Antes artilheiro, Paulo Baier sofre como técnico: "Não deu pra engrenar"
Beatriz Cesarini e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo
13/09/2020 04h00
Terceiro maior artilheiro da era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro com 106 gols, Paulo Baier embarcou na carreira de técnico de futebol desde que pendurou suas chuteiras. O ex-jogador já treinou o Toledo, do Paraná, e Brusque, também de Santa Catarina. Agora, ele tenta engrenar na segunda passagem pelo catarinense Próspera.
"Dentro dos clubes que trabalhei a gente fez campanhas boas, campanhas ruins. Esses altos e baixos fazem parte. Não deu para engrenar, vamos dizer assim, mas eu já tenho um título já e isso é importante dentro de um currículo como técnico e daqui a pouco as coisas começam a encaixar, o negócio é ter paciência", disse Baier em entrevista ao UOL Esporte.
Após toda sua experiência como jogador, Baier está sentindo na pele a cultura de demissão de técnicos do futebol brasileiro. O treinador não concorda com esse hábito, mas prefere 'aceitar' do que tentar nadar contra a maré.
"Eu acho que tem que dar continuidade sempre ao trabalho, uma hora ou outra as coisas vão melhorar, mas isso faz parte da cultura nossa e dos próprios dirigentes. Existem também pressões fora do cube, então isso aí é uma coisa normal, mas vai fazer o quê? Virou rotina e é assim no nosso país, não adianta", opinou Paulo, que exaltou a diretoria do Grêmio
"Quem sabe um dia aparecem mais dirigentes como o Grêmio. O Romildo Bolzan banca o Renato Gaúcho e está conseguindo os títulos. Viveu já momentos ruins, manteve, conseguiu, está vivendo momento ruim agora também, mas vai conseguir reverter isso, então eu acho que é dar continuidade", acrescentou.
No ano de 2017, Baier iniciou sua carreira como técnico. No ano seguinte, o ex-jogador conquistou seu primeiro título: campeão da Série C do Campeonato Catarinense justamente com o Próspera. A ideia de se tornar treinador veio ainda na época em que ele estava nas quatro linhas.
"Nos últimos anos quando eu estava parando já estava observando alguns treinadores e aí decidi, muitos treinadores falavam que eu tinha uma leitura de jogo que eu tinha uma liderança e aí a gente iniciou essa carreira", contou Paulo, que vai trilhando a carreira de técnico aos poucos.
Baier não tem tanta pressão para chegar ao topo rapidamente. A instabilidade não preocupa tanto o novo treinador, uma vez que não depende só dessa carreira para administrar a vida familiar.
"Eu sou bem consciente com a questão de economia. Eu acho que a família é importante nesse momento... Além do trabalho como treinador, eu lido aqui no sul com plantação de soja. Enfim, então a gente está bem tranquilo sobre o sustento de todos", falou.