Ex-organizador da Copa do Mundo insinua manipulação em sorteios do torneio
Do UOL, em São Paulo
14/07/2016 10h25
Empresário que durante anos organizou eventos da Fifa, Benny Alon acredita na possibilidade de ter havido manipulação em sorteios da Copa do Mundo. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o executivo cita o sorteio do Mundial disputado em 1994, nos Estados Unidos, como exemplo de que poderia ter ocorrido fraude.
“Um dia antes do sorteio, eu estava com os organizadores que me confirmavam a pressão do México para jogar em Orlando”, disse.
A seleção mexicana foi escolhida para atuar no grupo E, atuando entre Washington e Orlando. A comunidade mexicana em Orlando é enorme. A Fifa sabia disso, diz Alon.
“Não sei como fizeram com as bolinhas. Mas a realidade é que o pedido dos mexicanos foi atendido no sorteio”, acrescenta o empresário. O “homem das bolinhas” na época era Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa.
Benny Alon tem colaborado com a Justiça suíça, que investiga casos de corrupção na Fifa. Ele denunciou no ano passado um esquema de venda de ingressos dentro da Fifa para o Mundial de 2014, disputado no Brasil. Alon é dono da JB Sports & Marketing (empresa que operava na venda de ingressos com a Fifa). Esse mercado paralelo de venda era comandado por Jerome Valcke, ex-braço direito de Blatter. Valcke acabou sendo expulso da Fifa após o escândalo ser revelado.
Blatter: fraude em sorteio era ‘comum’ em torneios europeus
Em entrevista ao argentino La Nación, em junho, Blatter negou que tenha havido manipulação em sorteios da Fifa. Mas o ex-dirigente declarou que a prática de fraudar a bolinha era comum na Europa.
"Nunca toquei as bolinhas (que contém os nomes das equipes), mas outros o fizeram. É claro que podemos torná-las reconhecíveis, ao aquecê-las ou esfriá-las. Já fui testemunha de sorteios, a nível europeu, em que isso acontecia. Mas nunca na Fifa", disse o suíço.