Croatas usam faixa lembrando massacre para hostilizar goleiro do Canadá
Do UOL, em São Paulo
27/11/2022 20h04
Classificação e Jogos
Os quatro gols sofridos na vitória da Croácia sobre o Canadá, hoje (27), pela Copa do Mundo 2022, não foram os únicos problemas do goleiro Milan Borjan neste domingo.
Além da derrota e da eliminação canadense, o veterano de 35 anos foi hostilizado na partida da segunda rodada do Grupo F. Torcedores croatas xingaram o goleiro e sua família nas arquibancadas do estádio Khalifa International e exibiram uma faixa para provocar diretamente o jogador, com alusão a um massacre que aconteceu em 1995.
O motivo envolve questões políticas. Milan Borjan nasceu em 1987 na cidade croata de Knin, mas já afirmou algumas vezes que é natural da República Sérvia de Krajina, que em 1991 se proclamou independente da Croácia em meio ao fim da Iugoslávia. Ou seja, o goleiro do Estrela Vermelha, clube da Sérvia, não se reconhece croata.
Com esse contexto histórico, os torcedores croatas hostilizaram o goleiro lembrando a "Operação Tempestade", um episódio que expulsou da região mais de 250 mil sérvios e deixou mais de duas mil pessoas mortas em 1995.
De etnia sérvia, Borjan fugiu da região com os pais justamente neste massacre. Primeiro, ele foi com a família para Belgrado; depois, mudou-se para o Canadá.
A bandeira exibida no estádio da Copa, neste domingo, dizia "Knin 1995: nada corre como Borjan", citando o fato de que o goleiro deixou o país fugido.
Além disso, a faixa cita a "John Deere", uma empresa mundial de tratores, porque, no massacre, os sérvios deixaram a região usando justamente tratores.