Corinthians pensa em maneira discreta de doar renda para família de Kevin

O Corinthians tem a intenção de doar a renda da bilheteria de uma partida do clube para a família do boliviano Kevin Espada, 14 anos, morto por um sinalizador atirado por torcedores corintianos no jogo contra o San José. O clube discute internamente como entrará em contato com os familiares do jovem para viabilizar a doação. A ideia é que a renda seja de um jogo da Libertadores, já que agora o time poderá receber sua torcida no Pacaembu.

O UOL Esporte apurou que o anúncio oficial só não foi feito ainda porque o clube quer manter discrição para que o ato não seja confundido com demagogia ou oportunismo. O clube está tomando todas as cautelas para que a família do rapaz não seja exposta. A possibilidade de eles virem ao Brasil receber a doação é descartada. Por isso, esperar o julgamento da Conmebol era crucial.

“Doar não importaria em reconhecimento de responsabilidade. O Corinthians não queria fazer isso antes para não parecer demagogia, para não parecer pressão para mudar a decisão [da Conmebol]. Agora que a decisão já foi tomada, tudo bem”, afirmou ao UOL Esporte Luiz Felipe Santoro, advogado do clube, ainda sem confirmar a doação.

Em entrevista à Folha de S. Paulo no início desta semana, Limbert e Carola, os pais de Kevin, disseram que ninguém do Corinthians havia entrado em contato com eles até o momento. Agora, passado o julgamento da Conmebol , eles devem ser contatados por um representante do clube nos próximos dias.

Em julgamento realizado nesta quinta, a Conmebol decidiu que o Corinthians poderá voltar a jogar com portões abertos em casa, mas não poderá contar com sua torcida nas partidas como visitante durante 18 meses. A medida vale para todas as competições organizadas pela Conmebol, como a Libertadores e a Recopa Sul-Americana.

Além disso, o time foi multado pela entidade em R$ 391 mil (aproximadamente US$ 200 mil). O jurídico do clube promete recorrer da decisão que bane sua torcida em estádios como visitante durante esse período. O Corinthians irá receber uma decisão fundamentada da Conmebol, explicando os motivos da punição. A partir daí, o clube terá sete dias para recorrer na Câmara de Apelações da entidade.

O julgamento foi um desdobramento da morte do jovem Kevin, de 14 anos, que morreu atingido por um sinalizador de navio atirado por torcedores corintianos que assistiam ao empate por 1 a 1 com o San Jose, na Bolívia, dia 20 de fevereiro. O clube brasileiro, no entanto, não foi denunciado pela morte, e sim pelo uso do sinalizador, infração prevista no regulamento da Libertadores.