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Camarotes da Copa 2014 foram usados como propina, aponta Lava Jato

Estádio Mané Garrincha lotado para jogo do Brasil na primeira fase da Copa de 2014 Imagem: AFP PHOTO / EVARISTO SA

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, de São Paulo

26/09/2018 15h51

A 55ª etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (26) e que resultou em três prisões preventivas, 16 temporárias e 73 mandados de busca e apreensão, apontou, de acordo com investigação da Justiça Federal, que ingressos de jogos da Copa do Mundo de 2014 foram usados como propina pela Construtora Triunfo junto a membros do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), da Agencia Reguladora do Paraná (AGEPAR), da Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e de duas secretarias estaduais do Paraná.

A operação prendeu, entre outros nomes, Pepe Richa, irmão do ex-governador e atual candidato ao Senado no Paraná Beto Richa (PSDB), e emitiu mandado de prisão para Luiz Abi Antoun, primo dos Richa. Pepe Richa era secretário de infraestrutura e logística do Paraná, enquanto Abi Antoun é acusado de ser o operador do Caixa 2 de Beto Richa.

Denominada “Operação Integração II”, a investigação procura elucidar o envolvimento de políticos e executivos das empresas privadas e estatais que faziam a administração das rodovias federais no Paraná. Os crimes de corrupção, peculato, estelionato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro são as razões da operação.

Planilha da Construtora Triunfo mostra gastos com ingressos da Copa do Mundo de 2014. Segundo Operação Lava Jato, eles foram usados como propina. Documento é um dos anexos do processo Imagem: Reprodução

Em planilhas obtidas pelo UOL Esporte, consta, em depoimento de Nelson Leal Júnior, então diretor do DER-PR, que a Construtora Triunfo distribuiu 390 ingressos de camarotes para os jogos da Copa 2014 nas cidades de Brasília, Curitiba, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo. Os ingressos teriam sido adquiridos pela Triunfo, com um valor aproximado de R$ 2 milhões.

A empresa é a responsável pela Econorte, que controla o pedágio no Paraná. Também estão implicados administradores ligados às concessionárias Ecocataratas, do mesmo grupo, Viapar, Caminhos do Paraná e Rodonorte (esta, do Grupo CCR).

Ao todo, foram presenteados 14 executivos diretamente ligados à gestão das rodovias no estado, num total de 47 pessoas que receberam ingressos da Triunfo. Todos os ingressos eram de camarotes premier, com custo médio de R$ 5.165,84 por unidade. De acordo com a investigação, a propina mensal destinada aos administradores era de R$ 120 mil, destinados aos agentes do DER-PR e da AGEPAR.

No processo, não há indicativo de favorecimento por parte da CBF ou da Fifa para a aquisição dos ingressos. O único nome ligado ao futebol que aparece no depoimento é o do presidente do conselho deliberativo do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, citado por Leal Júnior como uma pessoa que indicou o ex-diretor do DER-PR, Luiz Kuster, como profissional para a Construtora Triunfo fazer a gestão das concessões do pedágio no Paraná, ainda na década de 90.

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