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Inter tem até treinador de bola parada na base para lapidar joias

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

29/01/2016 06h00

Em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, o treino das categorias de base do Internacional não termina no apito final. Após a atividade principal, surge no gramado um treinador de bolas paradas. Ele é Chico Fraga, ex-lateral do Colorado, São Paulo e Fluminense, e que coordena um trabalho de aprimoramento técnico com jovens de 15 a 20 anos.

Chico foi bicampeão brasileiro com o Inter em 1975 e 1976 e, desde 2001 trabalha com as categorias de base. Sempre como treinador de bola parada. Quando Muricy Ramalho passou pelo Beira-Rio, chegou a integrar a comissão técnica do elenco principal, mas depois voltou a trabalhar com os garotos.

O método de Chico Fraga é simples: tentativa e erro, com dicas de quem ganhou espaço na carreira cobrando faltas. “A gente aprimora o jeito que eles batem na bola, cada um tem seu estilo. Depois do treino, fazemos umas 10, 15 repetições. Vamos corrigindo e tornando a cobrança mais natural, mais técnica”, conta.

Durante as cobranças, Chico orienta os jovens e cria pontos imaginários que afetam diretamente a trajetória da bola rumo ao gol. “Mira entre o segundo e o terceiro da barreira, bate nela mais rápido que não tem como o goleiro chegar”, diz o ex-lateral a uma dupla do time juvenil do Inter.

“Eu trabalhei com vários garotos aqui e também com o time profissional. O Valdívia passou por aqui e ele pega muito bem na bola, deveria cobrar mais faltas no time de cima”, opina Chico Fraga. “O Alex é um dos que trabalhou comigo sem ser da base e está lá agora, de novo. Eu fico até meio irritado de não ver ele cobrando falta. É um cara que consegue bater dos dois jeitos, com técnica e com força”, completa.

A grande inspiração de Chico Fraga enquanto lateral foi Nelinho, ex-jogador do Cruzeiro e da seleção brasileira. A maneira de pegar na bola e o efeito obtido fizeram o agora treinador ser obcecado pelo movimento, nos anos 1970. Hoje, ele tenta transmitir aquilo que aprendeu só observando o ídolo.

“Bater com técnica é mais fácil do que bater com força. E dou um exemplo só para comprovar. Quem bate com técnica, se quiser, pode bater com força. Quem bate com força dificilmente consegue bater com técnica”, comenta.

Chico Fraga trabalha no Inter desde 2001 e aponta Jorge Wagner como seu melhor 'aluno' Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Para o clube, o trabalho tem papel importante na formação do jogador. O refino técnico é um dos cuidados do Internacional nos últimos anos – tanto que o clube encorpou o projeto chamado ‘Aprimorar’, por onde passaram nomes como Alexandre Pato, Luiz Adriano e Leandro Damião. No final de 2015, o ex-centroavante Christian comandou uma oficina para atacantes.

Recentemente, a base do Inter recebeu outro investimento. Novos observadores foram contratados para ampliar a rede de análise e prospecção de jovens. No ano passado, o clube foi o único brasileiro convidado a participar de um seminário sobre a formação de atletas, sediado na Alemanha. Tudo porque os treinos não terminam no apito final.

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