Tite erra passes e reclama do técnico em pelada descontraída com operários
Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
07/05/2013 16h14
Tite viveu um dia de caça. Acostumado ao papel do técnico que critica, orienta e dá ordens aos jogadores em campo, o comandante corintiano pôde, nesta terça, relembrar seus tempos de meia profissional em uma pelada que confrontou a comissão técnica alvinegra e um grupo de operários da obra do Itaquerão. Em campo, ele sofreu com a juventude dos rivais, teve seus momentos de brilho e deixou o campo “irritado” com o treinador de seu time.
“Não foi só o técnico, o problema foi o preparador físico também, que não me colocou em condições”, brincou Tite, imitando as respostas polêmicas dos jogadores à beira do gramado.
Mais que um simples participante, o treinador foi a justificativa para o encontro. No ano passado, em uma visita à obra do estádio, Tite prometeu a realização da partida amistosa, que movimentou o CT Joaquim Grava nesta terça.
Sua participação em campo, porém, foi bem discreta. Ex-meia com passagens por Guarani, Portuguesa, Caxias e outras equipes, Tite ainda se movimenta com dificuldade por conta das seguidas lesões que teve nos joelhos e que o forçaram a antecipar a aposentadoria.
Por isso, ele caminhou na maior parte do tempo, sempre alternando nas funções de meia e volante. Em seus primeiros toques na bola, dois passes errados que tirariam a calma do técnico Tite. Pouco depois, de longe, ele viu o time dos operários marcar seu primeiro gol em uma bola aérea. A comissão técnica corintiana, no entanto, alegou impedimento no lance e pediu a anulação, atendida.
Na sequência, o time rival revidou e se recusou a conceder um lateral para a equipe de Tite, que tomou as dores. “Ele [técnico do time dos operários] falou: ‘Deu impedimento lá então não vamos dar o lateral aqui’. Eu disse: ‘Não parceiro, vamos fazer o seguinte então. Vamos botar um árbitro’. Senão fica esse ‘errou aqui, troca o erro de lá’ e vai ficar 0 a 0”, explicou Tite.
Um dos operários da obra prontificou-se a servir de juiz e logo atrapalhou seus colegas. Quando o jogo já estava 1 a 0 para o time do Itaquerão (dessa vez com um gol validado), a comissão técnica empatou com uma cobrança de falta de Fábio Carille, assistente de Tite.
O detalhe é que a suposta falta, na verdade, não aconteceu. “O gol saiu naquela bundada do Mauro, né?”, brincou Tite, após o jogo. Mauro Aparecido “Van Basten”, observador do Corinthians, estava no ataque quando tentou proteger uma bola com o corpo, pediu uma falta inexistente e foi atendido pelo árbitro.
Nada que definisse o jogo a favor da comissão técnica. Tite, a essa altura, participava pouco do jogo, mas teve seu momento de brilho ao deixar Guilherme Prado, assessor de imprensa do clube, na cara do gol. O chute foi defendido pelo goleiro, mas a jogada foi a que mais animou o treinador alvinegro.
“Meu futebol está mais na cabeça, o corpo perdeu um pouco. Uma eu deixei o Gui na cara do gol aqui, mas as outras não deu, o garoto mais jovem vinha e roubava”, disse ele.
A lua de mel com Guilherme durou pouco. No segundo tempo, o assessor foi “promovido” a técnico da equipe. Já cansado, Tite tentou uma tabela no ataque, não recebeu de volta e deixou o gramado agitando os braços, lembrando os jogadores que se irritam ao serem substituídos. “Na verdade, eu estava reclamando que ele demorou para me tirar”, disse ele, aos risos.
No fim, o saldo foi negativo para a comissão técnica. Apesar da diversão, a equipe perdeu a pelada por 3 a 1. Tite não gostou muito de seu desempenho. “Eu me escalaria no time daqueles que têm mais de 50”, definiu.