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Agentes veem potencial 'absurdo' de irmãos Falcão no MMA, mas alertam para o bolso

Esquiva Falcão ganha o carinho do irmão Yamaguchi na chegada ao Brasil Imagem: REUTERS/Cadu Gomes

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

27/08/2012 06h00

Esquiva e Yamaguchi Falcão foram as sensações do boxe brasileiro nos Jogos Olímpicos de Londres, faturando a prata e o bronze, respectivamente. Mas, mesmo com o Rio-2016 chegando, um assunto sempre surge no horizonte da dupla: o MMA. Partir para as artes marciais mistas é um desejo do pai deles, o folclórico septuagenário Touro Moreno.

Para entender um pouco das vantagens e desvantagens de uma possível transição, o UOL Esporte falou com empresários de MMA. O maior obstáculo, como é de se esperar, é adaptar o bom jogo em pé deles ao estilo mais completo usado em eventos como o UFC, incluindo os elementos de chão, principalmente do jiu-jítsu. Outra questão é a financeira, apesar de a atual fama dos irmãos já ser um empurrão qualquer seja o destino deles.

“Esses garotos seriam muito benvindos e ganhariam milhões e milhões no MMA”, diz Wallid Ismail, ex-lutador e hoje dono do Jungle Fight, um dos maiores eventos do país. “Eles são novos e já vem de uma família de destaque no vale-tudo, apesar de Touro Moreno ter lutado numa época em que não se ganhava dinheiro.”

Para o empresário, a imagem forte que os Falcão trouxeram de Londres-2012 seriam um empurrão na carreira deles, facilitando crescer rapidamente em uma nova modalidade, mais aquecida pela febre do MMA no Brasil. “O boxe praticamente acabou no Brasil e nos Estados Unidos são casos pontuais que conseguem atrair a atenção do público.”

Alex Davis, que cuida da carreira de nomes como Thiago Tavares, Edson Barboza e Antonio Silva, o Pezão, discorda. Para ele, o MMA pode parecer mais atrativo, mas é necessário fazer um estudo cauteloso na parte financeira. A curto prazo, o MMA oferece maiores oportunidades, com um maior número de eventos e mais visibilidade. Pensando mais longe, as bolsas mais volumosas dos campeões mundiais está no boxe.

Yamaguchi balança

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Tenho o sonho do meu pai. Não sei quando eu vou, mas sei que vou para o MMA. Depende muito da proposta. No momento estou na seleção, mas quero realizar o sonho do meu pai

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Yamaguchi Falcão, após o bronze

“Haveria grandes atrativos, mas eles não podem se esquecer: o boxe ainda paga mais que o MMA”, diz Davis, que admitiu que seria interessante trabalhar com os capixabas. “Se eles quisessem ir para o MMA e me procurassem, teria um imenso prazer de ver as possibilidades. Mas o mais importante é ser realista e abrir o jogo sobre todas as possibilidades. Eu nunca colocaria meus interesses na frente dos de um atleta.”

Mesmo assim, ele também concorda que eles têm a chance de um futuro de destaque. “Seria fantástico, eles vêm de um esporte nobre e muito importante. Já ter todo este talento no boxe, um dos pontos fundamentais no MMA, é um diferencial, algo difícil de ensinar.”

Uma ida ao MMA seria atender a um pedido especial de Touro Moreno, que apesar de já ter passado da casa dos 70 anos, nunca se aposentou oficialmente e fez seu combate mais recente em 2010. Ele participou de diversos duelos de vale-tudo , com destaque para o empate com Waldermar Santana, lutador conhecido por ter vencido o ídolo do jiu-jítsu Hélio Gracie.

De acordo com Dedé Pederneiras, técnico do campeão do UFC José Aldo, não importa se a dupla tem pressa para mudar para o MMA, ou prefere esperar mais um ciclo olímpico para isso: se houver interesse, os treinos de jiu-jítsu, wrestling e muay thai devem começar já.

Esquiva aponta continuidade

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Eu estou pensando em ficar no boxe olímpico ate as Olimpiadas de 2016, no Rio. Quero ganhar ouro para o Brasil, se Deus permitir

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Esquiva Falcão, em seu Facebook

“Tudo é uma questão de se adaptar. Eles têm um futuro absurdo se quiserem ir para o MMA, mas o bom seria começar logo. Quanto mais esperarem, maior o tempo perdido em treinar o chão e fazer atividades que ajudem na transição. Pelo que vimos nas Olimpíadas, eles têm sangue nos olhos, e isso é metade do caminho andado para se darem bem”, comentou Pederneiras, que também é empresário e cuida da versão brasileira do evento Shooto.

Atualmente, o boxe olímpico tem se sobressaído como opção de carreira no Brasil, na falta de bons eventos e grandes lutas no pugilismo profissional. Participar da seleção brasileira garante um salário e ganhos extras, como patrocínio de clubes, apoios como o da estatal Petrobras e até a chance de se tornar um atleta militar, que também rende uma remuneração mensal. Com tudo isso, é possível se chegar a quase R$ 10 mil por mês.

O MMA, por outro lado, gera rendimentos em bolsas por luta e atualmente se vê um crescimento nos patrocínios aos atletas. Ainda assim, é necessário um bom patamar e lutar em grandes programações para conseguir ganhos que se comparem ao do boxe olímpico.

Agora, resta aguardar qual será a aposta definitiva dos irmãos Falcão e quando eles cumprirão a promessa para o pai, de ao menos se testarem no mundo das artes marciais mistas.

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