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Mestre brasileiro e sombra de Simeone: as "outras vidas" de Mascherano

Imagem: Futebol Portenho

Tales Torraga

Colaboração para o UOL

13/04/2016 06h00

A cena vai se repetir nesta quarta-feira, como ocorre há 13 anos. Mascherano luta, desarma e é aplaudido. Desta vez, no Vicente Calderón, em Madri, às 15h45, no Atlético de Madri x Barcelona que decide as quartas de final da Liga dos Campeões.

Tal sequência varre hoje os gramados graças ao olho clínico de um brasileiro. Foi um paulista, Vladém Lázaro Ruiz Quevedo, o Delém, o responsável por revelar Mascherano ao mundo.

Javier trocou Rosário por Buenos Aires aos 15 anos. Delém, então com 64, o acolheu nas canteras do River Plate e o ajudou a evoluir - a ponto de estrear primeiro na seleção profissional e depois no clube. Era 2003. Mascherano tinha 19 anos. Hoje tem mais partidas pela seleção argentina (122) que pelo River (71).

A lista de jogadores revelados por Delém no River é gigante. Começa nos anos 70 - Beto Alonso - e atravessa os anos 90 e 2000: Ortega, Falcao García, Gonzalo Higuaín, Almeyda, Gallardo, Crespo, Aimar, Saviola, D’Alessandro, Solari, Cavenaghi e o goleiro Carrizo são seus pupilos.

Jogador do River de 1961 a 1968, Delém viveu em Buenos Aires de 1980 até 2007, quando morreu ao sofrer um enfarto.

Sua atuação na base contrasta com a modesta contribuição dos jogadores brasileiros nas canchas argentinas, onde Delém também historicamente se destaca ao lado de Domingos da Guia, Paulo Valentim, Maurinho, Orlando Peçanha, Silas e Iarley.

Seu currículo de caça-talentos guarda um grande asterisco. É atribuída a ele a responsabilidade pelo River não contratar Messi. “Como ele há vários aqui”, Delém teria dito ao analisar Lionel com 12 anos.

Isso é passado. No presente, seu discípulos veste com louvor a 14 do Barcelona justamente quando o clube vive o luto e o legado de quem mais brilhou com o número, o holandês Johan Cruyff.

A ascendência de Mascherano no estrelado Barcelona transcende os jogos. Na Europa ele é tratado como o líder do clube no vestiário. Messi comanda o time em campo - nas entranhas Mascherano faz o mesmo, ocupando a função que antes era de Xavi Hernández. 

O jornal catalão “Sport” revelou na segunda-feira o papo motivador de Mascherano com os colegas depois da derrota de sábado para o Real Sociedad: “Vai ser uma guerra de bestas, mas vamos ganhar do Atlético”.

Imagem: Reprodução/Sport
Guerra, sem dúvida será, com Mascherano distribuindo carrinhos nos comandados de Diego Simeone, seu antepassado na seleção.

Suas carreiras se cruzam. Em 2004 e 2005, duelaram com camisas opostas. Mascherano despontava no River. Simeone dava as últimas pegadas pelo Racing.

Simeone jogou 106 vezes pela Argentina entre 1988 e 2002 - no último Mundial que atuou, o da Ásia, Mascherano era seu sparring.
Em poucos anos - cinco no máximo - Javier quer repetir o sucesso de Diego como técnico. Sonha em comandar o River. Onde só foi parar graças à atenção e generosidade do brasileiro Delém.

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