Pelaipe revela conselhos de Zico, foge de polêmicas e mostra lado 'zen' no Flamengo
Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro
01/03/2013 06h10
Com pouco mais de dois meses na direção do departamento de futebol do Flamengo, Paulo Pelaipe começa a entender a importância de comandar o principal departamento do clube de maior torcida do Brasil. E para não falhar em seus primeiros passos no Rio de Janeiro, o executivo gaúcho escolheu um conselheiro de peso para orientá-lo: o ídolo rubro-negro Zico.
Em conversa com a reportagem do UOL Esporte, o dirigente fez um balanço do início de seu trabalho, revelou as conversas com o ídolo rubro-negro e mostrou um lado “zen” até então desconhecido, fugindo de polêmicas e evitando falar de problemas do passado.
“Acredito que estamos cumprindo o que estabelecemos, mas a fase de classificação da Taça Guanabara é apenas uma pequena parte do que pretendemos. Em pouco mais de dois meses, acho que o grande trabalho foi fora de campo. Estabelecemos uma data para quitar as dívidas antigas com os jogadores e cumprimos isso até antes do previsto. Com isso, temos um grupo feliz e motivado”, ressaltou Pelaipe, antes de explicar a relação de Zico no trabalho.
“Ele colabora mais de longe. Já nos falamos algumas vezes desde que comecei a trabalhar no Flamengo. O Zico é um cara sensacional, fora de série, e que está sempre disposto a nos ajudar. Nestes últimos dias, evitei perturbá-lo até por conta do aniversário [próximo domingo, dia 3], mas voltaremos a nos falar em breve”, disse o cartola.
O assunto das conversas, porém, Paulo Pelaipe evita comentar. “Trocamos muitas ideias. Ele é sempre muito solícito, me atende, ou até me liga, dá conselhos e orienta bastante. É um cara que conhece bem o clube e ajuda muito. Mas não posso falar exatamente o teor da conversa. Isso é segredo, coisa interna, não podemos falar para vocês [imprensa]”, brincou.
Pouco conhecido no Rio de Janeiro, Pelaipe só era lembrado entre os cariocas pela confusão envolvendo uma acusação de racismo no final de 2012, durante partida do Grêmio, seu ex-clube, no Engenhão. O lado polêmico, porém, é deixado para trás pelo cartola.
Fla repete campanha invicta de 2011 sem estrelas e com redução de R$ 3 mi
Com sete vitórias e apenas um empate em oito jogos, o Flamengo anima sua torcida, que já sonha com a conquista da Taça Guanabara e, posteriormente, do Campeonato Carioca. E o desejo dos rubro-negros não acontece por acaso. A última vez que o time iniciou a temporada de maneira tão eficiente o resultado foi o título do Estadual de 2011, o último troféu do clube da Gávea.Em 2013, o caminho começa a ser trilhado da mesma maneira, mas com algumas diferenças consideráveis e, principalmente, fundamentais para a combalida saúde financeira do rubro-negro. Com um elenco mais modesto, sem estrelas de altos vencimentos, como Ronaldinho Gaúcho, o Flamengo pode conseguir os mesmos bons resultados com um custo reduzido em cerca de R$ 3 milhões (leia esta matéria completa) |
“Isso ganhou uma proporção muito grande sem necessidade. Não sou assim. Houve uma confusão com um funcionário do estádio por uma expressão que usei. Acontece que lá em Porto Alegre a palavra é muito usada, e aqui tem outro sentido. Sou um cara bem tranquilo, apesar de muitas coisas que falam”, argumentou Pelaipe.
E mesmo tentando mostrar um lado mais tranquilo, o diretor repete insistentemente que não abre mão da hierarquia no ambiente de trabalho. “Trato a todos bem, mas tenho que me impor. Gosto de me fazer presente e estabelecer algumas coisas. É preciso que se respeite uma hierarquia no departamento, e eu peço que respeitem isso. Mas não tem nada de grosseria ou algo do gênero. Sou muito tranquilo e bastante amigo dos atletas. Converso com cada um, oriento, procuro ajudar. E os jogadores reconhecem isso”, amenizou o diretor executivo.
Lazer e religião fora de pauta
Enquanto no trabalho tudo ocorre conforme o planejado, fora do Flamengo Paulo Pelaipe ainda não conseguiu fazer algumas coisas que gostaria no Rio de Janeiro. Ocupado praticamente 24 horas por dia com o rubro-negro, o cartola lamenta não conseguir curtir as opções de lazer da cidade e, principalmente, frequentar as missas de domingo.
“O máximo de lazer que tenho é sair para jantar. Não consigo fazer nada além disso. E outra coisa que sinto muita falta é minha missa aos domingos. Sempre fui, mas está complicado aqui no Rio. Vou esperar minha mulher chegar [em março] para resolver esse problema. Preciso voltar à igreja”, frisou.
Com a retomada da rotina religiosa em breve, Paulo Pelaipe espera que o trabalho seja abençoado com a conquista de um título. “Futebol é resultado. Precisamos, sim, de um título. O Flamengo é um time enorme, e precisamos retribuir o apoio e carinho dos mais de 40 milhões de torcedores. Um clube precisa disso para sobreviver”, alertou.