Após recorde, Buffon faz declaração de amor ao gol
Da Ansa
21/03/2016 18h07
Dono do recorde de invencibilidade do Campeonato Italiano, o goleiro Gianluigi Buffon divulgou nesta segunda-feira (21) em suas redes sociais uma carta em que faz uma declaração de amor àquele que luta para proteger há mais de 25 anos: o gol.
No texto, o arqueiro da Juventus e um dos maiores de todos os tempos lembra quando, aos 12 anos de idade, renegou o seu passado de meio-campista para virar as costas à baliza. "Uma escolha de coração, uma escolha de instinto. No mesmo dia em que deixei de te olhar no rosto, comecei a te amar", escreve Buffon.
No último domingo (21), o goleiro de 38 anos completou 973 minutos sem levar gol no Campeonato Italiano e superou o recorde de Sebastiano Rossi, que, na temporada 1993/94, ficara 929 minutos sem ser vazado no Milan. "Sempre fomos opostos e complementares, como a Lua e o Sol. Obrigados a viver um ao lado do outro, sem podermos nos tocar. Companheiros de vida a quem é negado o contato", diz ainda o craque da Juve e da Azzurra.
Confira abaixo a carta de Gigi Buffon:
Tinha 12 anos quando te virei as costas. Reneguei o meu passado para te garantir um futuro seguro.
Uma escolha de coração.
Uma escolha de instinto.
No mesmo dia em que deixei de te olhar no rosto, comecei a te amar.
A te proteger.
A ser o teu primeiro e último instrumento de defesa.
Prometi a mim mesmo que faria de tudo para não cruzar nunca o teu olhar. Ou para fazê-lo o menos possível. Mas cada ocasião dessas foi um sofrimento, ter que me virar e perceber que tinha te decepcionado.
Mais uma vez.
Ainda outra vez.
Sempre fomos opostos e complementares, como a Lua e o Sol.
Obrigados a viver um ao lado do outro, sem podermos nos tocar.
Companheiros de vida a quem é negado o contato.
Há mais de 25 anos eu fiz o meu voto: jurei te proteger e te guardar. Fui teu escudo contra os inimigos. Sempre pensei no teu bem, colocando-o na frente do meu. E todas as vezes que me virei para te olhar, tentei encarar a tua expressão decepcionada de cabeça erguida, mas me sentindo conscientemente culpado.
Tinha 12 anos quando voltei as costas ao gol.
E continuarei a fazê-lo. Enquanto as pernas, a cabeça e o coração continuarem no comando.