Espanha vai se reconstruir sem pilares ou técnico e com tiki-taka criticado
Rodrigo Mattos
Do UOL, em Moscou
02/07/2018 04h00
Não foi só uma eliminação dolorida nas oitavas de final: a Espanha acaba sua Copa do Mundo sem pilares de sua seleção, sem um técnico definido e sob críticas em relação ao seu estilo de jogo. Será necessário ao time campeão em 2010 rever tudo que tem sido feito, já que a equipe daquele título praticamente se desfaz. E há uma dificuldade entre os espanhóis de entender os questionamentos ao seu modelo de futebol.
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Primeiro, o time perde Iniesta e provavelmente Piqué para o próximo ciclo. Segundo, o técnico Fernando Hierro, que substituiu Julen Lopetegui às vésperas do Mundial, não deve ficar no cargo. "Esse é um debate que obviamente sendo eliminados não cabe agora. Vamos esperar uma semana. Agradeço sua dedicação, Hierro, seu profissionalismo. Em uma semana, começaremos a trabalhar", afirmou o presidente da Federação Espanhol, Luis Rubiales.
O cartola achou a atuação do time bem superior à da Rússia, mas não quis falar sobre a campanha do Mundial. Um dos candidatos a substituir Hierro é o ex-jogador Michel, que tem uma história dentro da seleção, e teve bom desempenho com alguns times no campeonato local, como Rayo Vallecano, Getafe e Malaga. Ele está desempregado desde janeiro de 2018.
Rubiales também vai ter que lidar com problemas surgidos no grupo por conta da demissão de Lopetegui, contratado pelo Real Madrid às vésperas do Mundial. A informação de jornais espanhóis que houve divisão de opinião entre os jogadores de Barcelona e Real Madrid sobre o assunto. Mesmo eliminado, Rubiales não se arrepende da decisão.
Um dos que devem ficar como pilares para a reconstrução do time é Sergio Ramos, o capitão da seleção. "São jogadores que marcaram por muitos anos. Mas há gente que sobe pisando forte, as seleções têm mudanças de gerações. É bom que tenhamos jogadores das divisões de base para promover. Gostaria de seguir porque saio frustrado desse Mundial. Me vejo obrigado a ir ao Qatar com a barba branca", disse.
A maior discussão, para além de nomes, é se a Espanha deve se manter fiel ao seu estilo tiki-taka, consagrado no Barcelona e adotado na seleção. De saída, Iniesta entende que é o caminho que levou êxito ao time. Mas os mais de mil passes em um jogo de poucas conclusões e uma eliminação geram muitas críticas a esse modelo. Resta saber que tipo de ajustes serão feitos pelo futuro treinador.