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Elias repete Pato em sua primeira entrevista, mas com "cara de Corinthians"

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

10/04/2014 14h20

A sala de imprensa lotada no CT Joaquim Grava, a agitação da torcida com um reforço que custou caro e a lembrança dos momentos de torcedor na final da Libertadores de 2012. Foi Elias em sua apresentação no Corinthians, mas poderia ter sido Alexandre Pato, há pouco mais de um ano, ocupando a mesma cadeira. A diferença é que, agora, o resultado dessa combinação soa mais verossímil.

As semelhanças entre as primeiras palavras de Elias e Pato são consideráveis. O volante se reapresenta ao clube que lhe deu fama em 2008 apostando na identificação com a torcida. Em pouco mais de meia hora, soltou frases de efeito, relembrou glórias e fracassos nos tempos de fanático por Rincón, Vampeta e companhia e repetiu juras de amor.

“O Corinthians representa tudo para mim. Se eu sou jogador é porque na infância eu tinha um clube”, “Quando o bicho pegar, o Corinthians pode contar comigo”, “Eu escolhi ser feliz” e “Se ele [Mário Gobbi, presidente] quiser a gente assina por mais uns dez anos” foram algumas das frases de Elias, que ainda teve de responder se tem a “cara do Corinthians”.

“Não só a cara [de Corinthians]. Cara, corpo coração, estilo de rua. Sou maloqueiro”, disse ele, sem pestanejar.

Pato também tentou aproximar-se da torcida na sua vez. “Resolvi voltar porque senti o calor da torcida quando fui no Pacaembu ver a final da Libertadores. Aquilo me ajudou muito na escolha e tenho certeza de que serei feliz”, disse ele à época.

“Fui [para o jogo] como todos, normal, peguei trânsito, pedi espaço pra passar, passei no meio da torcida. Coloquei casaco no meio da torcida. Foi emocionante. Escutava ´é nóis [sic] mano, aqui é Corinthians’. Senti aquele calor quando eu ouvi ´um bando de loucos´. Aquilo é emocionante”, completou Pato, que na ocasião ainda vestiu um boné da torcida organizada e repetiu, ele mesmo, o “é nóis, mano”, diante dos câmeras e fotógrafos.

A lua de mel, no caso de Pato, durou pouco. Depois de um início animador, ele teve trabalho para se firmar no time, passou a ser questionado pela postura em campo, perdeu gols importantes e “coroou” a passagem com a cavadinha mal-sucedida na Copa do Brasil, contra o Grêmio.

Elias, por sua vez, também tem história para contar da final da Libertadores de 2012. Só que o volante teve um pouco mais de trabalho para ver o Corinthians de perto, já que escolheu acompanhar o time na torcida visitante, em Buenos Aires, na Argentina.

“Eu estava assistindo à semifinal com os meus amigos e disse: ‘Se o Corinthians passar para a final, é um momento histórico. Não admito não estar lá’. Fiquei falando com o pessoal do clube: ‘Arruma um ingresso para mim’, enchi o saco. Fiquei no mesmo hotel do Corinthians, cobrava meu ingresso, pedia : ’Não me deixa na mão’. Foi uma emoção muito grande. Ali eu vi mesmo o que o torcedor passa para assistir um jogo fora”, disse Elias, que não teve privilégios e enfrentou revistas e bloqueios da polícia nas cercanias da Bombonera. 

Os discursos semelhantes têm efeitos distintos. Alexandre Pato nunca conseguiu render o que se esperava em campo e sofreu muito com a cobrança de que não tinha a “cara de Corinthians”. Ao chegar ao São Paulo, depois de uma troca com Jadson, ele disse exatamente isso aos cartolas tricolores ao explicar seu fracasso no Parque São Jorge.

Na prática, o que aconteceu é que a imagem que Pato tentou passar no início de sua trajetória não colou. O jeito de falar, a timidez e a suposta falta de “raça” em campo fizeram a diferença para que o rótulo de “torcedor corintiano” não colasse em Pato.

O caso de Elias, nesse aspecto, é diferente. Fanático pelo clube desde criança, ele sempre exaltou a ligação, já teve uma primeira passagem de sucesso e foi saudado pela torcida no reencontro, ano passado, quando ainda atuava pelo Flamengo. Não por acaso, destaca uma história pessoal quando é perguntado sobre sua melhor lembrança do Corinthians.

“Meu melhor momento no clube como atleta foi quando retornamos à Série A. Um ano antes eu estava sem jogar bola e falei para os meus amigos que ia subir o time para a primeira divisão. Falaram: ‘Você é louco, está desempregado’. Deus é tão bom que no dia do retorno eu estava presente”, definiu Elias. 

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