Ricardo Gomes vive recluso 3 anos após AVC e adia retorno como técnico
Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro
28/08/2014 15h00
Há exatos três anos, Ricardo Gomes luta contra as limitações físicas impostas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico que quase lhe custou a vida. Desde a tarde de 28 de agosto de 2011, em um jogo contra o Flamengo no Engenhão, o ex-técnico do Vasco não deixa de pensar no susto que virou drama, foi acompanhado por todo o Brasil e impediu a sequência de seu trabalho à beira dos gramados. Falar sobre o assunto, no entanto, incomoda o treinador que insiste em não colocar o termo “ex” antes de sua profissão.
Em três breves contatos com a reportagem nas últimas semanas, Ricardo relutou em aceitar falar sobre o tema. O técnico mostrou até bom humor, mas não quis recordar o episódio e comentar nada a respeito do esporte que viveu a vida inteira.
“Posso falar sobre vinhos, conversar sobre política, mas nada de futebol. Não quero”, frisou o ex-diretor de futebol do Vasco que ocupou o cargo até fevereiro deste ano.
“Só falava antes porque eu era obrigado. Alguém tinha que se posicionar em nome do clube”, disse, justificando suas últimas entrevistas.
O comportamento reflete a rotina atual. Recluso e focado apenas na fisioterapia para recuperar por completo os movimentos do lado direito do corpo, Ricardo não quer saber de holofotes.
A data do AVC, que completa três anos nesta quinta-feira, será lembrada apenas como mais um dia na luta de um sonho que ele não desiste, mas teve que ser novamente adiado.
Quando deixou o clube de São Januário, no início de 2014, Gomes projetou intensificar as sessões de fisioterapia e fonoaudiologia – prejudicadas pela rotina de diretor de futebol – para que pudesse avaliar propostas de voltar ao trabalho como técnico após a Copa do Mundo. E assim fez, interrompendo o tratamento apenas quando foi a Portugal acompanhar finais de torneios europeus - Liga dos Campeões e Liga Europa.
As coisas, no entanto, não ocorreram como planejado. Ainda assim, mesmo sumido e recluso, ele não quer ser totalmente esquecido. E mantém viva a esperança de voltar a aparecer como antes, na beira dos gramados.
“Se não for nos três próximos meses, será em janeiro [de 2015]. Se não der, será no segundo semestre. Se não puder, será depois. Mas vou tentar”, garantiu.