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Saiba a tática do Flu para evitar ser o 'inimigo nº1 do futebol brasileiro'

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/04/2014 06h04

Além dos rivais no campo, o Fluminense começou 2014 com um adversário desafiador fora dos gramados: a missão de evitar se tornar o ‘inimigo número 1 do futebol brasileiro’ após ter sido o principal beneficiado com a punição de Flamengo e Portuguesa no último Campeonato Brasileiro e o consequente rebaixamento do time paulista, mesmo sem ter nenhum envolvimento com as escalações irregulares de ambas as equipes.

Beneficiário, o Fluminense se viu atacado por torcedores rivais e até mesmo casos de violências nas ruas contra tricolores sobre os quais até mesmo presidente Peter Siemsen chegou a se manifestar, e reprovar, publicamente. Nem mesmo a opinião de que a decisão tomada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que manteve o time na primeira divisão está correta afasta o clube da sensação de que sua imagem saiu arranhada do episódio.

“Evidentemente que o fato todo, inclusive o desempenho sofrível do Fluminense em campo em 2013, já tinha criado um problema na imagem. Foi a primeira vez que um time campeão poderia ser rebaixado. Isso criou um riscado na imagem. Depois, o episódio da ida à segunda divisão e a disputa no STJD prejudicou ainda mais nossa imagem”, admitiu o assessor da presidência do Fluminense e responsável pela comunicação, Jackson Vasconcellos.

Antes diretor geral executivo, Jackson hoje é o responsável pela comunicação institucional do Fluminense. Nas suas mãos está justamente a estratégia do Fluminense para não ficar como marcado como inimigo do futebol nacional. A tática é mostrar o contrário, que o Tricolor defende justamente o cumprimento das regras e o bom funcionamento das competições.

“O que fizemos desde o início: um trabalho intensivo de esclarecimento do que estava acontecendo. Por isso, o Mário Bittencourt [advogado do Fluminense] entrou como porta-voz nessa situação. Foi uma decisão estratégica, por ser uma questão jurídica. É preciso que explicássemos ao excesso o que estava acontecendo. Depois, o presidente deu apoio direto ao torcedor. É uma linha de esclarecimento e apoio ao tricolor. Acho que tem dado certo”, avaliou Jackson.

Enquanto o Fluminense tenta frear as críticas ao seu posicionamento durante a disputa judicial com o maior número de informações e explicações possíveis através de seu departamento jurídico, o marketing do clube busca se alimentar dessa rivalidade ampliada com os torcedores rivais para unir os tricolores.

Sem tocar diretamente no assunto, o marketing do Fluminense tenta aglutinar torcedores em torno da causa. Hoje, são raros os tricolores que não defendem com afinco os argumentos usados pela diretoria durante os julgamentos de Portuguesa e Flamengo. Agora, a missão do departamento é renovar a imagem de time vitorioso que era mantida até o ano passado, já que o clube foi duas vezes campeão (2010 e 2012) em três anos antes do fiasco de 2013.

“O que temos que trabalhar muito agora é uma nova imagem para 2014. Precisamos ter imagem novamente de um time forte, guerreiro, essa que ganhamos em 2009 [ano em que o Tricolor escapou do rebaixamento quase certo]. A grande questão do torcedor hoje é ter um time envolvido com a camisa. Perder em campo faz parte, mas jogar displicentemente, não. O torcedor tem essa percepção. Temos que recriar essa imagem de time guerreiro”, explicou Jackson.

A forma pragmática com a qual o Fluminense trata sua postura pública em relação à disputa no STJD, no entanto, causa insatisfação dentro do próprio clube. Um dos motivos de maior divisão interna nas Laranjeiras é justamente a linha de comunicação adotada até aqui. Aliados mais radicais do presidente Peter Siemsen cobram até mesmo a demissão de Jackson Vasconcellos.

“Vejo com naturalidade as críticas, pois são torcedores. O torcedor tem uma reação mais apaixonada. Quem tem a responsabilidade não pode fazer. O torcedor muda muito de opinião, não posso transferir esse sentimento para a comunicação. Não posso fazer isso para ser desleal com quem usa a comunicação como fonte. O que ela critica é que ela quer que os canais sejam de comunicação do torcedor, e não do clube. Se for assim, tem que ser outro o viés, realmente. Mas assim não estaria comunicando. Não pode entregar a linha de comunicação à paixão da torcida”, ponderou Vasconcellos.

Se a recuperação da imagem é motivo de planejamento, as provocações de rivais e um possível ambiente hostil não preocupam muito o clube. Para o Tricolor, as reações contrárias de torcedores são naturais por conta da rivalidade e as críticas não influenciam questões como arbitragem, por exemplo. 

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