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Desafio de Tite, laterais da seleção avançam em processo de renovação

Renan Lodi conquistou espaço na lateral esquerda da seleção brasileira Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

13/11/2020 04h00

Depois da Copa de 2018, as laterais da seleção brasileira apresentaram um desafio para Tite. Nomes importantes da trajetória do treinador no comando do Brasil, Dani Alves, Fagner, Filipe Luís e Marcelo já não tinham o vigor de outrora, e não havia clareza em torno de jogadores mais jovens capazes de substituí-los. Pouco mais de dois anos depois, os confrontos diante de Venezuela, hoje (13), e Uruguai, na próxima terça, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, são oportunidades de encaminhar um processo de renovação que já se iniciou.

Até o ano passado, Tite não hesitou em recorrer aos nomes de confiança — logo depois do Mundial da Rússia, apenas Marcelo perdeu espaço. Na conquista da Copa América, no ano passado, estavam presentes três laterais remanescentes de 2018: Daniel Alves, Fagner e Filipe Luís. A aposta se revelou acertada, e, além do título, a seleção trouxe na bagagem o prêmio de melhor jogador entregue para Dani.

Se questionado diretamente sobre o assunto, o treinador não admite estar virando a página nas laterais da seleção, e garante que os veteranos estão no páreo, e que tudo é uma questão de momento.

"A concorrência leal pelas posições independe de idade, independe do passado e independe também da projeção futura. É momento. O merecimento é de acordo com nosso critério, nossa visão, nossas ideias, mas não existe preferência, em relação a Gabriel Menino, Dani Alves, todos os jogadores concorrem", afirma.

Na prática, entretanto, há vários sinais de que existe um processo de renovação em curso, e de que ele tem avançado neste início de Eliminatórias rumo à Copa do Qatar, em 2022. Filipe Luís não atua pela seleção desde a Copa América, no meio do ano passado. Dani Alves apareceu com a camisa amarela pela última vez nos amistosos de outubro de 2019, contra Nigéria e Senegal — até chegou a ser chamado na lista inicial que estrearia nas Eliminatórias, em março, mas os confrontos foram adiados devido à pandemia do novo coronavírus.

Desde o ano passado, Tite realizou uma série de testes, mas, no último dia 23, convocou pela segunda vez consecutiva o mesmo grupo de quatro laterais que integrou a seleção nos dois primeiros jogos das Eliminatórias, realizados em outubro. Dentre os quatros, apenas um remanescente da Rússia, Danilo, o mais novo dentre os laterais do Mundial, com 29 anos.

Do lado esquerdo, Lodi despontou como opção e vem se firmando como titular. O jovem lateral do Atlético de Madri, de 22 anos, é parte de uma mudança tática importante feita por Tite na forma de jogar da seleção, e atua com carta branca para chegar à linha de fundo pela esquerda e se juntar ao ataque brasileiro. A outra vaga segue em aberto, mas Alex Telles agradou no mês passado, quando esteve com a delegação para os jogos contra Bolívia e Peru.

Do lado direito, se Danilo é o atual titular, a comissão técnica da seleção tem em Gabriel Menino um projeto, e tenta, com o volante brasileiro, preparar desde cedo um sucessor de Daniel Alves. Com Tite, o ex-lateral do Barcelona e atual meia do São Paulo nunca foi um típico lateral direito, e sempre atuou como o que treinador chama de "lateral construtor". Nessa função, ao invés de buscar repetidamente a linha de fundo, flutuava para a área mais central do campo e auxiliava no início da construção e jogadas.

Por essa característica, a comissão vê em Menino um potencial sucessor, com formação tanto na lateral como no meio de campo. "Vimos que é um atleta que tem as valências para a posição, ainda com ajustes, mas qualidade técnica e um poder de crescimento muito grande. Fomos até as matrizes, fazendo essa investigação, das categorias de base do Palmeiras. É um jogador que conseguiu superar os desafios, e vinha crescendo também dentro do Palmeiras", contou o auxiliar César Sampaio.

O desenvolvimento de Gabriel Menino na seleção foi interrompido ontem (12), quando o jogador testou positivo para o novo coronavírus e acabou cortado. A comissão técnica ainda não decidiu sobre a necessidade de um substituto.

Ainda que Tite deixe claro que pode voltar a convocar os veteranos da lateral, o movimento ao longo dos últimos 12 meses indica que as portas começam a se fechar até para Dani. O ex-capitão da seleção tem atuado no meio de campo no São Paulo, e chegou a expressar à comissão tricolor o desejo de não retornar à lateral. Aos 37 anos, tende a se especializar cada vez mais em atuar na faixa central do gramado na reta final de sua carreira.

O Brasil enfrenta a Venezuela às 21h30 de hoje, no Morumbi. Na próxima terça (17), encara o Uruguai, em Montevidéu.

FICHA TÉCNICA:

BRASIL x VENEZUELA
Competição: Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo 2022, 3ª rodada
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data/hora: 13 de novembro de 2020 (sexta-feira), às 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Juan Benítez (Paraguai)
Assistentes: Eduardo Cardozo e Milciades Saldivar (ambos do Paraguai)
VAR: Eber Aquino (Paraguai)

BRASIL: Ederson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Allan e Douglas Luiz; Gabriel Jesus, Everton Ribeiro e Roberto Firmino; Richarlison. Técnico: Tite.

VENEZUELA: Wuilker Fariñez; Feltscher, Yordan Osorio, Chancellor e Roberto Rosales; Junior Moreno, Tomás Rincón, Cristián Cásseres, Darwin Machís e Savarino (Otero); Salomón Rondón. Técnico: José Peseiro

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