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Bom Senso 2.0: jogadores se unem para peitar sistema "com mais força" em SP

Lugano, Ricardo Berna, William Machado, César Sampaio, Júnior, Washington e Wilson Gottardo vão a lançamento de sindicato; Liselaine Marques é a advogada do grupo Imagem: Acervo pessoal

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

17/09/2018 04h00

Organizado ao longo dos últimos seis meses e formalmente constituído na última semana, o Sindicato dos Atletas de Futebol do Município de São Paulo promete ser uma nova entidade em defesa dos direitos dos jogadores. O presidente deste grupo é o ex-atacante Washington, aposentado desde 2015 e que durante a carreira defendeu clubes como Vasco, Ceará, Portuguesa e Palmeiras - onde viveu seus melhores momentos, inclusive como um dos artilheiros da Copa Libertadores de 2006. Apesar de ter pendurado as chuteiras, ele não deixou o futebol de lado.

"Eu administro um complexo de quadras de futebol society e escolinha em São José dos Campos, mas sempre mantive contato com as pessoas do futebol. Como eu tinha uma disponibilidade maior, me colocaram para tomar a frente. Eu estou pronto para assumir essa missão, porque nossa classe precisa de muita coisa, de muito suporte", diz o ex-jogador ao UOL Esporte.

Com Washington Mascarenhas à frente, o sindicato tem sua diretoria composta somente por jogadores ou ex-jogadores. William Machado, ex-zagueiro de Corinthians e Grêmio e que atuou como dirigente do Santos neste ano, é vice-presidente. César Sampaio é tesoureiro. O ex-goleiro Ricardo Berna é secretário-geral. Até o goleiro Fernando Prass, em atividade pelo Palmeiras, tem um cargo: é delegado representante. Outros dois nomes chamam atenção no "elenco" da entidade: Paulo André, zagueiro do Atlético-PR, e Alex, ex-meia e hoje comentarista, estão no conselho fiscal.

Bom Senso durou entre 2013 e 2016 Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Paulo André e Alex foram duas das principais lideranças do Bom Senso FC, movimento criado em 2013 por jogadores que desejavam melhores condições no futebol brasileiro. Pioneiro no país, o grupo chamou atenção para vários problemas, teve atuação na aprovação do Profut, mas mudou de formato em 2016 por falta de engajamento de novos atletas, falta de diálogo com a CBF e falta de verbas para financiar um projeto a longo prazo. O novo sindicato de São Paulo promete abraçar algumas lacunas que o Bom Senso deixou.

"Talvez o Bom Senso tenha perdido um pouco de força porque não tinha personalidade jurídica para dar continuidade. Nós conversamos com eles, vimos onde houve falhas e vamos tentar não repetir agora com a fundação desse novo sindicato. A ideia é ter autonomia, diferente do Bom Senso, mas dar sequência nas ideias. Queremos atuar com mais força que o Bom Senso", diz Washington, que participou do movimento de 2013 ainda como atleta e manteve conversas durante os últimos anos com outros membros fundadores do sindicato.

Na próxima semana haverá uma reunião para definir as bases de atuação do grupo - um dos assuntos discutidos será exatamente a forma de comunicação com torcedores e imprensa e alinhamento de ações.

Moisés e Fernando Prass, jogadores do Palmeiras, marcaram presença em ato Imagem: Acervo pessoal

E o sindicato que já existe?

Há um Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (SAPESP) em ação desde 1947, mas a nova entidade promete diferenciais. O primeiro, básico, é que é um projeto voltado a jogadores de futebol, sem considerar outros esportistas profissionais. Outro diferencial é geográfico, pois em vez do estado o foco está em jogadores da cidade de São Paulo. Por fim, a ideia do sindicato é ter mais proximidade com os jogadores - tanto é que há profissionais em atividade na diretoria da organização.

"Queremos estar próximos dos atletas, ouvir, receber e criar força. A gente já nasce com uma representatividade grande pelos nomes por trás, pela força na opinião pública. Queremos atuar de maneira bacana, criar benefícios, mas por enquanto estamos alinhando muita coisa para todos irmos no mesmo discurso e a partir daí seguir um caminho forte, que deixe um legado. Nós sabemos das necessidades. Eu joguei em time pequeno, o Berna também, vários outros, sabemos que você fica desempregado e não tem suporte, se lesiona e não tem suporte. O atleta de time grande joga demais e o de time pequeno passa nove meses desempregado. Vamos lutar por uma alteração no calendário", promete o presidente do novo sindicato paulistano.

Lugano discursou para brasileiros em criação de sindicato Imagem: Acervo pessoal

Lugano inspira movimento

O ex-zagueiro Diego Lugano, hoje superintendente de relações institucionais do São Paulo, compareceu à assembleia de criação do Sindicato dos Atletas de Futebol do Município de São Paulo e discursou durante cerca de dez minutos. O tema da explanação do uruguaio foi a união dos jogadores do futebol de seu país contra a federação que organiza o campeonato e a emissora que detém os direitos de transmissão. Além de Lugano, o meia Moisés, do Palmeiras, e o ex-lateral-esquerdo Júnior, pentacampeão mundial em 2002, também marcaram presença e assinaram a ata de criação do sindicato.

Os próximos passos do grupo serão reuniões com órgãos como o Ministério do Esporte, a Federação Paulista de Futebol, a CBF e a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais), que receberão pedidos de audiência para exposição de ideias.

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