Repórter chileno relata prisão na Arena Corinthians: "Me recordou Pinochet"
Diego Salgado
Do UOL, em São Paulo
07/04/2017 04h00
Passadas 20 horas da confusão entre chilenos e policiais na Arena Corinthians, Cristopher Antúnez ainda tenta se recuperar dos momentos de tensão vividos no estádio. O jornalista de 26 anos foi detido por policiais, levado à delegacia e liberado apenas no começo da tarde desta quinta-feira.
Em contato com a reportagem do UOL Esporte, Antúnez conta que a ação da Polícia Militar no setor Sul da Arena Corinthians o remeteu à ditadura chilena dos anos 1970 e 1980."Tive medo e me recordei da ditadura de Pinochet", disse o jornalista da Rádio Universidad de Chile.
Segundo ele, a truculência deu-se somente no estádio, durante o intervalo da partida válida pela Copa Sul-Americana. Antúnez foi ao local da confusão depois de escutar relatos de torcedores feridos. Quando chegou, foi barrado e detido por um policial.
"Fiquei de frente para uma parede e pedia para falar com um superior. Ele passou pelo meu lado e esmagou minha cabeça contra a parede", contou Antúnez, que foi levado à delegacia ao lado de outros 25 torcedores chilenos.
Procurada pela reportagem e indagada sobre os relatos dos chilenos, a Polícia Militar de São Paulo não respondeu à pergunta até o fechamento da matéria.
Na manhã desta quinta-feira, a polícia colheu depoimentos de todos os detidos, além de funcionários da Arena Corinthians. Após os relatos, o jornalista foi liberado, assim como uma mulher que não teve a identidade revelada. Os outros 24 torcedores da Universidad de Chile continuaram no 24º DP, na Ponte Rasa, zona leste de São Paulo.
Confusão se intensificou no intervalo e deixou rastro de destruição
A briga entre chilenos e policiais começou antes mesmo de a bola rolar na Arena Corinthians. No intervalo do jogo, entretanto, o confronto tomou proporções maiores e chegou, inclusive, a atrasar o reinício da partida.
Durante o incidente, vários torcedores chilenos quebraram cadeiras do estádio, atirando-as em corintianos e nos policiais. Nesta quinta-feira, o Corinthians divulgou o saldo da briga: 218 assentos quebrados além de um corrimão da arquibancada visitante, uma tampa de um vaso sanitário e uma porta de vidro do portão de credenciamento do estádio.
O Corinthians ainda disse que, diante da briga no estádio e da depredação, irá "buscar seus direitos junto aos órgãos competentes da Conmebol".