Azar no jogo, sorte na Justiça? Sucesso em tribunais alivia ano palmeirense
José Edgar de Matos
Do UOL, em São Paulo (SP)
11/10/2017 04h00
Em uma temporada ainda sem títulos e frustrante pelos resultados em campo, o Palmeiras colecionou vitórias fora das quatro linhas, mais precisamente nos tribunais. No ano de 2017, o departamento jurídico do clube somou triunfos importantes que aliviaram o peso do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) durante a campanha do time na Série A.
Não fosse esse sucesso jurídico, o técnico Cuca, por exemplo, poderia perder Willian por até 12 partidas pelo pisão nas partes íntimas do atleticano Valdivia. O artilheiro da equipe no ano com 15 gols, no entanto, recebeu apenas um jogo de castigo e viu se encerrar o risco de ser afastado por quase todo o restante da temporada.
A outra vitória recente que simboliza o alívio em relação ao tribunal ocorreu na semana passada. Por uma confusão com a torcida do Sport, palmeirenses foram inicialmente punidos com 14 jogos fora dos estádios pela comissão disciplinar do tribunal. No julgamento definitivo, porém, o departamento jurídico transferiu o peso esportivo para o criminal, e o clube vai contar normalmente com o seu público.
A situação é muito diferente do que aconteceu no ano passado, quando o STJD pesou sobre a torcida palmeirense. Na campanha do título brasileiro, um confronto com flamenguistas em Brasília fez a principal organizada do clube ficar afastada por dez jogos (cinco em casa e cinco fora), justamente quando o time de Cuca se firmava como principal postulante ao título nacional. "No afã de querer melhorar o futebol, o STJD tentou achar uma solução, mas está mais do que comprovado que não é a solução. (...) Gostaria que eles fizessem só um mea culpa e chegassem à conclusão que esta punição não foi eficaz", reclamou, na época, o então presidente Paulo Nobre.
Ponto punido. Celular absolvido
A comparação 2016 e 2017 também atinge a comissão técnica de Cuca. O treinador, no ano passado, foi punido por dois jogos pela utilização de um ponto eletrônico – depois, no pleno, o Palmeiras reduziu para um.
Na atual temporada, Cuquinha, irmão e auxiliar do treinador palmeirense, acabou enquadrado pelo tribunal por usar um celular no banco de reservas. O clube nem precisou recorrer ao pleno, pois os auditores optaram pela absolvição.
Absolvições de Tchê Tchê e Vitor Hugo
Outros dois casos são representativos para mostrar o peso que o departamento jurídico tirou dos tribunais. Ainda no Campeonato Paulista, competição sob jurisdição do TJD-SP, Vitor Hugo agrediu o corintiano Pablo com uma cotovelada no clássico disputado entre as duas equipes.
Assim como Willian, o defensor, hoje na Fiorentina, foi autuado por agressão, mas teve a pena desqualificada para jogada violenta. Foram duas partidas de castigo para Vitor Hugo, que também completou a punição com ações comunitárias determinadas pelo tribunal.
Já no Campeonato Brasileiro, Tchê Tchê recebeu cartão vermelho contra a Ponte Preta após entrevero com Renato Cajá. O ponte-pretano pegou dois jogos de suspensão, enquanto o meio-campista palmeirense acabou absolvido – e liberado, na época, para defender o atual campeão nacional no clássico contra o Corinthians.
Relembre outras vitórias palmeirenses no tribunal em 2017
Felipe Melo
O clube conseguiu desqualificar uma acusação de “ofensa à honra”, após Felipe Melo acusar o árbitro de Cruzeiro x Palmeiras, pela Copa do Brasil, de ser “caseiro”, para “conduta contrária à disciplina”. De um mínimo de quatro partidas, o “Ousado” recebeu apenas um jogo de suspensão.
Copa Libertadores
Talvez o triunfo mais significativo veio longe da esfera do STJD. Felipe Melo, pela confusão com jogadores do Peñarol, recebeu o duro castigo de seis jogos fora na Copa Libertadores. A pena, após a apelação, caiu para apenas três partidas.
Justiça comum
O Palmeiras ainda colecionou vitórias fora da esfera esportiva no caso da divisão dos direitos federativos de Gabriel Jesus; contra o investidor Osorio Furlán (Valdivia); e Gilmar Rinaldi (comissão na venda de Vagner Love).