Grêmio tem reunião e blindagem a Renato em 'ressaca' pós-Gauchão
Jeremias Wernek
Do UOL, em Porto Alegre
26/04/2017 04h00
O Grêmio vive uma espécie de ressaca após cair na semifinal do Campeonato Gaúcho. A eliminação diante do Novo Hamburgo foi seguida por uma agenda sem folgas, reunião adiada para evitar ‘cabeça inchada’ e apoio público a Renato Gaúcho. O trabalho do treinador não é contestado internamente, mesmo que junto à torcida já existam restrições.
O título da Copa do Brasil e a gestão do grupo são os grandes trunfos de Renato para seguir firme no cargo. O aproveitamento no ano também não é ruim: 57%.
Só que a bronca de setores da torcida é com o desempenho da equipe. O estilo de jogo foi mantido, mas o nível de atuação caiu. Em meio à fase de classificação do Gauchão, Renato justificou a oscilação pelos desfalques. Internamente o Grêmio já detectou que precisa corrigir problemas defensivos e busca uma opção para encarar retrancas.
Reunião no CT
As duas ideias foram abordadas em uma reunião ordinária entre departamento de futebol e comissão técnica. A frustração pela eliminação na semifinal do Estadual fez o encontro ser adiado. Originalmente agendada para as segundas-feiras, a conversa ocorreu na terça. A mudança foi para evitar fuga das pautas por conta da ‘cabeça inchada’.
O encontro foi realizado no CT Luiz Carvalho, antes do treino. Os integrantes do departamento de futebol revisaram o jogo e o planejamento para as próximas semanas, assim como o status do elenco. A estratégia de preservar atletas na Libertadores não foi debatida. O entendimento é de que a decisão foi acertada.
A lesão de Edílson, desfalque por 15 dias, é o argumento de que a preservação foi necessária. O lateral direito foi um dos três titulares que atuaram no Paraguai, contra o Guaraní, e depois começou o jogo diante do Novo Hamburgo.
Apoio e blindagem
Um dia antes da conversa, Maicon foi para entrevista coletiva e prestou apoio a visão de Renato Gaúcho. O treinador, que usou a expressão ‘deu mole’ após o empate no tempo normal e eliminação nos pênaltis, ganhou respaldo do capitão do elenco.
“Não é hora de baixar a cabeça, ano passado enfrentamos um período difícil e foi por algo assim, se questionando. O Renato sabe da nossa qualidade, tem o grupo na mão”, disse o volante. “O grupo está nas minhas mãos, 100% nas minhas mãos, e no dia que eu achar algo contrário, eu pego minha mala e vou embora. Ninguém vai precisar me dizer. Eu pego meu boné e saio. Enquanto estiver aqui, pode ter que o grupo está na minha mão”, reforçou Renato no dia seguinte.
O entendimento da diretoria é que Renato se blindou publicamente e também escudou o elenco. A teoria se aplica para o uso de expressões como ‘nana neném’ e ‘deu mole’, citadas após os gols sofridos contra Deportes Iquique-CHI e Novo Hamburgo.
A blindagem de Renato diante dos microfones ganhou guarida de pessoas próximas ao vestiário, que veem uma postura diferente dele no dia a dia, com análise mais profunda e diálogo maior com os jogadores e comissão técnica.
“Eu sei onde estão os erros, mas não vou expor. Ué, eu sou pago para corrigir. Eu corrijo, converso com o grupo. Você não entendem de futebol? Então podem saber onde erramos. Eu sei e já falei com o grupo. Quem entende de futebol sabe, é simples”, disse Renato, escondendo o jogo.
O Grêmio volta a campo na quinta-feira, quando recebe o Guaraní-PAR pela quarta rodada do grupo 8 da Libertadores. A partida pode servir para o Tricolor encerrar o clima de ressaca e buscar dias melhores na temporada.