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Tite justifica força máxima contra o Chile e indica próximo teste na equipe

Tite conversa com Willian em treino desta terça-feira (9), no Allianz Parque Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

09/10/2017 19h16

O treinador Tite respondeu muitas perguntas, nesta segunda-feira, sobre a manutenção da equipe titular para Brasil x Chile, na terça (10), no Allianz Parque. Mesmo com a vaga assegurada na Copa do Mundo e ao menos cinco posições em aberto no grupo de 23 convocáveis, ele optou por manter todos os principais jogadores disponíveis. Ederson será testado no gol, e Alex Sandro atua na lateral por lesões de Marcelo e Filipe Luís. Para ele, o momento não era para desestruturar o time base. 

"O Mundial já começou pra gente. É se consolidar como equipe, e eu tenho muito pouco tempo pra começar. Eu estou pilhado pra passar organização tática, bola parada, senso de equipe...fomentar essa consolidação e esse crescimento da equipe. Nos últimos dois anos, enquanto equipes, são as duas que (Brasil e Chile) que apresentam o melhor futebol na América do Sul. O Chile oscilando agora, mas muito bem nos últimos anos, e o Brasil retomando um padrão alto de exigência", comentou no Allianz Parque. 

"Não posso desestruturar a equipe em demasia. Já mexo no goleiro, lateral esquerda... aí retomo atletas que saíram em jogos anteriores. Se tu mexer demais, tu perde a organização, a coordenação e, inclusive, a preparação para o Mundial. Desestrutura. A característica do Marcelo é diferente do Filipe Luis, que é diferente do Alex Sandro. Quando tu começa a mexer nos três setores, essa oportunidade se perde em função da falta de estrutura. Que ela tá tomando agora, e que tem poucos jogos... Ao invés de oportunidade, você começa a dar um não senso de equipe", destacou Tite. 

Perguntado sobre o critério diferente ao utilizado contra a Colômbia, no mês passado, quando promoveu mudanças na equipe, ele explicou também. "Estou tentando lembrar da modificação contra a Colômbia. Lesão do Miranda, entrada do Thiago [Silva], e começaram Fernandinho e Firmino. Parte de uma lógica, então não é uma situação. Mantém-se a estrutura básica e dá-se oportunidade para que o conjunto continue bem. Eu vou dar oportunidade para a equipe crescer. Aqueles que entrarem, se melhorar, vamos deixar! Eu tenho por norma, por norma, em clube você repetia três vezes o time. Na seleção, é um pouquinho mais rápido: duas", comparou. 

Na entrevista, Tite ainda revelou a ideia de mudar o sistema da seleção com uma nova mexida quando possível: ter Fernandinho ao lado de Casemiro, na vaga de Renato Augusto ou de Paulinho.

"Daqui a pouco, o próximo passo pode ser a utilização de Fernandinho e Casemiro juntos. Uma retomada do Paulo, o Firmino. Nós já temos essas amostragens, e o desempenho do jogo vai falar. Eu sei que o Fernandinho, como primeiro, normal. O Thiago ou qualquer um [Miranda e Marquinhos], fecha o olho e coloca pra jogar. É o desempenho nos jogos, entrar no jogo e produzir bem. O Coutinho aconteceu isso. Que não ande o Paulinho e o Renato pra ver se não vão sentar! (risos) Vai entrar o Willian e o Coutinho. Esses atletas de alto nível vão te mostrando. O que eu não posso é ficar só na teoria e desestruturar a equipe. Talvez eu tenha te adiantado o próximo passo, que pode ser a utilização do Fernandinho com o Casemiro", citou. 

Confira mais declarações de Tite:

AS VIRTUDES DOS CAPITÃES
Marquinhos é liderança comportamental e de concentração. Casemiro é capacidade de competir em altíssimo nível e leal. Marcelo é qualidade técnica, jogador de 10 anos, com estofo de Real Madrid. Miranda é nível de concentração alto, competitivo, sério. Sério, com ele não tem sorriso! Não abre dente, tem seriedade. Renato é capacidade de entender o jogo na sua dimensão geral, de onde tu pode trocar uma ideia tática com as dificuldades que estão acontecendo, juntamente com o Dani.

Com o Thiago (Silva), essa percepção tática sobra. Coutinho é mágico. Neymar é diferente, liderança técnica e extraordinária. Eu não sabia que era tão ruim assim enfrentar o Neymar. Se o conjunto não estiver harmonioso, bota na responsabilidade de um decidir. Daqui a pouco vai aparecer Coutinho, Casemiro...a gente transfere responsabilidade, esse é o intuito da capitania. Tem que jogar todo mundo, são 11, po! Aí "bota no rabo do cara". Mas é mesmo, pô (risos). Eu fico chateado quando acontecem essas injustiças. Já resmunguei pra caramba.

POUCO TEMPO DE TRABALHO PARA MUDANÇAS
Talvez por uma própria ideia de manter essa estrutura básica e fortalecer ela. Eu sou repetitivo às vezes, mas se tivesse 4 anos... Eu tenho 13 jogos dirigindo a seleção. É um ano de barro, mas pô, são 13 jogos! Cara, é muito pouco tempo de trabalho. 13 ou 15, sei lá. Mantém uma estrutura básica e tenta mudar pra verdadeiramente oportunizar, com mudança de sistema e sendo agressivo. Talvez eu tenha colocado que as opções defensivas tenham se mostrado mais consistentes, mas fica aqui a deixa. Joguem em termos criativos e ofensivos que vai ter lugar também, é importante.

ALÍVIO POR TER A VAGA
Vendo toda a dimensão no pós-jogo contra a Bolívia, eu fiquei muito chateado porque a gente não traduziu um grande futebol. O futebol talvez seja o único esporte que tenha isso, que não traduz em efetividade. A gente acompanha em tempo real e sabe o quanto está difícil as Eliminatórias. Na reunião que eu tive hoje, o departamento de marketing da CBF está fazendo algo que, sem combinar, nós estamos fazendo com os atletas.

Olhar pro lado e dizer 'obrigado, cara'. Agradeça ao cara do seu lado. Agradeço que a gente já está classificado. Vocês imaginam o que todas as outras equipes... eles não estão dormindo, cara. Pela responsabilidade que o futebol traz, o quanto ele exige de cada país... Nós também não estamos dormindo, mas de gratidão.

PEDIDO AOS TORCEDORES
Estamos fazendo um pedido ao torcedor também. Eu sei que o torcedor é apaixonado pelo seu clube, com a seleção é diferente. Tem que jogar bem e cativar pra ele vir. Com o clube dele é incondicional. Eu olhei pro lado e agradeço, cara, porque tamanha responsabilidade e a gente vai fazer o que é mais importante para nós. Não é nada de extraordinário não, é o que a gente tem que fazer pelo nosso caráter. Fazer o nosso melhor e procurar crescer.

DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES NO TIME
Em termos anímicos, de alma, eu procuro cada vez mais fomentar o senso de equipe. Eu aprendi como ex-atleta. Quando a direção deixava o técnico instável, a gente falava na boca pequena que, se não ganhasse, o homem ia cair. Aí o homem caía e sabe o que acontecia? A responsabilidade era dele e a gente ficava isento. A cultura do futebol joga tudo em cima do técnico e não há consolidação de trabalho. Eu já fui até o técnico pra dizer que a culpa não era dele, mas aí me perguntei por que não fiz melhor antes, então? Quando eu passo a capitania pra cada um, é pra passar esse senso de responsabilidade. 

É fácil colocar no Neymar e jogar tudo nele, ó lá, não resolveu. Nós vamos dividir o pão, não é? Vamos trabalhar com senso de equipe. Eles estão compreendendo isso, e isso tem que ser fomentado a cada dia. A própria capitania do Neymar foi assim. Ele não queria no início, mas eu o convenci que ele tinha liderança. É fomentar isso a cada momento.

O QUE VÊ SOBRE O CHILE
É um time que tem um DNA bicampeão da Copa América. É de triangulação, da jogada curta, pode usar o adjetivo que quiser. Joga sem pensar, porque já tem uma rotina e um entrosamento muito altos. Voltou o Valdivia agora, que é da época que eu era treinador do Palmeiras. Tu tem uma série de jogadores que já estão reunidos há muito tempo. Não vai pesar em jogos decisivos, porque já tá calejado. Para mim, são as duas equipes que nos últimos dois anos estiveram no nível mais alto em individualidade e como equipe.

NÃO FALA SOBRE A PRISÃO DE NUZMAN
Eu tenho opinião sobre tudo do aspecto político, sobre o que aconteceu agora com o COB. Eu tenho opinião, mas quero continuar focado no meu trabalho. Não estou me isentando da minha responsabilidade, e quem me conhece, sabe. Só não me dou o direito de tirar a responsabilidade que eu tenho, que é a seleção brasileira, e a minha conduta sobre a seleção brasileira. Eu tenho necessidade de me manifestar e me posicionar, e eu faço! Posso, devo e quero? Eu posso? Posso. Quero? Quero. Mas eu devo? Não devo. Pelo menos no momento, eu não devo.

PARA TITE, LEGADO DE DUNGA É BOM
Eu tento, de alguma forma, compensar. E faço a preparação de todos, independentemente se vão começar ou não. Se o Thiago sai com cinco minutos, quem entra já sabe a função tática, o que vai fazer, quais são as bolas paradas. O atleta está preparado, vai que é sua. Tento potencializar esse tempo. A outra parte dessa estruturação do tempo todo...eu tenho um legado, de uma fase pra outra. Eu tenho um legado bom. Eu não falo isso por demagogia, mas o Renato já tava afirmado. Esse é o legado do Dunga. O Alisson era o goleiro. A gente tem que ter o bom senso. A base da equipe teve o sucesso de 2013 e o insucesso de 2014. Vamos ser justos! Foi campeã da Copa das Confederações metendo três na Espanha. Não tem continuidade do técnico, mas há um legado. 

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