmy Rivera, mas acabamos fechando com o Raphael. Quem quer ser campeão não escolhe luta, é assim que chego”, disse, antes de valorizar o rival.
“Acho que é uma luta dura em todos os aspectos, grappling, wrestling... Somos lutadores duros. Vai ser decidida no detalhe, principalmente na estratégia com os treinadores, utilizando todas as artes marciais. Vou aproveitar e dar tudo que tenho”, concluiu.
Raphael Assunção vem de vitória sobre a promessa Aljamain Sterling. Antes, havia ficado perto de disputar o cinturão da categoria após emplacar sete vitórias seguidas nos galos, mas acabou derrotado em uma decisão contra TJ Dillashaw e viu o rival ganhar a chance de disputar o título da divisão.