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Volante do Grêmio ganhou apelido de colega quando foi parar na diretoria

Bitello, volante do Grêmio, comemora gol na final do Brasileiro de Aspirantes Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/11/2021 12h00

Poucos saberiam de quem se trata se falássemos de João Paulo, meio-campista de 21 anos, do Grêmio. Mas Bitello, muita gente já conhece. Autor de um dos gols do título do Brasileiro de Aspirantes, o jovem é mais um que pede passagem para a equipe a principal do Tricolor. E seu nome tem uma história curiosa.

Muita gente acha que é sobrenome, mas é apelido, e conquistado no primeiro dia de aula de 2013, no colégio Marilis Faria Pirotelli, em Cascavel (PR), numa passagem que acabou na diretoria.

"Tinha uma frase em um caminhão na cidade do meu parceiro, o Daniel, que dizia: "Que tal o Bitello" e ele contando a história sobre este caminhão era muito engraçado, porque passava na rua da casa dele, buzinando e fazendo muito barulho. Como ele estava falando, e era engraçado, eu estava dando risada. Daí a professora chamou nossa atenção", contou em entrevista ao UOL Esporte.

"Continuamos conversando e ela chamou atenção mais uma vez. Daí, neste instante, ele falou 'que foi o Bitello'. Todo mundo pensou que era eu e me olhou. Nisso, a professora pega e fala: então vai você e o Bitello para a diretoria. Pronto, quando voltamos para a sala de aula todo mundo já me chamava de Bitello, ninguém falava João Paulo, e pegou", completou o hoje destaque da base gremista, batizado Bitello na escola.

Não foi só no primeiro dia de aula, o apelido causa confusão até hoje, muita gente acha que é sobrenome, já teve confusão com os irmãos Biteco (atletas que passaram pela base do Grêmio. Um deles, Matheus, vítima da tragédia com o voo da Chapecoense, em 2016). Mas João Paulo, ou Bitello, nem pensa em desistir. Ele gosta do apelido.

"Nunca pedi (para ser chamado pelo nome), gosto do apelido. Eu acho engraçado, até mesmo pela história de como ele surgiu, em uma situação nova na época para mim, tempo de colégio, começo de adolescência. Então sempre que falo isso, trago as boas lembranças junto", disse.

"Alguns pensam que Bitello faz parte do meu nome, como sobrenome mesmo. Muitos não sabem como me chamo. No começo alguns confundiram um pouco sim (com Biteco), principalmente nas transmissões, os comentaristas e narradores, daí o pessoal ouvia e repetia. Mas não tem ligação, não. Eu até cheguei a jogar no meu começo aqui no Grêmio com o Biel (Gabriel Biteco). Peguei amizade com ele", completou.

O apelido seguiu no Grêmio, clube que defende desde 2018 quando chegou egresso do Cascavel após uma boa participação no Paranaense.

"Cheguei no Grêmio em agosto de 2018. Eu me destaquei jogando o Campeonato Paranaense pelo Cascavel, era o Sub-20 na época. Pude contribuir com gols, assistências, nós chegamos na final naquela temporada, eu fiz gol na semifinal, inclusive. Atuei também em alguns jogos pelo profissional naquele ano. E daí um olheiro que observava lá o interior do Paraná me viu e indicou ao Grêmio", contou.

"A adaptação foi tranquila, todo mundo me acolheu bem, me tratou super bem desde sempre. Complicado é a família, porque eu nunca tinha ficado muito tempo longe deles. Mas acontece, faz parte, para realizar um sonho de criança, tive e tenho que correr atrás. Quem sabe um dia, com muita dedicação, trabalho e foco, eu consiga trazer toda minha família para perto de mim", acrescentou.

Sonhos e inspirações

Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Meio-campista é o melhor termo para definir a função dele em campo. Com capacidade de chegar no ataque — tanto que fez um gol na final do Brasileiro de Aspirantes contra o Ceará, o terceiro no campeonato — e também vocação defensiva, ele se inspira em Thiago Alcântara e vê perspectiva de crescer pelo bom aproveitamento que o Tricolor tradicionalmente tem com jogadores egressos da formação.

"Gosto muito de ver o Thiago Alcântara jogar, me inspiro muito nele. Pela forma que ele se movimenta, pela qualidade no passe que ele tem, além da excelente visão de jogo. É um jogador muito inteligente", revelou.

"A confiança aumenta, temos que estar prontos a qualquer momento. O Grêmio é um time que dá bastante oportunidade para a base e quando aparece temos que saber aproveitar. Todo menino que está na base do Grêmio sonha em crescer e chegar ao time de cima. É uma estrutura bacana, clube de tradição, enorme, conhecido no mundo todo. Então, nós que trabalhamos diariamente pelo nosso espaço, com certeza temos a motivação de crescer, sabendo desta tradição", disse.

A expectativa é estar firme no grupo de cima em 2022. Com a camisa 8 vaga desde a saída de Maicon, quem sabe o número não esteja esperando um novo dono.

"Desejo para a próxima temporada estar no profissional e seguir crescendo na carreira. Estou trabalhando para isso, receber uma oportunidade e desempenhar meu melhor futebol, a fim de me consolidar no profissional", explicou.

Em 2021, Bitello não foi só campeão do Brasileiro de Aspirantes, mas também recebeu suas primeiras oportunidades no principal. Ele esteve em campo durante alguns minutos no jogo contra o Aimoré, pelo Gauchão, e durante o jogo completo contra o La Equidad, pela Sul-Americana.

"Estou vindo de uma sequência muito boa, desde o Sub-20 ano passado e na transição esse ano, fazendo bons jogos, vivendo a melhor fase da minha carreira. Sei que é ainda o início e tenho os pés no chão para seguir trabalhando. Claro que estou feliz e empolgado com o título que conquistamos, também foi especial estrear no profissional do Grêmio, jogar uma competição grande. Passo a passo sempre para evoluir cada vez mais e quem sabe um dia estar de vez no grupo principal", finalizou.

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