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Carta para um camisa 10

Neymar acena para a imprensa durante desembarque Imagem: Nelson Almeira / AFP
Renato Mauricio Prado

16/06/2018 16h14

Chegou a hora, Neymar. Começa amanhã aquela que pode ser a Copa da redenção do futebol brasileiro, após a maior humilhação de sua história: a trágica goleada de 7 a 1 diante da Alemanha, em pleno Mundial disputado em casa. De lá pra cá, muita coisa mudou. Inclusive na sua carreira. Que pode ter na Rússia o momento mais brilhante até agora.

Esqueça, por favor, aquela obsessão em ser eleito o melhor jogador do planeta. Muito mais importante que isso, neste momento, é ser campeão do mundo, coisa que, você sabe, dificilmente Cristiano Ronaldo (apesar da estreia gloriosa) e Lionel Messi (que estreia desastrosa!) serão. Levantando o caneco, tudo será mais fácil daqui pra frente. Inclusive a eleição de melhor jogador, neste ou nos próximos anos.

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Sabemos que você ainda não está cem por cento fisicamente. Normal, diante da fratura que sofreu e da cirurgia a que teve que ser submetido. É mais um motivo para, nestes primeiros jogos, atuar com inteligência, tocando mais a bola, buscando mais as tabelas e evitando aquelas arrancadas que, na maioria das vezes, acabam numa bordoada. Em você! Olha o pé operado, moleque!

O jogo com a Suíça deve ser nervoso. Estreias sempre são. Olha como sofreram uruguaios, franceses e argentinos. Não tente resolver tudo sozinho. Embora você seja o melhor, o craque e a estrela da companhia, ao seu lado estarão vários jogadores extremamente talentosos, como Phillippe Coutinho, Gabriel Jesus, Willian e Marcelo. Jogue com eles.

Digo mais, presta atenção: nem todas as bolas precisam passar pelos seus pés. Chamar a marcação e abrir espaço, muitas vezes, poder ser tão ou mais importante que dar um passe – vá no YouTube e veja o que fez Toninho Cerezo, no lance do belíssimo segundo gol de Falcão, contra a Itália. A sua seleção, aliás, se assemelha muito com aquela já lendária, de 82. Tomara que tenha mais sorte.

Não precisa se preocupar demasiadamente em fazer gols em todos os jogos, como Jairzinho, em 1970. Com o seu talento e o seu faro de artilheiro, naturalmente, você balançará as redes várias vezes nesse Mundial. Relaxe e apenas jogue bola. Como em seus tempos de menino. Como na base e nos primeiros anos no Santos. Divirta-se com sua mais fiel companheira. E, por fim, seja feliz em campo. E nos faça a todos, brasileiros, felizes fora dele. Boa sorte, amanhã!

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