Reforma do Engenhão está 5 meses atrasada e reabertura sofre adiamento
Bernardo Gentille e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
26/03/2014 06h07
O fechamento do Engenhão completa nesta quarta-feira seu primeiro aniversário. O estádio, inaugurado em 2007, está interditado desde março do ano passado para uma reforma necessária por problemas apresentados em sua cobertura. Problemas esses, inclusive, que ainda estão longe de serem resolvidos. A obra já está pelo menos cinco meses atrasada e reabertura foi adiada em cerca de sete meses.
Após uma previsão inicial de finalização das obras para o fim de 2014, a prefeitura havia sinalizado com a possibilidade de reabrir o estádio para o início do Campeonato Brasileiro mesmo com as obras ainda em andamento. O Botafogo ficou bastante animado com a possibilidade, mas a adminstração municipal voltou atrás e destruiu o sonho da diretorial alvinegra em adiantar a reinauguração do Engenhão.
Agora, de acordo com a Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização do Rio de Janeiro), o Engenhão só deve voltar a receber uma partida de futebol ou qualquer outro evento no final deste ano.
Essa promessa não será cumprida, assim como o cronograma original de reforma do Engenhão também não é seguido à risca. Em julho de 2013, Riourbe e Consórcio Engenhão (grupo de empresas que construiu o estádio) apresentaram um plano para as obras na cobertura defeituosa. O documento previa, entre outras coisas, que a montagem das gruas para o trabalho terminasse em outubro do ano passado, mas até o momento apenas duas das quatro gruas necessárias foram instaladas.
O trabalho de escoramento da cobertura também deveria estar concluído desde outubro, segundo o cronograma original da obra. A Riourbe informou em nota divulgada nesta semana que ainda está sendo executada a montagem das 34 torres que farão a sustentação do teto do estádio enquanto sua estrutura estiver passando por reparos.
Nesta mesma nota, apesar dos atrasos evidentes, a Riourbe declarou que "as obras de reforma da cobertura do Estado Olímpico João Havelange seguem o cronograma previsto".
Segundo a Riourbe, o cronograma que o próprio Consórcio Engenhão apresentou foi alterado. Ela não informou quais mudanças foram feitas nem divulgou o novo plano de obras. O prazo da conclusão da reforma, porém, foi mantido nesse suposto novo cronograma: fim de 2014.
Em julho de 2013, a empresa municipal havia anunciado que o estádio seria reaberto ainda em obras. Porém, não é isso que ocorrerá já que este plano mudou. Por isso, a reinauguração foi adiada. Procurado pelo UOL Esporte, o Botafogo disse que não irá se manifestar sobre a situação do Engenhão.
Risco de desabamento
O Engenhão foi interditado após estudos encomendados prefeitura e o Consórcio Engenhão apontarem que falhas na cobertura do estádio poderiam causar o desabamento da estrutura. Uma empresa alemã, a SBP, concluiu que a cobertura poderia cair caso fosse exposta a ventos de mais de 63 km/h. Por isso, então, o próprio prefeito Eduardo Paes determinou o fechamento do estádio.
O Consórcio Engenhão, então, apresentou a Riourbe um projeto de reforma do estádio. Como o espaço ainda estava em seu "prazo de garantia", o grupo de empresas (formado pela Odebrecht e a OAS) comprometeu-se em consertar o teto por sua própria conta, sem qualquer custo para os cofres públicos.
As empresas nunca divulgaram quanto estão gastando com a obra. Procuradas, disseram que o orçamento está em elaboração.
A construção do Engenhão custou R$ 380 milhões aos cofres públicos. Começou em 2003 e terminou dias antes do início dos Jogos Pan-americanos sediados pelo Rio de Janeiro.
O estádio, aliás, foi a principal obra feita no Rio para o Pan de 2007. Durante o evento, o local recebeu jogos de futebol, além de quase todas as provas do atletismo.
Desde de sua construção, o Engenhão está envolto em polêmica. Inicialmente, a obra deveria custar R$ 60 milhões e seria tocada por um outro grupo de empresas, o Consórcio Racional-Delta-Recoma.
O consórcio abandonou o projeto durante sua execução dando lugar a Odebrecht e OAS, que assumiram e concluíram o estádio. As empresas estão processando o Consórcio Racional-Delta-Recoma para cobrar dele o que estão gastando com a reforma, pois acreditamque o erro foi de projeto e não de execução.
MARCONDES BRITO: "REFORMA DO ENGENHÃO SEGUE NO RITMO BRASIL"