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Ex-atacante do Fla amaciava chuteira do 'xará' Romário. Hoje estuda Direito

Roberto Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

23/12/2015 06h00

Atacante, baixinho, habilidoso, veloz e goleador. As semelhanças com Romário fizeram com que Paulo Marcel Pereira Merabet virasse "xará" do Baixinho no Flamengo. Mas quem? Roma, como ficou conhecido no mundo da bola, vestiu o manto rubro-negro entre 1998 e 2003. Chegou na Gávea ainda nas categorias de base, quando o apelido em alusão ao camisa 11 ainda era outro.

“Como eu era atacante, veloz, com habilidade, os colegas começaram a me chamar de Romarinho, só que o Romário tem um filho chamado Romarinho. Eu achei a comparação muito legal, eu sempre gostei dele e ser comparado com o Romário é uma coisa muito à frente. Mas como tinha o Romarinho, os caras começaram a me chamar de Roma. Na peneira do Flamengo, na base, tinha muito Paulo e nome composto naquela época não era famoso, Paulo Ricardo, Paulo Davi, Paulo Roberto. Então eu acatei este apelido de Roma”, explica em entrevista ao UOL Esporte.

Natural de Belém, capital do Pará, Roma chegou aos 16 anos no Flamengo para realizar testes nas categorias de base. Ficou. Quando viu, era responsável por amaciar as chuteiras do Baixinho.

“O Romário chegou em 99, eu cheguei em 98. Eu era da categoria de base, calçava o mesmo número de chuteira que ele, 39, e naquela época as chuteiras eram um pouco duras. Tinha que ter uma flexibilidade maior e ele pedia para a categoria de base amaciar as chuteiras dele. Então eu tive este privilégio e ao mesmo tempo a felicidade de estar amaciando as chuteiras dele pra quando ele fosse jogar elas já estariam macias”, relembra.

Mesmo sem ter jogado partidas oficiais ao lado do ídolo, Roma conviveu com Romário. Treinou, disputou amistosos, ouviu conselhos e até uma cobrança pelo peso do apelido.

“Ele sempre me incentivou bastante. Eu tinha a oportunidade de conversar com ele e sempre pedia opiniões, ensinamentos. Ela falava: ‘Roma, tem que ter muita responsabilidade, você tem o seu estilo e você tem que mostrar por que é o Roma. Usando o meu nome você tem que mostrar serviço’. Eu sou aqui do Norte, a dificuldade é grande, a gente sabe que pra ter sucesso e estar deslumbrando coisas melhores vindo do Norte é muito difícil. Então eu sempre fui um cara pacato, tranquilo, com responsabilidade. Nunca me deslumbrei com nada, tive o meu objetivo e o meu foco que era chegar no Flamengo. Eu sabia que a dificuldade era grande e ainda mais ser comparado com o Romário, isso foi um privilégio pra mim, mas ao mesmo tempo com os pés no chão, com humildade e com simplicidade como eu sempre fui”, conta.

Além da relação com Romário, Roma viveu grandes momentos no Flamengo, seu clube de coração, onde ele sonhava em jogar desde a infância. No período em que ficou na Gávea, o ex-atacante viu em campo o gol de falta antológico de Petkovic contra o Vasco, aos 43 minutos do segundo tempo, na final do Campeonato Carioca de 2001 numa Maracanã lotado. E balançou as redes contra o Palmeiras num jogo em que o Flamengo lutava contra o rebaixamento.

 “Eu tenho várias lembranças, desde o tricampeonato, daquela falta do Pet e eu jogando, campeão da Mercosul e também do gol que eu fiz em 2001 contra o Palmeiras em Juiz de Fora. A gente tinha que ganhar para não ser rebaixado e vencemos por 2 a 0. Um gol do Juan, zagueiro, e eu fiz o segundo gol. Durante a semana foi muita pressão até o jogo foi transferido do Maracanã para Juiz de Fora, a torcida na época querendo invadir o nosso treino e seria uma tragédia se acontecesse o nosso rebaixamento. Então na época a diretoria resolveu transferir o jogo para Juiz de Fora e só uma vitória pra tirar a gente do rebaixamento.”

Roma lembra com detalhes do seu gol decisivo contra o Palmeiras.

“O Alessandro, lateral direito, deu um passe para o Petkovic no meio e o Pet me lançou na entrada da grande área. Eu estava na meia esquerda do campo, passei pelo Magrão e vieram dois zagueiros. Eu chutei forte em cima do Marcos, foi um gol bonito. Eu tive a oportunidade naquela época da minha filha ter nascido havia uns 15 dias e eu pude homenagear ela com este gol. Foi tanta felicidade para a nação rubro-negra como pra mim, eu até quando fiz o gol fui para a câmera e mostrei a foto dela que estava na camisa por baixo com a foto dela e escrito Marcela”, narra.

Após deixar o Flamengo em 2003, Roma foi para a Coreia do Sul, onde adaptou-se facilmente e conquistou títulos. Depois, transferiu-se para a Bélgica, porque sonhava em jogar na Europa, mas não se acostumou com o frio belga e deixou o país após uma temporada. Foi para Portugal e depois ao México, de onde retornou ao Brasil.

De volta ao país, Roma ainda vestiu a camisa do Marília de São Paulo e encerrou a carreira no Bragantino do Pará aos 33 anos. Depois de pendurar as chuteiras, o ex-atacante optou por novos rumos da vida. E, assim como Romário, trocou as chuteiras pela gravata. Só que com profissões diferentes.

“Falta um ano para eu me formar em Direito, passei para o último ano. A minha família sempre foi do Poder Judiciário, a minha mãe é desembargadora, a minha irmã é advogada e procuradora aqui, só o meu pai que é engenheiro. Quando eu estava no Flamengo eu já fazia Direito, mas como tinha treinamentos, viagens, eu tranquei a faculdade e quando eu tomei esta decisão de parar eu quis retornar aos estudos. Eu fiz vestibular de novo, passei e retornei aos estudos. Eu tenho também uma empresa de gestão, que revela jogadores e faz contratos pra eles jogarem nos times profissionais aqui. Remo e Paysandu, como também pra fora daqui do Pará.”

Prestes a virar advogado, Roma pensa em unir as duas paixões: o futebol e o Direito.

“Eu pretendo dar continuidade na nossa empresa e dar preferência à área esportiva, revelando e dando todo o suporte jurídico para os nossos jogadores. A minha empresa gerencia a carreira de jogadores de futebol. Por sinal tem até um atleta que está em Portugal, no Marítimo, que é o Raul Silva, zagueiro muito promissor, muito bom, canhoto. E o outro é o Lucas Gomes, que é um atacante que está no Fluminense. Eu sou o agente deles, eu indico, faço a captação de recursos de clubes e faço também a avaliação técnica pra estar resgatando novos valores. Treinador não é o meu perfil e nem gerente de futebol”, conclui Roma.

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